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Spider-Man 2 – Análise

Alguns de vocês que leem os meus artigos, sabem que por vezes faço referências a Spider-Man, jogo da PS4, um dos meus jogos favoritos criados para a consola e que também tinha adorado Miles Morales, que conseguiu ser outra das minhas experiências favoritas. Sendo assim as expectativas para a sequela, Spider-Man 2, eram altas. Foi então anunciado o tal jogo que tanto aguardava, e os seus pontos narrativos deixavam-me água na boca. Contudo, estamos numa época em que o hype gerado para conteúdo recentemente adaptado da banda desenhada, tenha sido agre e doce (falo claro de atuais filmes e séries da Marvel). Pessoalmente o meu entusiasmo perante esses projetos tem decaído, à exceção de um, o Spider-Verse. A chama para receber conteúdo do aranhiço ainda está acesa e estava mais que pronto para a vestir os fatos de ambos os Spider-Man, mas terá este título apanhado esta má onda e ficado aquém das expectativas?  

Reencontros e acontecimentos do passado voltam para assombrar

Passado uns anos após os acontecimentos passados em Miles Morales, Peter regressa a Nova Iorque com um novo emprego e muito com que lidar. O seu melhor amigo, Harry Hosborn também retorna à cidade após um longo tempo e este reencontro trará grandes mudanças para Peter Parker. Contudo Miles, nesta nova jornada terá de lutar contra os fantasmas do passado e encontrar o seu propósito, sendo que não tem sido fácil balancear a vida de estudante com a vida de herói.  

No controlo de dois “Aranhas” 

Para o começo é notável de relance, uma grande diferença no balançar das teias, esta habilidade está mais leve e mais rápida que os títulos anteriores graças ao poder da PS5. Neste começo temos um situação que permite alterar de Spider-Man para Spider-Man, cada um com as suas habilidades. O primeiro grande confronto contra o que posso chamar de primeiro boss é uma ótima entrada com o pé direito, que serve também para demonstrar muitas das novas habilidades incluindo a que pensei que não iria usar tanto ao início, mas que acabei por adorar, as web wings. Que possibilitam ao jogador sobrevoar a cidade mais rapidamente, acelerando com a ajuda de rajadas de vento, o que foi sem dúvida uma das adições que ajudaram a diversificar o constante balançar de teia em teia pela cidade, já que o mapa se expandiu neste jogo.

Todo o primeiro ato tem um ritmo incrível, mais uma vez, como nos anteriores jogos do Spider-Man fiquei agarrado à narrativa, isto graças à montagem tão bem concebida dos acontecimentos durante o jogo. Após o primeiro grande momento, respiramos com um tipo de sequência que se repete constantemente durante o jogo, estes são momentos mais calmos, em que vemos mais do lado Peter Parker. Dando destaque ao personagem sem a sua máscara. Estes acabam também por entregar vários momentos de interação do Peter e do Miles com amigos ou familiares.  

Mas claro, que existem ameaças à espreita que requerem a ajuda dos Spider-Man, entre as quais Kraven, com o âmbito de caçar os seres mais forte, o que faz o vilão “visitar” Nova Iorque para fazer uma grande caçada. Apesar de não ter muito tempo de tela, Kraven consegue intimidar com os poucos momentos que tem, monstrando o que vale a nós como jogadores, porque mais cedo ou mais tarde, seremos os próximos a ser caçados.  

Algo a apreciar em Spider-Man 2, que se nota e é uma grande melhoria, são as missões secundárias, embora muitas possam parecer bastante semelhantes na sua base, estas acabam por ter importância para a narrativa, dando pequenos detalhes que não estão presentes na história principal e que esclarecem algumas questões. No entanto, é possível encontrar outras, que se dispersam e que acabam por surpreender, passando por algo tão simples como ajudar a encontrar um idoso que está desaparecido ou ajudar alguém a tirar uma fotografia, premissas que parecem simples, mas que se desenrolam de uma maneira inesperada. São certos momentos nestas missões que me aqueceram o coração, onde o jogo deixa de ser algo tão bruto e violento para algo mais calmo e sereno, o que demonstra aquele lado mais amigo da vizinhança do Spider-Man, algo que é divergente das missões de ajudar alguém que está em apuros numa situação perigosa. Este é um fator que parabenizo, no jogo.

