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Fate: The Winx Saga Temporada 01 – Análise

Quando foi anunciada pela Netflix, Fate: The Winx Saga teve uma recepção controversa. Se por um lado seria interessante ver esta conceituada série animada, Winx Club em live-action, até porque estamos neste momento com alguma falta de conteúdo mais de fantasia em live-action, por outro lado, tanto a série original como as suas bandas desenhadas, estão muito bem estabelecidas. No entanto, a curiosidade em ver a adaptação foi claramente suscitada. A série foi inicialmente pensada por Iginio Straffi, criador da série animada original, e Joanne Lee e outros membros da equipa original de escritores foram consultados e estiveram presentes para escrever esta nova série, mas a equipa responsável por esta adaptação é toda nova. Brian Young (The Vampire Diaries) é o produtor executivo da série, que conta com atores como Abigail Cowan (The Chilling Adventures of Sabrina) no papel de Bloom, Hannah van der Westhuysen como Stella, Precious Mustapha como Aisha, Eliot Salt como Terra, Elisha Applebaum como Musa, Sadie Soverall no papel da vilã Beatrix e Danny Griffin como Sky. Apesar de um elenco jovem, especialmente no mundo do teatro, contamos com muitas boas prestações, que nos fazem conectar com as personagens e querer saber mais sobre as mesmas.

O mundo de Alfea

Fate: The Winx Saga segue a história de Bloom, uma adolescente de 16 anos que está prestes a começar a sua vida em Alfea, a escola das fadas. Contrariamente com  a série animada original, não sabemos bem o porquê de Bloom se encontrar neste local, nem porque está tão confusa, mas eventualmente, com a ajuda de flashbacks durante o primeiro episódio, começamos a perceber.

Bloom de Fate: The Winx Saga da Netflix

Nos primeiros momentos da série, para além de começar a ambientar-nos ao mundo, somos também introduzidos ao elenco. À partida, não estamos à espera de grandes surpresas neste ponto, mas, como qualquer adaptação, coisas foram mudadas. Algumas dessas mudanças já se sabiam, a partir do trailer, como a ausência da Tecna, e a alteração da Flora para Terra. No entanto, todas estas mudanças estão bem implementadas, e ao fim de pouco tempo percebemos que esta história é concisa e, como tal, também o são as suas personagens. Todas servem um propósito na história, mesmo as secundárias e que a história ainda não teve tempo para aprofundar, nota-se que existe um propósito a ser revelado ou aprofundado mais tarde.

Sendo esta uma série de adolescentes, temos algum romance à mistura, mas não é de todo o ponto focal, o que é mais valia, pois uma série de fantasia que acentua demasiado no romance torna-se aborrecida rapidamente.

Um mundo de aparências

Um dos pontos mais fortes, e onde a série realmente brilha e se nota que quem a produziu não o fez apenas por ser uma franquia conhecida, mas que realmente conhece o material original, é o enredo e a construção do mundo. Como já referido, a história é concisa, mas também o mundo está muito bem estruturado, e não nos é explicado tudo de uma só vez, nem nos obriga a perceber coisas sem as explicar, vamos experienciando e aprendendo. A magia faz sentido, e o que vamos sabendo da história não é completamente previsível, especialmente porque este mundo, apesar de baseado em algo já conhecido, é novo, e como tal vamos fazendo as ligações de eventos e personagens conforme a série o quer e não sabemos exactamente o que esperar até as coisas serem reveladas, o que não é o caso com muitas outras histórias neste género. Isto pode ser por esta ser a primeira temporada, e estarem ainda a introduzir conceitos da história que querem contar. Este é um ponto que só poderemos saber melhor com novas temporadas.

Uma das maiores diferenças entre o mundo da série live-action e o da série animada é que as escolas não estão separadas por sexo. Os Especialistas, que em Winx Club são constituído

Beatrix de Fate: The Winx  Saga da Netflix

s apenas por rapazes, não praticantes de magia, aqui são constituídos pelos dois sexos, apesar de continuarem a ser por não praticantes de magia. Da mesma forma, vemos que existem fadas masculinas, como é o caso de Sam, irmão de Terra.

