Análises, Cinema

The Black Phone – Análise

The Black Phone é um filme de terror sobrenatural americano de 2021 dirigido por Scott Derrickson (cineasta americano, que é mais conhecido por dirigir os filmes The Exorcism of Emily Rose, The Day the Earth Stood Still, Sinister, Deliver Us from Evil e principalmente após a sua direção em Doctor Strange) e escrito por Derrickson e C. Robert Cargill (argumentista americano, romancista, apresentador de podcast e ex-crítico de cinema mais conhecido por escrever os filmes Sinister, Sinister 2 e Doctor Strange. Ele é um colaborador assíduo de escrita frequente de Scott Derrickson), The Black Phone conta com a produção de Jason Blum (produtor, fundador e CEO da Blumhouse Productions, que produziu as franquias de terror Paranormal Activity, Insidious e The Purge. Também produziu os filmes Sinister, Oculus, Whiplash, The Gift, Hush, Split, Ouija: Origin of Evil, Get Out, Happy Death Day, Upgrade, Halloween, Us, The Invisible Man e Freaky). É uma adaptação do conto homónimo de 2004 de Joe Hill (escritor americano cuja a sua obra inclui trabalhos tais como Heart-Shaped Box, Horns, NOS4A2, The Fireman entre outros).

O filme é estrelado por Ethan Hawke (ator, escritor e diretor americano, que já foi indicado para 4 Oscars, 2 Golden Globe Awards, 1 Tony Award entre outras nomeações. Fez sua estreia no cinema em Explorers, não parando desde então, tendo trabalhado nos filmes Dead Poets Society, na trilogia Before, Training Day, Boyhood, Sinister, First Reformed, entre outros. Recentemente participou na série da Marvel Moon Knight como Arthur Harrow). Mason Thames (jovem ator e bailarino americano, que já tem no seu currículo interpretações em Boys of Summer, After Omelas e Para toda la humanidad), Madeleine McGraw (jovem atriz americana mais conhecida pelo seu papel de Zoey Campbell na série da Disney, Secrets of Sulphur Spring). Jeremy Davies (ator americano conhecido pelos seu trabalho em Spanking the Monkey, Saving Private Ryan, Solaris, Dogville, Helter Skelter, Rescue Dawn, etc. Ganhou um Emmy Award pela sua participação na série Justified e recebeu um BAFTA Award pela sua performance no jogo como The Stranger/Baldur em God of War de 2018), James Ransone (músico e ator americano conhecido pelos seus trabalhos na série The Wire e nos filmes Sinister, Sinister 2, Tangerine, etc.) entre outros.

The Grabber…

O filme passa-se em 1978, numa época sombria e relata uma série de sequestros de crianças ocorridos nos subúrbios de Denver. Os protagonistas desta longa-metragem acabam por ser os irmãos Finney Blake (Mason Thames) e Gwen Blake (Madeleine McGraw) que vivem na área com o seu pai Terrence (Jeremy Davies), um alcoólatra abusivo.

A vida destes jovens não é nada fácil, especialmente para Finney, que sofre bullying diariamente na escola, porém o seu amigo Robin, um corajoso jovem da escola, salva-o sempre que possível, pois ambos são amigos próximos.

Com o passar do tempo, os raptos do Grabber tornam-se cada vez mais constantes, acabando por capturar Robin, o que leva à situação de Finney se complicar na escola. A sua irmã Gwen, apesar de o tentar salvar, não é tão forte como Robin, no entanto, é uma menina especial, pois segunda a mesma, tem sonhos estranhos, em que nos quais observa acontecimentos “passados” ou “futuros”, e nos mais recentes, estes estão ligados com os sequestros ocorridos, afirmando que via neles um homem numa carrinha preta com balões pretos (uma informação nunca antes referenciada pela polícia local).

Estes sonhos deixam os detetives Wright (E. Roger Mitchell) e Miller (Troy Rudeseal) intrigados, o que os levam a entrevistar Terrence e Gwen, este contacto deixa Terrence completamente furioso com o sucedido, afirmando que Gwen não é psíquica e que nada tem haver com a sua mãe que era “maluca”.

Mas os raptos não param, e quando este volta a atacar, um dos irmãos é apanhado na armadilha, que o leva a uma cave à prova de som, onde apenas existe um telefone preto na parede, que, teoricamente, não funciona. Contudo, quanto mais tempo a criança passa na cave, mais este telefone ganha “vida”, chegando ao ponto de tocar constantemente sem parar, podendo levar a vítima a quebrar física e emocionalmente, mas, será que as vivências que esta vítima teve ao longo da sua curta vida, será suficiente para alcançar a sua liberdade?

Quem vai quebrar primeiro ???

The Black Phone possui os traços de terror típicos de Derrickson, explorando as suas ideias no conto de Joe Hill, resultando numa adaptação sombria e repleta de demónios pessoais que se fundem num filme surpreendentemente caloroso, esperançoso e acima de tudo assustador, mas sem exibir cenas muito explícitas.

Derrickson inspirou-se na sua própria infância em relação ao The Black Phone, pois este cresceu num bairro de Denver nos anos 70, repleto de violência doméstica e também marcado por sequestros de crianças. Tudo isto é focado na figura central de The Black Phone, Finney. Provavelmente por isso a narrativa está bem construída e possui um bom ritmo deixando os espectadores agarrados e sobressaltados. Para ajudar, a cinematografia e a fotografia possuem imagens cada vez mais sombrias, com a evolução da estória, juntamente com uma banda sonora excelente, com o típico rock dos anos 70, fazem o espectador ficar lado a lado com a ameaça, sempre presente, e o tormento físico e emocional, evocando tanto a nostalgia quanto a maldade, com habilidade sublime.

Relativamente às interpretações do núcleo principal, destaca-se o trabalho de Ethan Hawke e a jovem Madeleine McGraw, que se destacam superiormente aos restantes atores, por assim dizer é uma longa-metragem “carregada” às costas destes dois atores. Porém o jovem Mason Thames tem altos e baixos na sua performance, enquanto algumas personagens secundárias pouco acrescentam à qualidade da interpretação do filme.

Em suma, The Black Phone tem a marca de Scott Derrickson, realizando um exercício psicológico aos espectadores que ficam agarrados à estória, sendo exibidos momentos chocantes e sustos eficazes de forma indireta, mas com um pavor palpável. Além disto, é notório a envolvência dos argumentistas e produtores ao longo de The Black Phone, pois é possível observar inúmeras referências de filmes anteriores desta equipa técnica assim como os seus cunhos pessoais, o que enriquece bastante a qualidade desta longa-metragem.

Isto tudo faz com que este filme seja uma boa adaptação com uma excelente cinematografia, banda sonora e interpretações de Ethan Hawke e de Madeleine McGraw. Porém, existem erros ocasionais a nível de tom, especialmente das personagens secundárias, parecendo que não estão enquadradas com a estória e o momento adequado. Acima de tudo, The Black Phone consegue ser um filme de terror psicológico que parece ser profundamente pessoal e apaixonado, entregue com o coração e alma de Derrickson.

Partilhamos, convosco o trailer deste filme de terror sobrenatural…

7.0
Score

Pros

  • Narrativa interessante
  • Boa adaptação
  • Excelentes Cenários, Planos e Produção (com inúmeras referências)
  • Interpretação de Ethan Hawke e de Madeleine McGraw

Cons

  • Personagens secundárias pouco aproveitadas
  • Erros ocasionais a nível de tom
  • Transições entre cenas (montagem de determinadas cenas)

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