Análises, Cinema

The Matrix Resurrections – Análise

The Matrix: Resurrections é o quarto filme de ação e ficção científica da franquia The Matrix, tem produção conjunta da Warner Bros. e Village Roadshow Pictures. Esta longa metragem foi produzida, co-escrita e dirigida por Lana Wachowski, que co-dirigiu e co-escreveu os filmes anteriores, com sua irmã Lilly Wachowski (este duo, mais conhecido por Wachowskis, também trabalharam noutras longas-metragens conhecidas pelo público, tais como Assassins, V for Vendetta, Speed Racer, Cloud Atlas, Jupiter Ascending, entre outros.). Johnny Klimek e Tom Tykwer são os responsáveis pela banda sonora do filme (que já tinham colaborado anteriormente com Wachowski em Sense8 e Cloud Atlas).

Neste filme, parte do elenco anterior está de volta, destacando-se: Keanu Reeves (ator, cineasta, escritor, produtor cinematográfico e músico canadense, obteve o seu primeiro sucesso ao desempenhar o jovem Ted ou “Theodore” Logan em Bill & Ted’s Excellent Adventure, tendo desempenhado o mesmo papel nos 2 filmes subsequentes desta franquia. Posteriormente participou em diversos filmes, tais como: Speed, Feeling Minnesota, A Walk in the Clouds, The Devil’s Advocate, Johnny Mnemonic, Chain Reaction, The Replacements, The Watcher, The Gift, Sweet November, Hardball, Something’s Gotta Give, The Lake House, Street Kings, Constantine, The Day the Earth Stood Still, etc.. Foi novamente (re)lançado para as luzes da ribalta através da sua participação na trilogia The Matrix, desempenhando o papel de Neo e mais recentemente ficou conhecido pelos mais jovens pela sua participação na franchise de John Wick), Carrie-Anne Moss (atriz canadiense, que desempenhou o papel de Trinity na trilogia de The Matrix. Também trabalhou em outros filmes, tais como The Bye Bye Man, Frankenstein, Pompeii, Compulsion, The Clockwork Girl, Knife Fight, Silent Hill: Revelation, Unthinkable, Fireflies in the Garden, Memento, Chocolat, Lethal Tender, Sabotage, etc.), Jada Pinkett Smith (atriz, cantora e empresária americana, que interpretou Niobe nos dois filmes da franquia The Matrix: The Matrix: Reloaded e The Matrix: Revolutions. Também participou nas longas-metragens Menace II Society, The Nutty Professor, Set It Off, Scream 2, entre outros) e Lambert Wilson (ator francês, conhecido por participar nos filmes The Matrix: Reloaded e The Matrix: Revolutions, Catwoman, Sahara, Flawless, Babylon A.D., etc.).

Além do elenco que todos conhecem, algumas caras novas também integram esta recente longa-metragem da franquia, sendo eles: Jessica Henwick (jovem atriz britânica, com um destaque nas séries: Iron Fist, Luke Cage e The Defenders interpretando Colleen Wing, mas também na série Game of Thrones. Em relação a longas-metragens, tem a sua interpretação em Star Wars: The Force Awakens, Underwater, On the Rocks, entre outros), Jonathan Groff (ator americano, que deu a voz a Kristoff em Frozen e Frozen II, teve a participação em American Sniper e mais recentemente em Hamilton), Yahya Abdul-Mateen II (ator americano, conhecido pelas suas interpretações em: Baywatch, The Greatest Showman, Aquaman, Us e mais recentemente em The Trial of the Chicago 7 interpretando Bobby Seale e em Candyman). Esta longa-metragem ainda conta com a participação de Neil Patrick Harris (ator americano, mundialmente conhecido pela sua interpretação na série How I Met Your Mother com o papel de Barney Stinson, no entanto Neil Patrick é ator muito versátil tendo no seu currículo inúmeras interpretações de voz de filmes e séries animadas).

The Game of The Year

Esta longa-metragem inicia com Bugs (Jessica Henwick) dentro de um programa da Matrix, ao que ela denomina como um “modal”, algo que se assemelha a uma simulação, este é um programa com um código antigo onde Bugs vê em primeira mão os momentos iniciais da jornada que leva Trinity (Carrie-Anne Moss) em busca do escolhido, Neo (Keanu Reeves).

No entanto, algo neste “modal” não corre como esperado e Bugs, é obrigada a intervir de forma a salvar a vida de Trinity, para que esta consiga prosseguir o planeado. Nesta intervenção, Bugs é confrontada por um novo agente, que apesar de ser um agente programado para manter a Matrix livre de identidades “corruptas” tem uma essência diferente dos restantes, reconhecendo nele personificação de Morpheus (Yahya Abdul-Mateen II), e tenta libertá-lo antes que seja tarde demais.

