Análises, Cinema

Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings – Análise

Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings, é a mais recente produção cinematográfica da Marvel Cinematic Universe (MCU). Esta longa-metragem, com direção e argumento de Destin Daniel Cretton (diretor havaiano, a dar os primeiros passos na indústria cinematográfica em Hollywood, já conta com alguns filmes como: I Am Not a Hipster, Short Term 12, The Glass Castle, The Shack e Just Mercy), é uma mistura do mundo cinematográfico da Marvel, que todos os espectadores estão habituados a ver, com o Mundo das produções orientais, que se tornaram muito famosas a partir da década de 70.

Este filme apresenta um elenco peculiar, mas bastante interessante, já que na sua maioria os atores são ou têm descendência asiática, o que enriquece muito esta produção. Este elenco conta com a participação do veterano Tony Leung Chiu-wai (ator galardoado chinês com nacionalidade britânica, reconhecido pelas suas interpretações em People’s Hero, My Heart is that Eternal Rose, Happy Together, In the Mood for Love, Infernal Affairs, Lust, Caution, entre outros), Simu Liu (jovem ator, conhecido maioritariamente pelo trabalho como duplo, mas também, pelas suas interpretações em séries como Nikita, Blood and Water, Kim’s Convenience, Yappie), Awkwafina (jovem atriz e rapper, conhecida pelas suas interpretações em longas-metragens como Ocean’s 8, Jumanji: The Next Level; pela seu trabalho de voz nas animações The Angry Birds Movie 2, The SpongeBob Movie: Sponge on the Run, Raya and the Last Dragon; e pela sua participação em séries tais como Girl Code, Future Man, The Dark Crystal: Age of Resistance, Awkwafina Is Nora from Queens, entre outros), Fala Chen (atriz de origem chinesa, conhecida pelas interpretações nas séries Forensic Heroes, Heart of Greed, Steps, No Regrets, The Undoing; mas também em alguns filmes como: Turning Point, I Love Hong Kong, Secret Treasure, entre outros), Florian Munteanu (ator e modelo alemão, conhecido maioritariamente pela sua participação nos filmes Bogat e Creed II).

Os Dez Anéis…

Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings, inicia com a lenda de um guerreiro, que conquistou nações, e derrotou impérios, devido ao poder dos Anéis míticos (“reza” a lenda que guerreiro os possa ter encontrado estes numa cratera, ou os ter roubado de um túmulo), pois estes forneceram-lhe um poder imenso e a dádiva da vida eterna.

Mas estas conquistas não eram suficientes para ele, ansiando por mais poder, criou assim o exército dos Dez Anéis, e juntos tinham a capacidade de mudar o curso da “história” tal como a conhecemos. Pois, era um exército com habilidades únicas, que podiam atacar em várias frentes (nas sombras sem serem vistos, infiltrados dentro das maiores organizações, etc.) e assim conquistar tudo o que desejavam.

Devido a este sentimento de invencibilidade, o guerreiro, sentia-se atraído por uma aldeia ancestral (que basicamente existia entre este Mundo e outra dimensão), com criaturas míticas, que poderiam fazer com que ele alcançasse o poder absoluto.

Contudo, esta conquista não foi uma tarefa fácil, pois ao chegar lá, o homem invencível foi derrotado durante o confronto. Esta situação deixou-o vulnerável, fazendo com que este posteriormente abdica-se da sua obsessão de conquista e de poder, tudo por amor a uma mulher, que culminou no pequeno Shang-Chi.

Já no presente, o jovem adulto Shang-Chi, agora conhecido como Shaun (Simu Liu), vive na cidade da Califórnia, nos Estados Unidos da América, onde trabalha num hotel como arrumador de carros, juntamente com a sua amiga de longa data, Katy (Awkwafina).

O nosso protagonista, é um jovem pacato, com uma rotina convencional, saindo por vezes com a sua amiga, para fazerem umas sessões de karaoke juntos, até que um dia tudo muda. Ao irem de camioneta para o trabalho, são abordados por um grupo de pessoas, que têm um interesse peculiar pelo colar que Shaun (Shang-Chi) traz ao pescoço.

Sem muitas cerimônias, Shaun começa a se defender dos assaltantes (nada comuns, pois possuíam armas muito avançadas), num embate épico, começando a mostrar capacidades de combate, deixando todos de boca aberta, incluindo a sua amiga, que não conhecia as suas habilidades e o seu passado.

Após este embate, o nosso herói apercebe-se que os assaltantes conseguiram ficar com o seu colar, e assim a sua única solução é fazer uma viagem de regresso às suas origens e tentar perceber a importância deste adereço.

Após estes eventos, Katy confronta Shaun sobre a sua estória de vida, à qual ele acaba por contar que o seu verdadeiro nome é Shang-Chi, e que é filho de um guerreiro notável, de seu nome Xu Wenwu (Tony Leung Chiu-wai) que conquistou vários impérios, e que era obcecado por poder, obrigando-o a treinar com a sua legião de assassinos, para se tornar o seu sucessor.