Um fator muito comentando em relação à PS5 na altura do seu lançamento, era o seu comando Dualsense, que surpreendeu na altura devido às suas funcionalidades e sinto-me feliz por relatar que o jogo utiliza várias delas e bastante bem. Desde aos triggers que são utilizados para efetuar várias ações, a vibração do haptics feedback é imensa, mas é balanceada e bem usada durante todo o jogo. Acabou por no fim enaltecer a experiencia de jogar a Spider-Man 2.

Um destaque dos jogos anteriores também presente neste é a banda sonora, onde cada faixa tem toda aquela emoção já reconhecida dos filmes do Sam Raimi (diretor da trilogia original do Spider-Man do Tobey Maguire). Contudo, o tema do Kraven é denso e dramático, dando-lhe um impacto ainda maior quando este aparece no ecrã. Existe uma diversidade de temas que se aplicam bem em diversas alturas da narrativa, um trabalho incrível da parte de John Paesano.

Tendo em conta o antigo UI, este proclama-se mais simples, retirando a roda que permitia o jogador escolher a habilidade a utilizar, alterando para habilidades que se podem usar instantaneamente sem fazer perder muito tempo, o que faz com que não haja pausas no combate tornando-o mais dinâmico. Cada Spider-Man define-se com as suas diferentes habilidades, o Peter aposta mais na tecnologia enquanto o Miles usa os seus poderes de “eletricidade” e de invisibilidade. No decorrer da narrativa podemos constatar que, em termos de força, o Peter é relativamente mais fraco que Miles, o que é notável quando recebe o famoso fato do simbionte, onde Peter torna-se imparável. Usar este fato foi tão satisfatório para o Peter como foi para mim, obter todo aquele poder e imobilizar os inimigos mais rapidamente, fez a diferença relativamente ao seu estado no começo do jogo. O que me fez pensar no seu decorrer, em como a Insomniac ia executar o momento em que ele iria ficar sem ele, pessoalmente até me fez pensar o pior. Contudo, no momento em que foi atribuída a solução, esta não foi de todo a minha favorita para narrativa, mas é talvez a que mais faça sentido para o jogo em si. 

No que toca em mundo aberto, o estúdio esmerou-se, para além da deslocação ser mais rápida, é de ressaltar a maneira como os pontos de interesse podem ser selecionados sem a necessidade de abrir o mapa. Durante os momentos em que se está a vaguear de teia em teia, pode-se até encontrar o outro aranha e lutar contra inimigos com a ajuda do mesmo, permitindo fazer combos em conjunto, o que é tão espetacular quando acontece, atribuindo vida ao jogo, o que o próprio já faz bem, tendo em conta a densidade de pessoas e carros que se encontram pela cidade de Nova Iorque.

Miles neste jogo tem os seus grandes momentos, mas estes acabam por ser guardados mais para o final do jogo, sendo ele um pouco secundário durante a narrativa, que acaba por se focar mais no Peter. Enquanto isso, Miles luta contra os fantasmas do passado, sendo que quer fazer justiça a um certo acontecimento que o atormenta. É percetível o porquê de o personagem ficar atrás em termos de foco, contudo, ainda tem fortes momentos, exemplo disso, é no que toca a missões secundarias onde tem que ajudar vários estudantes em tarefas banais, mas a recompensa é reconfortante e toca no coração do Miles e acaba por tocar também no do jogador. Algo que me agradou em relação ao Miles, foi a maneira como o personagem teve atribuídas as suas novas habilidades. Estas conjugam brilhantemente com a situação atual do personagem, em certos pontos chaves ele cresce e com isso obtém uma habilidade que o demonstra. Foi genuinamente brilhante como foi executado isso neste jogo.

No decorrer da narrativa com o Peter, temos algo que não esperava e que me agradou, a relação entre ele e o Harry. Talvez, por ter lido pouco ou visto outros formatos da narrativa do Spider-Man, mas esta relação apresentada é atualmente, uma das minhas favoritas em toda a media já lançada do aranhiço. Vê-se desde o começo a sua grande amizade e companheirismo e mesmo após uma situação que pensei que fosse provocar desavenças entre ambos, a relação permaneceu forte. Claro que existe um momento em que tudo haveria de mudar quando o Peter obtém o fato de simbionte no entanto, é o tempo de tela que ambos tem em conjunto que demonstra esta forte ligação entre os dois, e é talvez a razão pela qual Peter e Miles não estejam tanto tempo juntos, mas sacrifico essa falta por momentos com esta dupla.