Atualmente, Thomas Anderson (Keanu Reeves) é um criador de jogos de sucesso, tendo criado uma trilogia de jogos baseada nos seus sonhos e alguns momentos vividos, denominada The Matrix, com a ajuda do seu chefe e parceiro de negócio, Anderson usa os momentos passados entre dois para caracterizar duas das personagens mais icónicas dos seus jogos, Neo e Smith (Jonathan Groff).

Anderson tem por hábito ir a um café próximo, onde observa calmamente uma senhora, chamada Tiffany (Carrie-Anne Moss) que é uma mulher casada e com filhos. No entanto, sem saber explicar, sente que a conhece, ao que muitos se questionam se não será por se basear nas características desta mulher para personificar Trinity nos seus jogos.

Apesar de toda a vida pacata que Sr. Anderson tem, está prestes a mudar, pois é pressionado pelas grandes distribuidoras para criar uma sequela da sua trilogia de sucesso. Obrigado a desenvolver Matrix IV, Anderson juntamente com toda a sua equipa fazem inúmeros brainstormings de forma a desenvolver um dos jogos mais aguardados.

No meio de todas estas conversas, o nosso protagonista, vê-se a entrar num esgotamento, começando a reviver alguns momentos dos seus títulos anteriores e além do mais, o seu Terapeuta (Neil Patrick Harris), refere-lhe várias vezes que tem de ter cuidado com os esgotamentos, pois levam-no a confundir a realidade com a fantasia dos seus vídeojogos.

Isto leva a que Thomas Anderson, a cada dia que se passa, tenha mais problemas de separar os sonhos da realidade, sonhando frequentemente com Trinity e com a Matrix, por isso volta a consultar o seu Terapeuta que lhe dá comprimidos azuis para o ajudar a manter a sua sanidade.

Fora da Matrix, Bugs e Morpheus descobrem o sinal de Neo dentro da Matrix, apesar de pensarem que ele estava morto. Eles conseguem estabelecer a ligação entre Neo e Anderson, e assim cada vez mais as realidades se confundem, nesse momento o chefe do Sr. Anderson encarna por completo a personalidade do Agente Smith, que de imediato o quer matar.

Apesar de toda esta fantasia saída do Mundo de “Alice no País das Maravilhas“, Bugs e Morpheus afirmam que tudo isto não passa de um plano de Neo para salvar toda a gente, não acreditando no que lhe está a ser dito, Sr. Anderson apenas vê uma saída, toda esta ruptura mental levam-no a querer cometer o suicídio.

Porém nesse momento, surge Bugs numa última tentativa de salvar aquele que por muitos é aclamado como o “Escolhido”, que poderá salvar toda a humanidade das garras das máquinas que os mantém sob controlo os humanos para “sugarem” a sua energia. Apesar de Bugs e os seus amigos estarem prestes a resgatar o corpo de Neo, 60 anos após os eventos de The Matrix: Revolutions, tudo depende do Sr. Anderson acreditar que é Neo “O Escolhido”, e que o futuro da humanidade depende disso e do próprio querer assumir esse “manto”.

Um Mundo com duas realidades está de volta: uma com a vida cotidiana como todos nós conhecemos; a outra é a responsável pela construção da primeira. Para o Sr. Thomas Anderson descobrir a verdade, ele terá que optar por seguir o “coelho branco” mais uma vez.

Realidade vs. The Matrix…

The Matrix: Resurrections, é uma aventura de forma geral bem executada e que passados quase 20 anos, reacende o Universo de The Matrix uma vez mais. Esta longa-metragem é bem-sucedida onde outras reinicializações falharam, rompendo com o familiar para contar uma estória de amor oportuna e atemporal. Pois, apesar de Neo e Trinity estarem supostamente mortos no final de The Matrix: Revolutions, estes personagens icônicos estão de volta, conseguindo transformar este filme de ação e ficção científica em algo mais romântico, trazendo o amor e a angústia deles, além de uma química mais eletrizante do que nunca.

Além do mais, The Matrix: Resurrections homenageia os filmes anteriores, possuindo diversas recriações de cena por cena dos mesmos (fazendo um bom fan-service) em momentos apropriados, no ​​enquanto, abre um novo caminho, que potencialmente poderá a vir ser explorado, ou não, visto que se a franquia terminar com este filme, também terá um bom desfecho, já que nos fecha diversas dúvidas e perguntas deixadas em aberto nos títulos anteriores. Também é possível verificar que os Wachowskis mantêm a sua inspiração em Alice no País das Maravilhas, fazendo várias referências, através dos espelhos ou até mesmo de seguir o “coelho branco” para encontrar este Mundo.

