Análises, Cinema

Spider-Man: No Way Home – Análise

Spider-Man: No Way Home é um filme co-produzido pela Columbia Pictures e Marvel Studios, e distribuído pela Sony Pictures Releasing. É a sequência de Spider-Man: Homecoming e Spider-Man: Far From Home. Dirigido por Jon Watts (diretor de cinema, produtor e roteirista americano. Dirigiu e escreveu os filmes Clown e Cop Car, além da última trilogia cinematográfica do Spider-Man) e escrito por Chris McKenna e Erik Sommers (os mesmos argumentistas das duas prequelas de No Way Home, assim como de Jumanji: Welcome to the Jungle e Ant-Man and the Wasp).

No Way Home explora mais um pouco do conceito do multiverso, existindo referências claras que ligam o UCM aos filmes anteriores do Spider-Man, com a inclusão de alguns vilões, que foram apresentados nos trailers do filme. Por isso, esta aventura possui um elenco bem conhecido pelo público, destacando-se Tom Holland (ator britânico, que ficou mais conhecido por interpretar Peter Parker em Spider-Man no Universo Cinematográfico Marvel, até agora aparecendo até à data em seis filmes: iniciando a sua estadia em Captain America: Civil War e seguindo-se, Spider-Man: Homecoming, Avengers: Infinity War, Avengers: Endgame, Spider-Man: Far From Home. Além deste papel ele participou em The Impossible, Chaos Walking, Cherry, The Devil All the Time, Onward, Spies in Disguise, entre outros). Zendaya (atriz, cantora e compositora norte-americana, mais conhecida pelo seu papel como MJ – Michelle Jones nos filmes de Spider-Man da MCU e também estrelou nas longas-metragens The Greatest Showman e mais recentemente em Dune), Benedict Cumberbatch (ator britânico mais conhecido pelos seus papéis como Alan Turing, no filme The Imitation Game, no qual teve uma nomeação ao Óscar de melhor ator, Sherlock Holmes na série televisiva Sherlock da BBC e como Dr. Stephen Strange no Universo Cinematográfico da Marvel. Também deu a voz ao dragão Smaug na trilogia de The Hobbit, representou Khan em Star Trek: Into Darkness e Julian Assange em The Fifth Estate, Twelve Years a Slave, 1917, The Power of the Dog, entre outros), Jacob Batalon (ator americano-filipino que fez a sua estreia como ator em 2016 no filme North Woods como Cooper e ficou conhecido pelas suas participações nas mais recentes longas-metragens de Spider-Man, interpretando o melhor amigo de Peter, Ned Leeds).

Jon Favreau (ator, diretor e argumentista americano, mais conhecido pelo seu papel na MCU como Happy, o fiel amigo e empregado de Tony Stark), Jamie Foxx (ator, produtor, roteirista, cantor e comediante norte-americano. É conhecido principalmente por atuar como Ray Charles no musical Ray, no qual ganhou o Óscar de melhor ator. Também participou nas longas-metragens Collateral, Django Unchained, Annie, The Amazing Spider-Man 2 onde deu corpo a Electro, entre outros), Willem Dafoe (ator americano indicado quatro vezes ao Oscar, três vezes na categoria de Melhor Ator Coadjuvante pela sua atuação em Platoon, Shadow of the Vampire e The Florida Project e uma na categoria de Melhor Ator por At Eternity’s Gate. Também participou nos filmes Speed 2: Cruise Control, Mr. Bean’s Holiday, The Life Aquatic with Steve Zissou, Finding Nemo, The Last Temptation of Christ, Mississippi Burning, e também em Spider-Man onde interpretou o papel de Norman Osborn – Green Goblin, etc.), Alfred Molina (ator britânico célebre por seus papéis em Raiders of the Lost Ark, The Man Who Knew Too Little, Maverick, Species, Not Without My Daughter, Chocolat, Frida, Steamboy, The Hoax, Prince of Persia: The Sands of Time, The Da Vinci Code, An Education, The Sorcerer’s Apprentice, e também com a sua interpretação em Spider-Man 2 como Doctor Otto Octavius – Dr. Octopus, entre outros), Benedict Wong (ator britânico mais conhecido pelo seu papel como Wong nas adaptações cinematográficas da Marvel), Marisa Tomei (atriz americana de origem italiana, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante pela atuação em My Cousin Vinny. Recentemente atuou como May Parker, tia de Peter Parker, no Universo Marvel Cinematográfico), entre outros.

As Responsabilidades do Aranha…

Spider-Man: No Way Home, inicia imediatamente após os eventos de Spider-Man: Far From Home, onde Peter Parker (Tom Holland) vê a sua identidade secreta como Spider-Man revelada ao Mundo, tornando-se assim a pessoa mais famosa do Planeta. Contudo sempre com uma conotação negativa, visto que é incriminado de assassinar Quentin Beck – Mysterio (Jake Gyllenhaal).

