Análises, Jogos

Hogwarts Legacy (PC) – Análise

A Chegada ao Mundo da Magia de Hogwarts…

Como qualquer RPG atual, não podemos iniciar a nossa aventura sem personalizar a nossa personagem, e aqui está um ponto muito interessante em Hogwarts Legacy, pois a definição sexual do nosso personagem é só feita no final da customização, o que quer dizer podemos construir uma personagem masculina e no final atribuir-lhe a sexualidade feminina. A personalização é interessante, contudo, não chega de perto ao que temos quer em Elden Ring ou mais recentemente em Wo Long: Fallen Dynasty.

A aventura em Hogwarts Legacy inicia em Londres, onde o Professor Fig vem-nos buscar para começarmos as aulas em Hogwarts, porém, não somos um estudante qualquer, mas sim um caso raro dentro do Mundo dos feiticeiros, em que começamos a manipular a magia mais tarde do que o normal. Assim sendo, o Professor Fig durante algum tempo treinou-os e agora está na hora de entrarmos em Hogwarts pois já temos idade para entrar no 5º ano académico desta escola de magia.

Durante a viagem para Hogwarts, junta-se a nós George, um velho amigo do Professor Fig que tem algo para lhe mostrar relacionado com a falecida esposa de Fig. No entanto, este objeto que aparenta ser apenas uma caixa sem qualquer importância, aos olhos do nosso herói é mais do que isso, porque a nossa personagem tem a habilidade de sentir e até visualizar a magia ancestral, e assim descobre que aquela é uma caixa guarda uma chave secreta.

Durante a viagem enfrentamos imediatamente o perigo, com o principal propósito de aprender o tutorial, servindo também de introdução à narrativa de Hogwarts Legacy. Assim o jovem estudante juntamente com o seu professor são levados a Gringots, pois aquela chave abre um certo cofre que contém no interior um Pensieve que nos permite ver as memórias do ex-diretor de Hogwarts.

Após esta introdução, somos então levados para Hogwarts ao som da entrada icónica dos filmes de Harry Potter. Assim que chegamos, entramos perante um dos momentos mais icónicos deste Mundo da magia, pois estamos na cerimónia da seleção da casa “estudantil”, em que somos submetidos a umas perguntas e o chapéu selecionador atribui-nos a nossa casa. E é neste momento que nos sentimos um verdadeiro feiticeiro(a) do Universo de Harry Potter e de Hogwarts.

Estes momentos de nostalgia e icónicos, mantêm-se durante um bom tempo do jogo, até temos a liberdade de explorar a escola de magia. Em Hogwarts é-nos permitido assistir às aulas para aprendermos encantamentos para usarmos em combate ou para ultrapassar algum obstáculo; ensinam-nos o poder das plantas, que também é bastante útil para os combates, existindo 3 tipos; além de aprender a criar poções para recuperar HP ou dar suporte às nossas habilidades.

Após algumas aulas, somos convidados a explorar um pouco fora dos portões de Hogwarts com os nossos amigos e companheiros, e é neste momento que percebemos que a nossa aventura está prestes a começar, pois somos atacados por um troll que parece estar a ser manipulado de alguma forma. Assim que o enfrentamos este inimigo, observamos um humano e um goblin a conversarem sobre a magia ancestral, e sobre um jovem que tem a habilidade de senti-la e vê-la, ficando assim a saber que estamos em perigo iminente e que temos de utilizar tudo o que temos ao nosso dispor, para nos tornarmos no maior feiticeiro daquela era, para enfrentar um dos maiores perigos do Mundo da magia.

Magia com mais de 10 anos…

Hogwarts Legacy é um jogo do género de RPG, em que tal como mencionado anteriormente, tem uma boa capacidade na customização do nosso personagem, contudo, é de referir que Hogwarts Legacy é um RPG que por assim dizer saiu fora do seu tempo, pois aquilo que nos apresenta dentro do género do jogo, forma do combate, builds (quase inexistentes), equipamentos, quests, entre outros fatores levados para os RPG com mais de 10 anos.

Focando primeiramente no XP da personagem, assim como podemos fazer level up, Hogwarts Legacy apresenta um sistema estranho, pois ao contrário de muitos jogos de RPG não é por combate e a derrotar inimigos ou evoluir determinada skill que ganhamos XP que nos permite dar upgrade ao personagem, mas sim, por tudo o resto, isto é por desafios. Estes consistem basicamente num “livro de colecionador” que possui diversos desafios e sempre que cumprimos parte deles, adquirimos XP e quando este é completado adquirimos XP extra, o que nos leva ao limite da personagem, ou seja, completando todos os desafios atingimos o nível máximo da personagem, que é 40.

Assim sendo, parece que todo o sistema de level tem o mesmo peso de XP, havendo um balanceamento baixo, pois no início somos incentivados a explorar Hogwarts e a regastar todas as páginas perdidas deste livro, que nos conta um pouco sobre cada canto deste Mundo. Ao fazermos isto rapidamente atingimos o nível 20 e com poucas horas de jogo, o que é muito estranho para quem está habituado a outros RPG’s mais genéricos, contudo, isto não é mau, mas sim diferente.