No entanto, ressalva-se que esta continuação da franquia não corresponde à glória do original, basicamente temos que aceitar que a esta atingiu o pico com o primeiro filme (pois The Matrix de 1999 é uma obra-prima, sendo quase impossível superá-lo).

Resurrections é uma experiência visual fascinante, acompanhada com uma banda sonora magnífica. Quanto à narrativa, ao invés de tentar mudar a original, apresenta um ângulo diferente, que resulta bastante bem, especialmente na primeira parte do filme, porém o mesmo não acontece no restante, pois são escolhidos desenvolvimentos por vezes rudes, apressados e sem justificação para avançar com a estória. Pois os Wachowskis com esta nova abordagem fazem o espectador questionar a realidade do que está a acontecer, fazendo a quebra da quarta parede de forma sutil, mas bastante eficaz.

O enredo desta longa-metragem é maior do que simplesmente reunir essas duas almas perdidas, mas ao estabelecer o status quo inicial de Neo e da sua motivação motriz, ele se inclina fortemente para essa conexão. Talvez seja por isso que os momentos em que este filme se torna verdadeiramente transcendente são quando Moss e Reeves partilham a tela, apresentando um química entre os dois, que só ficou mais rica e profunda. Além da belíssima performance destes dois atores, ressalva-se também a de Jessica Henwick (que tem um início estupendo, contudo acaba por perder força com o avançar da narrativa) e de Neil Patrick Harris, que enriquecem bastante este filme. Contudo, Jonathan Groff (talvez devido à narrativa) não conseguiu “desempenhar” o Agent Smith como o desejado.

A nível de cenas de ação, Resurrections provavelmente é o que possui menos, em comparação com os outros três filmes, podendo ser uma decepção para alguns dos fãs. Pois das poucas cenas de luta existentes, grande parte delas são uma homenagem à franquia. Além de que há uma série de cenários emocionantes, porém não são tão icônicos quanto os filmes anteriores, como é o caso do conceito de “bullet time” (com o qual Resurrections literalmente brinca), que The Matrix original popularizou. Apesar de não existir momentos icónicos, este quarto título também deixa a sua marca.

O CGI e a caracterização, especialmente nos efeitos do envelhecimento de alguns personagens, criam uma sensação de estranheza, sendo que era esperado “algo mais”, tendo em consideração os outros efeitos existentes no filme.

Os temas abordados neste filme são densos, com muito para desvendar associados à mitologia de The Matrix, Resurrections é uma oportunidade para (re)descobrir alguns detalhes, sendo uma boa homenagem à franquia, contudo, não têm a mesma ambição do que o primeiro filme. As interpretações de Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss e Neil Patrick Harris, são de bom nível, no entanto, o mesmo não ocorre com a performance de um dos principais vilões, interpretado por Jonathan Groff. A narrativa não possui o mesmo ritmo ao longo do filme, sendo mais notório na última parte do mesmo, criando inconsistências prejudicando o desenvolvimento e o desempenho de alguns atores. A cinematografia e a banda sonora são magníficas, porém o CGI e os efeitos de envelhecimento por vezes são estranhos. Estes são alguns dos pontos que acabam por impedir que Resurrections seja o melhor filme da franquia de The Matrix.

Em suma, The Matrix: Resurrections, é um bom filme, que certamente vai deixar muitos contentes após saírem do cinema e com alguma satisfação, no entanto (deixo o apontamento), que para quem não gosta de The Matrix, não é esta longa-metragem que vos vai fazer gostar, assim como quem gosta da franquia vai ficar contente com o resultado, já que esta longa-metragem é bastante nostálgica e muito emotiva, sendo quase uma celebração de 20 anos da franquia. Para aqueles que nunca viram nada do franchise de The Matrix, é provável que este filme vos deixe um “bichinho” à espera por mais. O trabalho da realização é bem estruturado, já que consegue introduzir elementos de ligações entre os diferentes títulos de forma brilhante.

Partilhamos, convosco, o trailer do mais recente filme de The Matrix, 20 anos após o original..

8.0
Score

Pros

  • Excelente premissa
  • Elementos de ligação dos vários títulos
  • Interpretação de Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss e Neil Patrick Harris
  • Todo o desenvolvimento das personagens principais, mesmo 60 anos após os eventos dos últimos eventos
  • Um bom fan-service para a celebração de quase 20 anos

Cons

  • Desenrolar da narrativa um pouco fraca
  • Personagens secundárias são esquecidas (não tem desenvolvimento)
  • Jonathan Groff não passa o sentimento do icônico Agent Smith
  • Qualidade CGI e efeitos de envelhecimento ficam aquém do esperado

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