Análises, TV

Sandman (Netflix) – Análise

The Sandman é a mais recente série de drama e fantasia mais visionada até a data da Netflix, baseada na estória das Comics de 1989-1996 escrita por Neil Gaiman (renomado e premiado autor inglês mais conhecido pela sua Comic The Sandman e os romances Stardust, American Gods, Coraline, The Graveyard Book, etc.) e publicada pela DC Comics. A série foi desenvolvida por Gaiman, David S. Goyer (cineasta, romancista e escritor de Comics americano mais conhecido por escrever os roteiros da trilogia Blade, a trilogia Dark Knight de Christopher Nolan, Man of Steel, Batman v Superman: Dawn of Justice, etc.) e Allan Heinberg (escritor e roteirista americano mais conhecido pelos seus trabalhos em Wonder Woman, The Naked Truth, Party of Five, Sex and the City, Gilmore Girls, The OC, Grey’s Anatomy, etc.).

A série é estrelada por Tom Sturridge (jovem ator britânico que atuou em Being Julia, Like Minds e The Boat That Rocked.), Boyd Holbrook (ator americano que participou nos filmes Milk, Out of the Furnace, Run All Night, A Walk Among the Tombstones, Gone Girl, Logan, etc.), Patton Oswalt (comediante, ator e escritor americano mais conhecido por ter atuado no filme Space Cop e ter dado a voz da personagem Remy na animação da Pixar Ratatouille), Vivienne Acheampong (comediante e atriz britânica mais conhecida pelos seus papeis no filme The Witches e na série The One), Vanesu Samunyai (jovem atriz britânica a dar os seus primeiros passos na TV), Mason Alexander Park (jovem ator americano mais conhecido pelo seu trabalho na adaptação da Netflix do anime Cowboy Bebop), Jenna Coleman (jovem atriz britânica mais conhecida pela sua interpretação de Clara Oswald na série de ficção científica Doctor Who), Charles Dance (renomado ator, roteirista e diretor de cinema inglês mais conhecido por interpretar vilões e figuras autoritárias, quer para a TV quer para o cinema. Alguns dos seus papéis que tiveram maior destaque foram: Tywin Lannister em The Game of Thrones, The Jewel in the Crown, The Golden Child, Alien 3, Last Action Hero, Dracula Untold, The Imitation Game e Mank), Gwendoline Christie (atriz e modelo britânica mais conhecida por interpretar a guerreira Brienne de Tarth na série de televisão The Game of Thrones da HBO. Participou também nos dois últimos filmes The Hunger Games e mais recentemente em Star Wars: The Force Awakens), entre outros.

O Mundo dos Sonhos…

The Sandman conta a estória de Dream of The Endless, Lord Morpheus ou Sandman (Tom Sturridge), em dois arcos um pouco distintos. O primeiro está mais ligado à sua captura de forma equívoca por Roderick Burgess (Charles Dance), que tinha como principal objetivo capturar um Deus de forma a recuperar o seu filho. Enquanto o segundo arco está mais relacionado com uma possível ameaça para todos os reinos, não só do Sonho ou do Mundo Real, assim como todos os outros Reinos existentes.

Tal como mencionado anteriormente, Lord Morpheus foi capturado de forma equívoca durante cerca de um século, e durante este período todo o Mundo foi afetado negativamente pelo Reino do Sonho, isto é, umas pessoas deixaram de sonhar e outras ficaram a dormir eternamente.

Durante este longo período, e Morpheus tendo deixando o seu Reino dos Sonhos abandonado durante esse tempo, foi criado o “Caos”, quer no Mundo dos vivos quer no Mundo dos sonhos. Assim que consegue se libertar de tal tormento, Sandman apenas tem uma missão: restaurar todo o Reino dos Sonhos. Mas, para isso necessita de recuperar os seus instrumentos que foram roubados aquando a sua clausura.

Porém, quando tudo parece que está a entrar nos eixos no reino dos Sonhos, eis que surge uma nova ameaça, que apesar de estar contida, poderá colocar em perigo mais uma vez o Mundo dos Vivos e dos Sonhos, e causar a destruição de todos os Reinos.

Assim que Morpheus tem conhecimento de tal perigo, o nosso protagonista quer tentar utilizar esta anomalia para seu próprio proveito e assim recuperar todos aqueles que fugiram do seu destino. Pois, alguns dos seus servos fugiram quando a queda do seu Reino e ficaram perdidos/escondidos no Mundo dos Vivos. Pois Morpheus acredita que todos os seus servos ausentes irão de alguma forma tentar entrar em contacto com tal poderoso ser e ele pretende assim aproveitar desse momento para recuperar estes seus servos.