Mas esta não é a razão pela qual Hogwarts Legacy se parece com um RPG com mais de 10 anos, a principal razão está ligada aos sistema de “conhecimento” e habilidades do nosso personagem, pois apenas existem 3 fatores, HP, Ataque e Defesa, em que o HP depende no nosso nível, já o ataque e defesa apenas depende de equipamentos que temos, não existindo mais nenhum fator na capacidade do nosso personagem. Assim sendo, se olharmos um pouco para trás e usando outro apenas como referência desta simplicidade nos dias de hoje, Fable The Lost Chapters é um jogo de 2005, em que o nosso herói apenas tem uma gestão de física baseada no equipamento e nada mais, contudo, este é um jogo com muitos anos e bastante inovador em determinadas coisas na sua época, já Hogwarts Legacy usa praticamente o mesmo sistema mas na atualidade, o que é um pouco estranho.

Quando falamos em RPG’s, uma das principais coisas que falamos é builds de combates, pois aí é que está mais um descuido de Hogwarts Legacy, pois este título apresenta-nos uma ilusão no que diz respeito às builds de combate, sendo que parece que estamos recheados de feitiços e encantamentos e todos podem ser combinados para criar builds, mas não. Um dos problemas é que por cada nível que subimos, o nosso personagem adquire 1 ponto para usar numa skill tree, ou seja na sua totalidade de pontos de skill que podemos adquirir apenas só não conseguimos utilizar 10 para completar toda a skill tree, o que significa que esta skill tree nem apresenta um sistema de opções, pois podemos literalmente dar upgrade a todas as skills que estão diretamente ligadas às builds, logo todas as builds são praticamente iguais, não existindo variedade e escolhas que façam, pois o estilo de jogo vão ser igual para toda a gente.

Outros dos pormenores ligadas às builds é são os próprios equipamentos, que apesar de existirem quests ou desafios para adquiri-los, isto é mais uma ilusão do jogo (vá magia), pois os equipamentos têm exatamente a mesma função, ou melhorar o nosso ataque ou defesa, o que realmente muda entre eles é a skin. O que significa que só temos de adquirir os equipamentos mais fortes (que vão surgindo quanto mais fortes estamos) e adaptar a sua skin, não existindo uma missão específica para adquirir o equipamento A, B ou C, ou aquele que tem a habilidade XPTO para a nossa build. O torna muito irrelevante todas as missões e desafios, a não ser apenas por algum tipo de lore (mas atenção, pois apenas algumas quest apresentam isso, todas as outras são ir a um dungeon ou gruta derrotar um certo inimigo).

Com isto dito, até parece que Hogwarts não é um bom jogo, mas a verdade é que é um bom jogo, e um dos melhores dentro do Universo da magia de Harry Potter, pois permite-nos vivenciar verdadeiramente como um feiticeiro deste Universo, e está recheado de easter eggs referente aos filmes, além disso possui um quest secundária brilhante, em que nós temos de tocar uns sinos, e quando compomos a música corretamente surge o tema de Harry Potter (é genial, principalmente para fãs). Além disso, destaca-se que o jogo mantém o jogador quase sempre motivado, pois durante muitas horas de jogo apresenta sempre algo novo para o jogador aprender, e enquanto estamos neste processo de aprendizagem e apresentação de novas mecânicas, o jogo é extremamente interessante. Mas, assim que dominamos o que aprendemos, rapidamente cai no aborrecimento, até termos algo novo para fazer. E este é o principal fator negativo de Hogwarts Legacy, pois aqueles jogadores que queiram fazer o 100% do jogo vão sentir muito esta monotonia.

Em suma, Hogwarts Legacy dentro do Universo de Harry Potter é um dos melhores já conseguidos, apresenta diversas limitações a nível de builds e construções daquilo que é um jogo RPG (por exemplo, apesar de customizarmos a varinha, nada disso importa, porque não faz diferença, se houvesse aqui um pequeno trabalho nos detalhes, como as varinhas terem algum tipo de upgrade ou mudança dependendo do core escolhido, era algo que enaltecia muito a experiência). A narrativa, apesar de ter um bom arranque, perde-se um pouco e cai na “futilidade” e desinteresse, além disso a partir do momento que interagimos com diversas personagens, as nossas escolhas não têm impacto no Mundo em que estamos inseridos. Ainda sobre as personagens, destaca-se que existe uma má gestão nestas, pois as personagens com quem interagimos são sempre as mesmas, seja nas quest principais, seja nas secundárias, e por vezes aquilo que fazemos numa principal gera um desconforto numa determinada personagem, mas como na quest secundária estamos um pouco atrás na narrativa, ela age como se nada se tivesse passado, e o fato de ela estar por exemplo “chateada” connosco não existe nesse segmento, isto gera uma grande estranheza. Ainda assim, e com base em tudo o que foi dito anteriormente, Hogwarts Legacy, apesar de tremido, ainda é um bom jogo.

Partilhamos, convosco o trailer do novo jogo da WB, Hogwarts Legacy

7.0
Score

Pros

  • Os jogadores sentem que imergiram no Mundo da magia de Harry Potter
  • Existe muito conteúdo para fazer durante Hogwarts Legacy
  • Banda sonora interessante
  • Algumas personagens interessantes como: Sebastian Sallow e Logbook
  • Existem diversos easter eggs referentes a Harry Potter, que permitem o jogador sentir uma nostalgia referente aos filmes

Cons

  • Narrativa
  • Para um RPG não existem praticamente builds e os equipamentos apenas têm o propósito de possuir skins diferentes
  • Má gestão das quests das personagens secundárias
  • Má sincronização entre a voz e o movimento facial das personagens
  • Expressões das personagens

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