Análises, Cinema

The Northman – Análise

The Northman é um filme épico dramático, com direção de Robert Eggers (jovem argumentista, produtor e diretor americano, conhecido por trabalhos como The Witch e The Lighthouse), distribuído pelas empresas Focus Features e Universal Pictures. Esta longa-metragem teve como argumentistas Robert Eggers e Sjón (escritor islandês, reconhecido por diversas novelas e poesias, tendo também trabalhos de colaboração com a cantora Björk e ainda com trabalhos de argumentação em filmes como Reykjavik Whale-Watching Massacre e Lamb), conta ainda com o trabalho de cinematografia de Jarin Blaschke (cinematógrafo americano, já com um registo de trabalho com Eggers nos seus filmes anteriores, como é o caso de The Witch e The Lighthouse, mas também reconhecido por outras longas-metragens como por exemplo: Shimmer Lake, Back Roads, Down a Dark Hall, etc.). É baseado na lenda escandinava de Amleth, conto que inspirou William Shakespeare e que deu origem a The Tragedy of Hamlet, Prince of Denmark, sendo por isso muito natural reconhecermos algumas passagens deste conto em The Northman.

Esta longa-metragem possui um elenco de renome mundial, sendo estrelado por Alexander Skarsgård (ator sueco, membro da família Skarsgård – reconhecida família no Mundo do cinema, que ficou mais conhecido após a sua participação na série True Blood e Big Little Lies, e na mais recentemente série Succession. Mas, além destes trabalhos, possui uma vasta lista de filmes no seu currículo, tais como Zoolander e Zoolander 2, Melancholia, Battleship, The Legend of Tarzan, The Aftermath e mais recentemente em Godzilla vs. Kong, entre outros), Anya Taylor-Joy (uma atriz que desempenhou brilhantes papéis em The Witch, Split, Emma, The New Mutants, e mais recentemente em Last Night in Soho, também reconhecida pelas suas interpretações nas séries Peaky Blinders e The Queen’s Gambit), Nicole Kidman (atriz australiana mundialmente conhecida, com um vasto leque de nomeações e prémios incluindo o Óscar de Melhor Atriz em The Hours, sendo também reconhecida pelas suas interpretações em, Eyes Wide Shut, Moulin Rouge!, Cold Mountain, Australia e mais recentemente pela sua interpretação em Being the Ricardos que lhe permitiu mais uma nomeação aos Óscares, entre outros), Ethan Hawke (ator americano, possuindo uma gigante manopla de participações em filmes e séries, sendo reconhecido por trabalhos como: White Fang, Hamlet, Before Sunset, Brooklyn’s Finest, Total Recall, The Purge, Boyhood, The Magnificent Seven, Tesla e de uma recente longa-metragem que está prestes a estrear em Portugal, The Black Phone. Interpretando ainda Arthur Harrow, na série da MCU e distribuída pela Disney Plus, Moon Knight, etc.). Willem Dafoe (ator americano indicado quatro vezes ao Óscar, três vezes na categoria de Melhor Ator Secundário pela sua atuação em Platoon, Shadow of the Vampire e The Florida Project e uma na categoria de Melhor Ator por At Eternity’s Gate. Também participou nos filmes Speed 2: Cruise Control, Mr. Bean’s Holiday, The Life Aquatic with Steve Zissou, Finding Nemo, The Last Temptation of Christ, Mississippi Burning, e também em Spider-Man onde interpretou o papel de Norman Osborn – Green Goblin, voltando a este papel no mais recente filme da franquia Spider-Man: No Way Home, etc.), Claes Bang (ator e músico dinamarquês, tendo já interpretado diversas personagens em curtas e longas-metragens, é mais reconhecido pelos seus papéis em The Square, The Girl in the Spider’s Web e The Bay of Silence). Além destes actores este filme tem participações de Björk, Gustav Lindh, Hafþór Júlíus Björnsson, entre outros.