Após o fecho deste último arco, ficamos a saber que os seres também são afetados pelo Mundo dos Sonhos, no episódio especial (que na verdade é dividido por duas partes) a primeira parte, Dream of a Thousand Cats, onde é mostrada a perspetiva dos Gatos, e como estes são afetados pelos Sonhos. Já na segunda parte do episódio, descobrimos mais um pouco da vida passada de Morpheus, também através de uma estória da captura de Calliope.

As Aventuras entre Reinos…

A série de Sandman possui 10 episódios principais e 1 episódio especial (dividido em duas partes), onde conta as aventuras de Morpheus, tanto no presente quanto no passado, mas, também nos diferentes Reinos (Sonhos e Inferno). Estes saltos temporais e de locais servem para apresentar o protagonista e as suas motivações, assim como as outras personagens secundárias, oferecendo assim diferentes perspetivas.

Numa primeira fase, esta série foca-se na premissa que representa a adaptação de Preludes & Nocturnes, para além de demonstrar diversos Reinos e os seus governantes, assim como as “regras” existentes entre Reinos e como os seus governantes devem proceder entre eles, sendo uma ótima introdução do todo este Universo e como este funciona. Também revela algumas personagens significantes, como é o caso de The Corinthian (Boyd Holbrook), a sua fiel amiga e bibliotecária Lucienne (Vivienne Acheampong), tendo mais impacto da segunda parte de série onde a premissa se baseia na adaptação de The Doll’s House.

Mesmo a série possuindo uma bela narrativa, a nível do ritmo esta por vezes é inconsistente, especialmente nos episódios finais, que claramente beneficiariam se o ritmo fosse mais lento, de forma a ficar mais claro a evolução dos diferentes eventos.

Contudo, é claramente demonstrado o respeito pelo trabalho original, apesar de algumas mudanças por vezes tornarem-se um pouco forçadas e previsíveis, devido à tentativa de ser o mais politicamente correto possível, provavelmente numa tentativa de atrair mais público. No entanto, destaca-se por vezes pela negativa a necessidade exagerada da inclusão da diversidade de orientação de género (chegando a um extremo, que a cada cena existe um romantismo de diversas orientações). Já a inclusão de género e racial na série é trabalhada de forma fenomenal, pois sendo que alguns Eternos não têm género ou cor, a diversidade é uma boa forma de incluir todos os tipos (um bom exemplo foi também o filme Come Away).

Os personagens, de forma geral, têm carisma e cumprem seu o papel, especialmente devido ao elenco central e aos atores veteranos, transmitindo o que é pretendido, conseguindo capturar os diferentes mundos peculiares. Embora a nível de interpretações, em especial dos mais jovens atores, não são por vezes tão consistentes quanto o desejável.

A nível de trabalho técnico, destaca-se a excelente sonografia, trabalho de imagem e cenários da série, criando uma atmosfera que mistura momentos sombrios e escuros, e gradualmente passando para outros mais luminosos, emocionais ou até mesmo divertidos. Em relação ao CGI, este tem os seus momentos, pois ao primeiro impacto parece estranho, contudo, ao longo da série percebemos o verdadeiro intuito neste trabalho, pois sempre estamos na presença de Morpheus ou alguns de elementos/personagens ligadas ao seu Reino, todo o ambiente e CGI é executado de uma forma ambígua para nos dar a ilusão de Mundo Real e Sonho, ou da existência de elementos/personagens que não pertencem ao Mundo dos Vivos.

Em suma, The Sandman é uma estória que de certo agrada os fãs do género do fantástico e das Comics, existindo um ótimo trabalho nos debates morais entre os seres humanos e os pertencentes aos outros reinos. Este trabalho consegue fazer bem o balanço entre a escuridão e luz, apresentando uma trama principal com sub-tramas muito interessantes e com temas muito discutíveis e atuais. Porém, não é uma série perfeita, pois a nível de interpretações, CGI (que pode não ser apelativo a todos), de ritmo da narrativa e de mudanças de contexto, poderiam ser melhores, mas principalmente a nível da inclusão da orientação de género (que por vezes é executada de forma exagerada e quase irrealista). Contudo, é visível a homenagem à estória original do lendário Neil Gaiman, conseguindo capturar a essência das Comics, que é a chave para qualquer adaptação para a pequena ou grande tela, sendo assim uma excelente adaptação.

Partilhamos, convosco o trailer deste sucesso da Netflix

7.0
Score

Pros

  • Premissa interessante
  • Excelente adaptação das Comics
  • Interpretação de Tom Sturridge e Boyd Holbrook
  • Excelente banda sonora e sonografia
  • Trabalho soberbo a nível de design, imagem e cenários

Cons

  • Inclusão por vezes exagerada e irrealista da orientação de género
  • Interpretações dos atores mais jovens
  • Ritmo do desenvolvimento da narrativa (principalmente último arco)

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