Análises, Cinema

Last Night in Soho – Análise

Last Night in Soho, o mais recente filme de Edgar Wright, chegou na passada quinta-feira às salas de cinema. Last Night in Soho, é um obra saída da inspiração de Edgar Wright (realizador britânico, criador de uma das trilogia mais conceituadas de comédia, estamos a referir Three Flavours Cornetto Trilogy, que estão enquadrados os filmes: Shaun of the Dead, Hot Fuzz e The World’s End. Para além destes títulos, também é conhecido pelo seu trabalho em Scott Pilgrim vs. the World, Baby Driver ou como argumentista em Ant-Man), que é o próprio realizador, produtor, argumentista, e criador desta estória, que tem como premissa a luta de uma jovem no Mundo da moda como estilista, com entraves em viagens pelo passado.

Este thriller de terror psicológico, possui um elenco jovem com muito talentoso, desde a protagonista Thomasin McKenzie (uma jovem atriz australiana, que está em ascensão com interpretações em longas-metragens como: The Hobbit: The Battle of the Five Armies, The King, Jojo Rabbit, e ainda num outro filme que irá estrear este ano, The Power of the Dog), Anya Taylor-Joy (uma atriz que desempenhou brilhantes papeis em The Witch, Split e Emma, e ficou recentemente mais reconhecida pela sua interpretação nas séries Peaky Blinders e The Queen’s Gambit), Matt Smith (famoso ator britanico, principalmente devido a sua interpretação na série Doctor Who, como 11º Doctor, mas também mais recentemente com a série The Crown), Terence Stamp (veterano ator britanico, reconhecido por inumeras interpretações, em série e/ou filmes tais como: Superman: The Movie, Wall Street, Star Wars Episode I: The Phantom Menace, Wanted, Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children, Viking Destiny, ou na série Smallville). Entre outros atores, tais como, Diana Rigg (para pena de muitos fãs de cinema, está é a sua última interpretação), Jessie Mei Li, Sam Claflin, etc..

O Mundo de Londres…

Last Night in Soho, conta a estória de uma jovem artista, Eloise Turner (Thomasin McKenzie), que anseia em tornar uma grande designer de roupa, sendo a sua fonte de inspiração os anos 60, onde foca todo o seu trabalho nas recriações e reinvenções dos estilos dessa época.

Mas Eloise, não é apenas uma mera artista, ela tem um dom peculiar, que lhe permite ver a sua falecida mãe, e só pensa em a deixar orgulhosa dos seus feitos. Vivendo numa terra rústica no sul de Inglaterra, mais propriamente em Redruth, Cornwall, certo dia recebe uma carta, com a indicação que ela (ou Ellie como gosta de ser chamada) foi admitida numa prestigiada escola de moda, a London College of Fashion.

Contudo, esta mudança não aparenta ser tão fácil como Ellie esperava, pois a sua aparência causa estranheza nas suas colegas, principalmente na sua companheira de quarto Jocasta (Synnøve Karlsen), que aproveita todos os momentos para fazer troça de Ellie.

Apesar de todos estes entraves, a nossa protagonista, tenta se integrar no grupo dos seus colegas de estudo, mas é algo muito complicado, pois estes têm ritmos e estilos de vida completamente diferentes da jovem artística, que apenas quer estar no seu canto a criar e recriar a sua linha de moda, inspirada nos anos 60.

Farta de tudo, Ellie desiste do quarto universitário e enverga pela procura de um quarto para viver enquanto estuda. Após concluir esta tarefa, ela encontra um quarto num subúrbio de Londres, mais propriamente em Soho, mas neste local ela sente-se demasiado “exposta”, pois existe uma atração especial pela jovem artista, especialmente por homens mais velhos.

Apesar deste sentimento, Ellie chega finalmente ao quarto que é alugado por uma senhora de idade, a sua senhoria (Diana Rigg), que lhe impõe algumas regras, das quais: não pode levar rapazes para o seu quarto, não pode fumar, entre outras coisas, tudo aquilo que Ellie não faz. E com este novo quarto, a jovem artista sente-se finalmente em “casa”, acabando por conseguir estar no seu conforto. No relaxar da noite ao som da música proveniente da sua época de eleição, a jovem é “transportada” para um novo Mundo, caindo em Londres nos anos 60, e conhecendo assim, uma jovem artista, Sandie (Anya Taylor-Joy).