O jogo ainda oferece várias surpresas que possivelmente vão deixar os fãs da Marvel a delirar, eu admito que houve momentos que me levaram as mãos à cabeça e que me deixaram de queixo caído.

Bugs e Glitches são por vezes hilariantes, crashes são dispensáveis 

A certa altura pensei que fosse culpa da minha consola, no entanto descobri que não era o único, a ter constantes crashs e momentos em que ficava preso em lugares, o que me fez com que tivesse de reiniciar o jogo algumas vezes. Bugs ou glitches também estiveram muito presentes durante toda a minha jogatina, mas foram inofensivos. Sim, arruinaram a minha imersão, contudo alguns foram hilariantes como o Spider-Cube.  

No original Spider-Man (PS4), existiam certas sequências das quais não fiquei fã, que apareciam por vezes no jogo e quebravam o ritmo, para não falar que as mesmas eram chatas. Falo claro, de momentos com a Mary Jane e o Miles (ainda sem ter sido mordido), em que a maioria das sequências acabam por ser bastante lineares e com um design preguiçoso. No entanto, neste título houve uma melhoria em relação à Mary Jane, pois ela já não tem de percorrer corredores, as áreas são finalmente mais livres! E MJ tem uma arma que imobiliza inimigos, contudo estas missões são igualmente baseadas em Stealth. Continuam a não ser as minhas favoritas, mas são facilmente mais comestíveis que as do jogo anterior. 

Talvez com o intuito de preparar o próximo jogo ou standalone (como o Spider-Man: Miles Morales), Spider-Man 2 faz vários preparos narrativos com várias pontas soltas, em que muitas delas começam no final de algumas missões secundárias. Compreendo que muitas tenham esse propósito, contudo houve uma que pessoalmente me deixou um sabor agre e doce na boca. Foi um momento de felicidade para depois ficar em aberto, apesar de fechar um arco de um personagem. 

Admito, devorei esta aventura num instante, mais uma vez um título que deu esta imparável fome de querer saber mais e de como ia terminar. No entanto, senti que o terceiro ato do jogo terminou muito rápido e que algo faltou para a cereja no topo do bolo. Apesar da conclusão de arcos ser satisfatória, faltou alguma coisa que os seus antecessores tinham que este tem em falta. 

Falando em falta, por vezes sinto que o jogo foi deveras apressado para ser lançado, isto porque senti falta de elementos que os jogos anteriores tinham. Caso se esteja a ouvir o podcast enquanto se entra em combate, o mesmo para, isto não acontecia anteriormente, mas pior ainda, é impossível voltar a ouvir caso aconteça, já que estes não se encontram no menu para os ouvir novamente. Fazendo falta para completar alguns troféus ou apenas para experiência em combate, após se fazer as arenas, estas não se podem repetir. Apesar do jogo estar repleto de fatos customizáveis, apreciaria que a Insomniac tivesse adicionado algo para customizar a cor de um certo elemento, não que me incomode, mas após terminar o jogo é visualmente estranho ao combinar com outros itens de customização, não é problemático, apenas um reparo. 

Um grande passo dado pela Insomniac, mas um pouco atribulado 

Spider-Man 2 pode ter tido um lançamento atribulado para um estúdio pertencente ao grupo PlayStation Studios, contudo é uma grande sequela que traz melhorias gratificantes e uma grande história. É verdade que não introduz grandes inovações em relação aos jogos de mundo aberto, no entanto, sendo alguém que tem um gosto particular relativamente aos mesmos, novamente, foi um jogo desta trilogia que devorei e devoraria uma segunda vez. Quem sabe, talvez quando sair um New Game Plus? Fico ansioso por um próximo título do estúdio, que possivelmente deve passar um DLC ou jogo standalone do aranhiço, apesar de que preferia para respirar, ver um novo IP do estúdio ou a sequela de algum dos seus outros títulos. 

8.0
Score

Pros

  • As historias pessoas de Miles e Peter
  • Missões secundarias bem planeadas
  • Alterações no combate tornaram-no mais dinâmico
  • Banda Sonora
  • Relações entre personagens
  • O controlo dos Spider-Man pela cidade
  • Novas habilidades bem-vindas e usar o fato do simbionte é satisfatório
  • Muitos momentos incríveis que vão fazer os jogadores pasmar
  • Funcionalidades do Dualsense glorificam a experiencia

Cons

  • Diversos Crashes e Bugs durante a experiencia
  • Alguns elementos em falta em comparação com os dois outros jogos

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