Nos últimos anos têm sido produzidas inúmeras adaptações de filmes ou series baseados em jogos. Na sua maioria, acabam por raspar na mediocridade, isto em relação a filmes, porque surpreendentemente as séries ultimamente estão a superar expectativas e a surpreender. Um dos exemplos que posso dar é a recente série, Arcane, que não só cumpre os requisitos, mas também é uma das melhores séries de animação dos últimos anos. Curiosamente, a que vou referir também vem da Netflix.
Era uma chávena de entretenimento disparatado como nos velhos tempos, se faz favor
Para os que não têm conhecimento, Cuphead é um jogo 2D com múltiplos chefes e alguns segmentos de run and gun. Contudo, o que chama a atenção é como homenageia a partir do seu estilo de arte, fazendo referencia a um cartoon dos anos 30. Também é reconhecido por ser extremamente desafiante e intitulado por alguns como o Dark Souls dos jogos 2D. E se o jogo do Cuphead era uma homenagem a esse estilo, então a série é isso e a celebração do formato das clássicas narrativas episódicas daquela época.
A narrativa da série acompanha as aventuras do Cuphead e do Mugman, dois irmãos inseparáveis que vivem com o seu avô. Contudo, num certo dia decidem passar o dia numa feira e mal sabem eles que esse local pertence ao diabo. Acho que dá para reparar nisto, já que esta não foi a narrativa apresentada no jogo, pois existem varias mudanças em relação à própria historia. O melhor é pensar na serie, como se passa-se num universo alternativo.

Foi um tempo agradável com estas duas canecas
A animação é maravilhosa e remete muito bem o estilo mais antigo, incluído um filtro que relembra a altura da televisões CRT com alguns problemas de propositados na imagem, o que transmite todo um espírito de nostalgia.
Um elemento que estava bastante presente neste tipo de série animada é a comédia disparatada e Cuphead, não dá tréguas. Esta acaba por ter inúmeras sequências sem sentido nenhum, isto ao brincar com a animação o que acaba por ser o ponto que acertaram em cheio e que torna série tão apetitosa de se ver.
Para quem jogou o jogo, com certeza vai ficar atento às inúmeras referências vindas dos jogos, desde a personagens, objetos, etc… Irão ser muitos os momentos em que os vão apontar para o ecrã e pronunciar as segundas palavras: “Este #@&#@& fez-me perder 5 horas da minha vida ao tentar derrotá-lo”.
Algo que me fascinou e que eu ansiava por ver, já que no jogo não é um ponto muito explorado é a construção do mundo e como algumas coisas funcionam no mundo de Cuphead e curiosamente algumas coisas foram respondidas e que me deixaram fascinado. Um deles sendo, como é que funciona um aspeto específico em relação a anatomia dos dois personagens principais.

Atualmente existem poucos casos, onde consigo lidar com uma serie de teor episódico
Se calhar sou eu que estou a ser muito mesquinho, mas isto acaba por ser uma preferência pessoal, não sou fã desta narrativa com um formato episódico disfarçado. Algumas das histórias dos episódios acabam por ser aqueles fios narrativos que já foram vistos imensas vezes, noutras series do género. Concordo que acabam por ter um sabor diferente, tendo em conta o mundo com algumas reviravoltas, mas se não fosse a comédia, eu fartar-me-ia rapidamente dos episódios. O que não foi o caso já que devorei-os todos de uma só vez, mas foi algo que me começou a incomodar.
Uma das outras surpresas que ao início deixou-me interessado foram as sequencias musicais porque informação chocante, Cuphead é um pseudo-musical. Contudo estas demonstraram-se sem sal à medida que iam ser apresentadas. E mesmo eu, que sou um grande fã de musicais, muitos deles deixaram-me desapontados, apesar disso o primeiro momento musical que é interpretado pelo diabo e de outra personagem que aparece posteriormente, foram as exceções, conseguiram surpreender-me. Os outros pareceram-me desnecessários ou irrelevantes.
No momento em que estava a gostar de beber daquela chávena, a mesma foi me retirada da mão, de uma maneira inesperada. Por outras palavras, eu estava tão focado na serie e a gostar da nova personagem apresentada (que é só introduzida no último episódio), mas que inesperadamente termina de uma maneira extremamente abrupta e que me fez gritar: MAS JÁ! Senti-me mesmo desolado, contudo isso acabou por me passar porque estava a breves minutos de começar Horizon Forbidden West (será que isto é uma gancho para o meu próximo artigo, talvez).

Mesmo quem nunca jogou, vai retirar alguma coisa a daqui
A Netflix ultimamente tem-me surpreendido com estas adaptações, seja com Castlevania, Arcane e agora Cuphead. Parece ser uma tendência da parte deles pegar numa média como os videojogos e dar o seu devido tratamento para os pequenos ecrãs. E até ao momento está a funcionar bem.
A segunda temporada já está confirmada para o Verão.
7.0 Score
Pros
- Uma animação deliciosa que se remete aos anos 30 (mas a cores)
- Extremamente disparatado como nos velhos tempos
- Os veteranos de Cuphead vão adorar as referencias
- O mundo de Cuphead consegue ser muito mais explorado aqui
Cons
- Narrativa com pouca continuidade
- Momentos musicais deixaram a desejar
- Aquela Conclusão abrupta
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