Ainda que o pacing da série seja bom, não sendo demasiado lento a arrancar com a história e ação, nem tão rápido que sentimos que perdemos alguma coisa, por vezes as coisas ocorrem um pouco depressa demais dentro da história, como por exemplo a progressão da utilização da magia pela parte da Bloom, que tão depressa não sabe fazer nada, como no momento a seguir já é experiente como se o estivesse a praticar desde sempre. Isso prende-se um pouco com o tamanho da temporada, mas ainda assim, coisas acontecem no espaço de dias dentro da série que poderiam acontecer em mais tempo, sendo que isso poderia ser demonstrado de formas passivas.

Outra coisa que demonstra a boa narrativa da história, são os seus vilões. A primeira vilã introduzida é Beatrix. Beatrix é um pouco a junção das três vilãs do material original, as Trix, mas não sendo uma caricatura pateta de ambição e “malvadez”. Esta personagem está bem caracterizada, e percebemos desde o início que ela tem um objectivo, apesar de não saber bem qual, um plano, e que o vai ver cumprido até ao fim, dê por onde der. Esta personagem está tão bem feita que dei por mim a torcer por ela em vários momentos. Mas, como no material original, ela não está sozinha, e acima de tudo serve alguém, que até praticamente ao fim da série não sabemos exactamente quem ser.

Esta personagem que, não querendo spoilar, apenas é revelada nos últimos momentos da série, tal como Beatrix, é difícil de perceber o que pretende, e isso cria uma aura de mistério não só à personagem, como também gera interesse na história e em como ela se relaciona com a mesma.

Temos ainda todo um role de personagens que estamos constantemente a perceber se serão os bons ou maus da fita, tendo a cada episódio novas pistas que tanto indicam uma coisa como a outra. Isto é o que faz desta história realmente sentir ser mais adulta, e não tanto os palavrões ditos e cenas de sexo e drogas inserirdas pelo meio. De certa forma podemos dizer que o que faz mexer esta história, e cria o maior interesse em saber o que se passa a seguir, é a sua intriga, pois estamos toda a série a tentar perceber quem são os verdadeiros vilões, e o que aconteceu no passado.

Em termos de escrita e narrativa a série está bastante boa, mas falta-nos referir em termos de filmografia. Existem alguns momentos em que os planos de câmara parecem que nos querem dizer mais alguma coisa, focando numa pessoa por algum tempo, mas depois não sai nada dali. No entanto, não são suficientes para distrair a narrativa.

Os efeitos especiais por norma estão decentes, sendo que a maioria da magia apresentada é algo básica. Mas o momento fulcral da ação, e onde se esperava que os efeitos estivesse no seu auge, foi algo decepcionante, e acabou também por estragar a cena inteira, que, se tivesse sido feito de uma forma talvez mais discreta, tivesse mantido a intensidade que era pretendida e esperada.

Personagens principais de Fate: The Winx Saga da Netflix

De forma geral Fate: The Winx Saga é uma boa série, que se vê bastante bem num dia, entretém, e nos deixa com um gostinho para mais. Especialmente quando temos pouco conteúdo do mesmo género, e o que temos se torna repetitivo nos seus tropes. No entanto só saberemos se a serie realmente é o que mostrou na primeira temporada com as restantes, pois já vimos muitos exemplos, especialmente da Netflix, a prometer muito na primeira temporada e a não cumprir nas restantes. Felizmente não temos de esperar muito, pois a produção da segunda temporada já arrancou.

Podem conferir o trailer da primeira temporada abaixo.

7.0
Score

Pros

  • Boa história
  • Nota-se que é baseado na serie animada, mas é a sua própria história
  • Boa caracterização das personagens
  • Para uma audiência mais velha sem ser muito edgy

Cons

  • A cena do clímax
  • Algumas vezes as camaras focam em coisas que parece que nos querem mostrar alguma coisa, mas não é nada

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