As Portas do Inferno…

The Northman, conta a aventura de um jovem príncipe, Amleth (Oscar Novak), e a jornada que este tem de percorrer para alcançar o trono, deixado pelo seu pai, o rei Aurvandill “War-Raven” (Ethan Hawke). Numa época onde a cultura nórdica dominava os reinos, no ano de 895 D.C., o rei Aurvandill, regressa a casa depois de uma vasta temporada de conquistas e batalhas pela expansão do seu reino.

Neste momento é recebido numa saudação calorosa por todos os habitantes, mas principalmente pela sua família, o príncipe Amleth (Oscar Novak) e a rainha Gudrún (Nicole Kidman) e mãe de Amleth. Após toda a celebração, Aurvandill revela a Gudrún que a sua última batalha deixou-lhe marcas profundas e que o próprio terá de preparar o pequeno Amleth para que este possa assumir o seu legado, pois o rei devido aos seus ferimentos prevê que não possa passar do próximo inverno, sendo que para um guerreiro viking, não morrer em batalha significa que não pode passar os portões de Valhalla, e que não descansará em paz como os seus antecessores.

Assim sendo, os preparativos começam, e Aurvandill leva o seu filho para um ritual de preparação, para que o mesmo comece a deixar de ser a “cria” que é, e se torne o “lobo alfa” que está destinado a ser, assim com a ajuda de Heimir (Willem Dafoe) os dois podem ascender espiritualmente para que as criaturas assumam os seus corpos.

Após uma tragédia que cai sobre o reinado de Aurvandill, o pequeno Amleth vê-se obrigado a fugir e se tornar num predador. Anos se passam e Amleth (Alexander Skarsgård), numa rota completamente diferente do seu destino assume agora um espírito mais feroz, que o leva na conquista por novas terras ao comando da sua nova família viking, que o tornou num destemido Berserker (assumindo o espírito do Urso). Mas apesar de estar a percorrer um caminho diferente do seu destino, um místico ser do destino encontra-o para o relembrar do seu propósito.

Amleth, tendo agora conhecido o seu verdadeiro destino, larga tudo em busca da conquista do legado deixado pelo seu pai. Para isso terá de seguir uma jornada perigosa, da qual poderá não ter saída, tornando-se assim no Homem do Norte. E é nesse momento, que surge Olga (Anya Taylor-Joy) pertencente a um núcleo mais campestre, tendo habilidades para manipular o oculto e assim ajudar Amleth na sua jornada pela conquista do seu legado.

Ao longo desta aventura, o destino do Homem do Norte aproxima-se cada vez mais, pois são inúmeras as referências da mitologia nórdica nesta sua caminhada, desde os corvos de Odin, passando pela própria Yggdrasil até ao cavalgar das valquírias que levam os guerreiros caídos em batalha para Valhala. Amleth no meio de todas estas referências percebe finalmente qual é a sua importância em toda a estória, tornar-se no Homem do Norte, encarnar o “lobo alfa”, e reerguer o nome do seu legado de War-Raven. Vingando o Pai!, Salvando a Mãe! e Matando Fjölnir!

Valhöll…

The Northman, tal como já foi referido, é um filme épico dramático com direção de Robert Eggers, que apesar de ainda ser um jovem diretor com um repertório pequeno, não podemos de deixar de observar todo o seu talento e capacidade de contar estórias e The Northman não é diferente. Eggers consegue neste filme fazer quase o pleno, mantendo sempre o seu registo recheado de simbologia ao longo desta aventura, e ao mesmo tempo traz-nos uma estória extremamente cativante (e de “fácil” consumo).

Toda a direção de Robert Eggers é bem conseguida, tentando criar um marco nos filmes de temática nórdica e/ou viking, isto tudo devido à sua excelente capacidade de conduzir o a longa-metragem, retratando diversos detalhes da sociedade da época, incluindo a forma como esta praticava desportos. Além disto, consegue introduzir uma vasta mitologia, que por meios de rituais, momentos de quase morte ou até mesmo em animais, e/ou conversas entre personagens, e consegue fazê-lo de uma forma subtil, transmitindo o sentimento que nada é forçado. A forma como introduz a língua nórdica é um forte elo de ligação à cultura e ao próprio filme, e esta sendo muitas vezes introduzida em momentos de tensão, embeleza todo este conto, contudo, existem alguns momentos que pode parecer um pouco forçado, mas nada que incomode o espectador.