Shang-Chi e Katy chegam a Hong Kong em busca de respostas. Primeiramente eles vão a um clube clandestino de luta, onde toda a gente o reconhece, pelo seu notável combate na camioneta. Devido às suas reconhecidas habilidades, ele é convencido a entrar num ringue de combate para provar o seu valor. No entanto, assim que este termina, ele acaba por cair numa armadilha, preparada pelo exército dos Dez Anéis.

Após a chegada deste exército, Shang-Chi reencontra o seu pai, e relembra-se de alguns momentos do passado, fazendo-o recordar o momento em que fugiu ao regime que Xu Wenwu lhe impunha, tudo para o tornar num dos maiores assassinos. Mas Xu, ao ver como o seu filho se desembaraçou dos assassinos enviados, sente-se orgulhoso no treino dado a este. O pai de Shang-Chi explica-lhe o motivo de ter mandado “roubar” o colar, e qual o seu propósito. Seguidamente ele revela ao seu filho o caminho para Ta Lo, a aldeia ancestral, recheada de criaturas míticas.

As razões e as ideias de Xu Wenwu, não convencem Shang-Chi. Então o nosso protagonista decide partir numa jornada pela descoberta de Ta Lo, para proteger esta aldeia da ameaça do seu pai, que tem como objetivo sucumbir esta a cinzas.

Assim, que chega a Ta Lo, é surpreendido pela receção afável. Ele é reconhecido como um “filho da terra”, já que a sua mãe, Ying Li (Fala Chen) era uma aldeã daquele local ancestral. Nesta terra mágica e cheia de mistério, ele fica a saber que pode obter o poder do espírito do dragão, necessário para derrotar o seu Xu Wenwu (seu pai) e os seus Dez Anéis.

Os Dois Mundos…

Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings, vai ser sem dúvida, um marco nos filmes dentro do Universo da Marvel, devido à forma brilhante como Destin Daniel Cretton produziu esta longa-metragem, que leva-nos numa viagem pelos icónicos filmes orientais, sendo claramente uma louvada homenagem a estes, existindo diversas referências (desde momentos, que nos fazem lembrar os combates de Bruce Lee ou Jackie Chan, ou à mais icónica cena do filme Crouching Tiger, Hidden Dragon – O Tigre e o Dragão).

As interpretações de Simu Liu e Tony Leung Chiu-wai, são fantásticas, sendo muito carismáticas, principalmente quando estão os dois em cena. No entanto, a personagem de Tony Leung Chiu-wai (Xu Wenwu), apesar de ter um início bastante bem construído e com uma conotação bastante negativa, vai perdendo a força ao longo do filme, dando o sentimento que falta um pouco mais de presença a este vilão, para ser extremamente temido (visto que ele possui o poder absoluto dos Dez Anéis e uma vida eterna).

A cinematografia, tal como a banda sonora, são soberbas. Ressalva-se, que a banda sonora faz-nos imergir completamente nas mitologias orientais, e em todo o universo presente em Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings. A nível de planos e design de todo o Mundo, principalmente em Ta Lo (a aldeia ancestral), é um vislumbre para quaisquer olhos, é impossível ficar indiferente à beleza apresentada nesta aldeia, assim como as criaturas nela existentes, transportando-nos para uma outra realidade, muito diferente da apresentada na primeira parte do filme.

Em suma, Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings, é talvez o melhor filme da Marvel Cinematic Universe, após o final da saga dos Avengers: Endgame, mostrando-nos todo um Universo diferente do que qualquer espectador possa esperar, sem dúvida é uma realização bem conseguida.

Contudo, tal como mencionado anteriormente, as interpretações de Simu Liu e Tony Leung Chiu-wai são soberbas, pecando apenas a força e presença que o vilão tem. Apesar da cinematografia ser fantástica, algumas cenas de combate, exageram na quantidade de slow-motion apresentados (sendo muitos deles apenas interação entre personagens), não direcionadas diretamente à luta em si. Além deste problema, os flashbacks não são sempre consistentes, pois o diretor Destin Daniel Cretton, por vezes demonstra cenas do passado quer de Shang-Chi, quer de Xu Wenwu, enquanto outros momentos, que podem ser considerados mais relevantes (podendo ter tido mais impacto se tivessem sido mostradas em flashback), são apenas referidos no decorrer do filme.

Por fim, Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings, é mais um filme diferente, do que estamos habituados a ver no grande ecrã com as produções da Marvel (há semelhança de Dr. Strange ou Ant-Man). Porém, existe uma separação muito notória da primeira parte desta aventura para a segunda, parecendo que estamos a ver dois filmes totalmente diferentes, criando uma sensação de estranheza e de falta de coesão/ligação nesta longa-metragem. Dito isto, e apesar de toda a sua qualidade, Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings, é um sólido e bem conseguido 7/10.

Partilhamos, convosco o trailer do mais recente herói da Marvel

7.0
Score

Pros

  • Premissa interessante
  • Cinematografia excelente
  • Banda sonora soberba
  • Design do Mundo de Ta Lo
  • Interpretação de Simu Liu e Tony Leung Chiu-wai

Cons

  • Falta força ao vilão, para ser verdadeiramente temido
  • Falta de coesão, dando a sensação de estarmos a ver dois filmes diferentes (Mundo Real vs Ta Lo)
  • Slow-motion exagerados

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