Após uma sucessão de eventos, Peter não tem por onde fugir, e vê-se juntamente com os amigos e família envolvidos num escândalo com proporções astronômicas, visto que mesmo querendo fazer o bem, é mal-tratado e transformado numa ameaça mundial, muito devido à personagens que mais ódio detém por Spider-Man, claro está, estamo-nos a referir ao jornalista sensacionalista J. Jonah Jameson (J. K. Simmons).

Assim sendo, Peter, MJ (Zendaya), Ned (Jacob Batalon), May (Marisa Tomei) e Happy (Jon Favreau) são interrogados pelo Department of Damage Control, algo que também acaba por envolver o nome de Tony Stark, visto que toda a tecnologia de Spider-Man utiliza, assim como os robots usados em Far From Home, têm a autoria das indústrias Stark.

Mas, apesar de todo este escândalo, Peter, amigos e família são deixados em liberdade, já que não existe qualquer acusação oficial que os mantenha sob prisão. Porém, eles já não poderão manter as suas vidas que tinham (pelo menos para já), pois o Mundo sabe onde mora Peter e May, quem são os amigos, mesmo as suas idas à escola são agora uma aventura, já que todos falem fila para tirar fotos, uns para maltratar outros que o venerar. Contudo, para os 3 amigos, neste momento nada é mais importante do que seguirem as suas vidas, e tentarem entrar na universidade do MIT, tendo assim a possibilidade de mudar de cidade, que talvez seja algo benéfico para todos neste momento.

Todo este plano e sonhos de se tornarem alguém diferente, fora da luz da ribalta, não corre como o esperado, pois as suas envolvências em toda a confusão gerada, mantêm-nos presos à polémica, e por muitas tentativas, têm sempre as suas inscrições para a universidade rejeitadas, sendo a justificação sempre a mesma, não os podem aceitar por estarem ligados em volta da polémica de Peter Parker e Spider-Man.

Perante isto, Peter observa toda a desilusão vivida pelos amigos, sentido que o futuro deles está posto em causa por sua culpa, e que eles poderão não singrar na vida, por o conhecerem e serem seus amigos. Todo este sentimento de culpa, do qual Peter não consegue se libertar, deixam-no sem alternativa, tentar encontrar o maior feiticeiro de todos os tempos, que talvez consiga reverter o tempo ou algo do género, para que ele juntamente com os amigos e família voltem a ter uma vida normal.

Assim que se encontra com Dr. Stephen Strange (Benedict Cumberbatch), Parker pede-lhe a todo o custo que este lhe lance um feitiço que reverta toda esta situação, acabando por pedir que o Mundo se esqueça para sempre que Peter Parker é o Spider-Man. Strange, revela que conhece algo que pode ajudar o nosso protagonista e apesar dos avisos de Wong sobre as consequências que podem ocorrer com tal feitiço, o feiticeiro mostra-se confiante nas suas capacidades.

O feitiço do esquecimento pode tomar proporções irreversíveis, não devido às capacidades de magia de Strange, mas de algo que ele não estava à espera (pois não está habituado a lidar com adolescentes), a personalidade irreverente de Peter Parker. Pois enquanto Strange prepara o feitiço, Peter começa a repensar como seria na sua vida e nas “consequências” deste pedido, Strange sentindo que a situação pode ficar descontrolada, quebra o feitiço e contém-o mesmo antes de o lançar para situações adversas não causem uma ruptura no Universo onde habitam.

Peter sentindo que tal feitiço não seria solução, ele aposta numa nova abordagem, demonstrar a todos que todos os envolvidos na polémica nada têm haver com ele e que são pessoas incríveis cujo futuro não deveria ser posto em causa, apenas por conhecerem a identidade de Spier-Man. Ao fazer este discurso na ponte Alexander Hamilton, é atacado por Otto Octavius (Alfred Molina) e Green Goblin (Willem Dafoe).

Peter acaba por ser salvo por Strange que revela, que algo no feitiço não correu bem, e que surgiram novas ameaças neste Universo, provenientes de outros, e que apesar de já ter enfrentado alguns, estes são seres muito perigosos, e que os têm de enviar rapidamente para o seu lugar, senão será o fim deste Universo tal como o conhecemos.

Peter Parker, volta a assumir o manto de Spider-Man, o amigo e vizinho dos habitantes de Nova Iorque, demonstrando assim o herói que é, tendo a missão de salvar toda a gente, interiorizando todas as responsabilidades de um herói e finalmente percebendo as consequências dos seus atos.

O Presente de Spider-Man…

Spider-Man: No Way Home é um filme com um mix de sentimentos e execuções, já que nos apresenta uma variedade de vilões provenientes das longas metragens anteriores, como é o caso de Green Goblin ou Dr. Octopus, que são marcas referentes ao Universo Spider-Man. Neste filme, ainda podemos contar com alguns elementos oriundos da cinematografia de Strange, desde a Mirror Dimension, entre outros.

Esta longa-metragem é apresentada pelo realizador Jon Watts, e segue a estória de Peter Parker após os eventos de Spider-Man: Far From Home, é filme com uma premissa brilhante, colocando em causa quer a maturidade, quer a personalidade de Peter e Spider-Man. Peter ao longo do filme, vai crescendo como pessoa e percebe finalmente que todas as suas ações têm consequências, e que como herói que é tem responsabilidades em todos os seus atos.