Esta adaptação da lenda de Amleth, é brilhante, e para além da direção excelente de Eggers, tal também se deve a todo o trabalho técnico executado com extrema qualidade, pois a cinematografia de Jarin Blaschke consegue “teleportar” o espectador para dentro da tela e das cenas que estão a acontecer, pois apenas nos é mostrado o que é relevante, apresentado cenários fechados para que os nossos olhos não se distraiam com outros detalhes. A execução deste trabalho técnico mantém o nível que as longas-metragens com direção de Robert Eggers já nos tem habituado, além disso, destaca-se ainda a banda sonora e a sonografia presente nesta obra, que consegue colocar todo e qualquer espectador preso ao ecrã e viver todos os momentos de tensão, espirituais e até mesmo os calmos que The Northman apresenta.

Em relação às interpretações do elenco, estas de forma geral são brilhantes, mesmo Willem Dafoe ou Björk, que com pouco tempo de tela conseguem protagonizar momentos memoráveis. O ator Alexander Skarsgård e a atriz Anya Taylor-Joy destacam-se muito pela positiva e conseguem transmitir uma boa ligação quando contracenam. Além destes, a relação entre Alexander Skarsgård e Nicole Kidman é fenomenal, os momentos entre os dois atores são provavelmente os pontos mais altos de toda a longa-metragem, isto sem desmerecer todas as outras cenas, que também estão muito bem conseguidas.

Apesar de todos estes aspetos positivos, o espectador pode acabar de sair do cinema com o “sabor a pouco”, ficando com o sentimento que o filme podia ser um pouco mais alongado e explorar quer outros pormenores, quer outros contos. Além disto, existem alguns momentos em que o ritmo do filme acelera, algo que poderia ter sido construído com mais calma, de forma a enaltecer determinadas cenas em prol de dar um maior destaque a certas personagens, como é o caso de Thorir e Gunnar.

Em suma, The Northman é um excelente filme da cultura nórdica e viking, tendo como base o conto da lenda de Amleth. A direção de Robert Eggers é extremamente bem executada e consegue transmitir nesta estória o lado do herói nórdico, com uma premissa simples, mas recheada de simbologia e momentos inesquecíveis. Em termos técnicos, esta longa-metragem é brilhante, e todos eles são executados com extrema qualidade, sendo o principal destaque o trabalho de edição e mistura de som, assim como a banda sonora que nos acompanha ao longo desta aventura. A nível das interpretações dos atores, nada de negativo a apontar, todos de forma geral desempenham os seus papéis de forma fenomenal, destacando-se os momentos entre Amleth (Alexander Skarsgård) e a sua mãe a rainha Gudrún (Nicole Kidman). Tal como mencionado, o espectador pode sair da sala de cinema com “sabor a pouco”, sentido que esta longa-metragem poderia explorar mais pormenores ou contos, mas no final acabamos por ficar satisfeitos com este excelente filme.

Partilhamos, convosco o trailer deste épico do cinema The Northman

8.0
Score

Pros

  • Estória bastante simples e cativante
  • Toda a simbologia nórdica presente em cada cena
  • Extrema qualidade técnica
  • Excelente trabalho de sonografia
  • Banda sonora cativante
  • Excelente direção e adaptação de Robert Eggers
  • Cinematografia brilhante para o épico que é representado
  • Interpretação do elenco é fenomenal

Cons

  • A estória tem um ritmo um pouco acelerado em alguns momentos
  • Podia ter sido explorados mais alguns pormenores/contos
  • Podem sair da sala de cinema com "sabor a pouco"

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