Esta relação entre as duas, Sandie e Ellie, acaba por ser um paralelismo, pois ambas têm a ambição de crescer e se tornarem numa estrela, cada uma no seu ramo, são também duas raparigas bastantes bonitas, que não ficam indiferentes aos olhos dos homens que as rodeiam. No caso de Sandie, esta apresenta uma personalidade com mais confiança (algo que falta a Ellie), pois assim que chega a um bar, tenta demonstrar algumas das suas capacidades de forma a manager de músicos lá presentes, reparei nela, acabando por não ficar indiferente a Jack (Matt Smith), um manager de referência nos palcos de Soho.

Mas toda a intriga começa neste preciso ponto, pois numa fase inicial Ellie se “vicia” neste Mundo para qual é transportada, tentando visitá-lo a todos os momentos de forma a se inspirar e assim recriar peças com base naquilo que vê. Para além disto, a jovem protagonista vê em Sandie um ídolo, alguém com quem se identifica e gostava de se tornar, ou adquirir características da sua personalidade, mas este Mundo será mesmo real? ou apenas são sonhos que Ellie assiste enquanto dorme??

Soho…

Last Night in Soho, volta a trazer Edgar Wright, desta vez com um género de thriller ou terror psicológico, que de forma geral é bastante bem conseguido, principalmente devido à capacidade das interpretações, mas também, devido ao mistério que nos vai sendo revelado.

O realizador, conseguiu traduzir bem o estilo e a época dos anos 60, que está maioritariamente presente em toda esta longa-metragem, desde a iluminação, que cria efeitos incríveis (principalmente com os néons) nos momentos certos e de maior tensão; aos designs das roupas, que estão bem enquadrados na época; entre outros aspetos.

A premissa, apesar de ser bastante simples, é focada em diversos pontos atuais, e apela à sensibilidade para o preconceito, mas mais do que isto, a envolvência no mistério entre Sandie e Ellie, que deixa qualquer um preso ao ecrã, assim como toda a metodologia utilizada por Edgar Wright na construção em volta de um antagonismo. E já como é costume neste realizador, ele permite que o público especule as suas próprias teorias, no desenrolar e até ao desfecho da estória.

A nível de interpretações, Last Night in Soho é “carregado nas costas” de Anya Taylor-Joy, mas também, de Terence Stamp, pois ambos têm desempenhos brilhantes. Apesar de existir uma ligação coesa e que funciona bem entre Sandie e Ellie, a interpretação de Thomasin McKenzie fica um pouco aquém do esperado pela personagem, faltando-lhe por vezes presença em certos atos.

A banda sonora, é maravilhosa, transportando-nos facilmente para a época de 60, assim como toda a beleza envolvente dessa época.

Contudo, apesar de todos estes pontos positivos, talvez seja na narrativa que existam alguns problemas, pois a partir de certo momento, ficamos com a impressão que o realizador/argumentista, se perdeu na sua própria estória, ficando sem perceber qual o rumo que queria tomar, e tornando alguns momentos repetitivos. Mas, de forma geral, ele consegue um bom fecho, pode não ser aquele que todos querem ou desejam, porém faz sentido dentro da estória, que o próprio cria e na mensagem que este tenta passar.

Em suma, Last Night in Soho, é um bom filme, com um design peculiar e bastante apelativo, principalmente devido à banda sonora e efeitos inseridos, que conseguem nos transpor na época desejada. De forma geral as interpretações são bastantes boas, sendo que à jovem Thomasin McKenzie ainda lhe falta algo para que assuma uma maior presença em determinadas situações, que a personagem requeria.

Partilhamos, convosco o trailer deste thriller de Edgar Wright

7.0
Score

Pros

  • Premissa simples
  • Interpretação de Anya Taylor-Joy e Terence Stamp
  • Banda sonora
  • Cinematografia
  • Efeitos presentes na construção da época (iluminação, cenários, figurinos, entre outros)

Cons

  • A perda esporádica da direção da narrativa
  • Interpretação de Thomasin McKenzie
  • Sensação passada para os espectadores que a estória teria potencial para mais

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