Pois até Spider-Man: No Way Home, Peter é rodeado por uns fantásticos amigos, que o apoiam, dão suporte e ajudam-no a resolver alguns problemas pessoais, além destes ainda tem todo o apoio dos heróis mais poderosos da Terra, principalmente de Tony Stark (mesmo não estando presente, é a personalidade deste que ajuda Peter a crescer), e sempre que alguma das suas ações cause problemas estes estão lá para o ajudar a resolver. Todas as passagens de Peter Parker e Spider-Man, acabam por ser facilitadas muito devido ao apoio que tem, mas em No Way Home, Parker é obrigado a crescer e a resolver os seus assuntos, mesmo com ajuda de outros, ele percebe que nem sempre os seus amigos estarão lá para ele, e que tem de tomar decisões e ser responsabilizado por elas.

A cinematografia está bem enquadrada nesta longa-metragem, pois temos um bom mix entre a franquia de Spider-Man e de Dr. Strange, fazendo uma boa ligação sem que se pareça algo forçado. Contudo, por vezes são utilizados planos mais abertos para amenizar toda a tensão e o tom do filme, de forma a este seja um pouco mais leviano para os espectadores.

Ainda a nível técnico, as coreografias dos combates são executadas quase na perfeição, existindo um bom nível não apenas nas batalhas, mas também nos cenários e planos utilizados para que haja uma maior imersão pelo público. No entanto, o CGI que nos acompanha ao longo do filme não mantém este mesmo nível, pois em certos momentos a execução não é a melhor, e na cena seguinte é brilhante, sendo demonstrado uma incoerência na qualidade deste.

A nível de interpretações, Spider-Man: No Way Home, de forma geral apresenta um alto nível de qualidade nas interpretações dos atores, destacando-se o brilhantismo de Willem Dafoe, assim como Alfred Molina em que os dois “nasceram” para dar corpo a Green Goblin e Dr. Octopus. Uma pequena curiosidade, o ator Willem Dafoe apresenta-se nesta longa-metragem sem duplos em todas as cenas, demonstrando toda a destreza e capacidade de interpretação do ator. Tom Holland, tem em No Way Home, uma das suas melhores interpretações da carreira até ao momento, porém, esta brilhante atuação poderia ter sido ainda mais aproveitada, sendo que quer a construção da narrativa, quer a edição do filme, diminuem bastante a qualidade da atuação “estragando” talvez a melhor atuação de Tom Holland.

Apesar de todo o filme ter uma premissa brilhante, a narrativa construída, assim como a edição, infelizmente, afetam negativamente este mais recente título de Spider-Man, pois todo o desenvolvimento em torno dos vilões, quase não tem destaque, as suas motivações a partir de um determinado momento deixam de fazer sentido, não existindo uma conexão lógica aos acontecimentos em seu redor, à exceção de Green Goblin e Dr. Octopus. O desenvolvimento das personagens secundárias, como MJ e Ned, apesar de terem um maior destaque, acabam por não ser executados da melhor maneira, pois em alguns momentos as suas atuações parecem forçadas ao seu desenvolvimento. Contudo, o desenvolvimento em torno do romantismo entre Peter e MJ, tem um crescendo nesta longa-metragem e foi algo que acabou por ser bem introduzido.

Destaca-se ainda a banda sonora, que tem um desempenho magnífico, conseguindo compilar vários temas num único, dando a sensação que todas as músicas fazem parte do mesmo tema, algo que foi executado de forma soberba.

Em suma, Spider-Man: No Way Home, é um bom filme, sem sombra de dúvidas que qualquer pessoa vai sair do cinema contente e feliz com o que nos foi apresentado, sendo que este acaba por ser uma longa-metragem bastante nostálgica e muito emotiva, sendo quase uma celebração dos 20 anos de Spider-Man no cinema. O trabalho da realização é bem estruturado, já que consegue introduzir elementos e fazer ligações entre tudo de forma esplêndida, numa premissa brilhante, a banda sonora é o segredo por detrás do sucesso de No Way Home, já que os temas iluminam toda esta aventura. A nível de interpretações, é notável a qualidade apresentada, principalmente pela entrega de Willem Dafoe, Alfred Molina e Tom Holland. Porém, a construção da narrativa, assim como a edição desta longa-metragem têm um contributo negativo, já que acabam por impedir que Spider-Man: No Way Home seja o melhor filme da franquia Spider-Man e quiçá também de ser o melhor filme da MCU.

Partilhamos, convosco, o trailer do filme celebrativo de 20 anos de Spider-Man no cinema…

8.0
Score

Pros

  • Premissa Brilhante
  • Banda Sonora soberba
  • Interpretações magníficas de Willem Dafoe, de Alfred Molina e de Tom Holland
  • Excelentes coreografias das batalhas
  • Um bom fan-service para a celebração de 20 anos de Spider-Man no cinema

Cons

  • Fraca construção da narrativa e edição do filme
  • Desenvolvimento forçado de algumas personagens
  • Qualidade incoerente do CGI ao longo da longa-metragem

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