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Resident Evil Village (PC) – Análise

Resident Evil: Village é o mais recente título da franquia Residente Evil produzido pela Capcom, com direção de Koshi Nakanishi (onde iniciou o seu caminho como diretor em Resident Evil 7: Biohazard) e argumento de Richard Pearsey (na origem do argumento de F.E.A.R.: First Encounter Assault Recon: Extraction Point, Resident Evil 7: Biohazard, entre outros). Este novo título é a sequela de Resident EVIL de 2017 (ou conhecido pela maioria como Resident Evil 7: Biohazard), que segue a estória de Ethan Winters em busca da sua esposa Mia desaparecida numa província do Louisiana, onde o seu último contacto leva Ethan a uma residência estranha, habitada pela família Baker.

Em Resident Evil: Village, o jogo dá uma pequena introdução, para enquadrar o jogador na estória (para alguns será viver um pouco do passado, para outros conhecer o que aconteceu no título anterior), pois continuamos a jornada de Ethan Winters e da sua família, posicionamo-nos assim, 3 anos após os eventos vividos na residência dos Baker.

As 4 casas…

Após esta pequena introdução, Resident Evil: Village, inicia de imediato de forma horripilante, mas ao mesmo tempo uma animação magnífica, onde nos é narrado um conto, de uma aventura de uma menina pelo bosque, que se depara com quatro criaturas, três delas oferecem-lhe algo, mas a menina cheia de ganância tira a oferenda do quarto, sem que este permita.

Esta atitude, gerou uma consequência impensável pois das sombras do bosque surge uma bruxa malvada que aterroriza a pequena criança…

E com esta narração e ao som de uma música imersiva, iniciamos Resident Evil: Village. Pois, quem narra o conto é Mia (esposa de Ethan Winters) para a sua filha Rose adormecer.

Assim que a pequena Rosemary (ou Rose como os pais a tratam) adormece, é quando nós (jogador) começamos a participar mais ativamente no jogo, iniciando um pequeno tutorial, que para quem jogou o título anterior rapidamente reconhece todos os comandos.

Assim, de forma muito leve e subtil, sem tormentos, levamos a pequena Rose para o seu berço, e para os mais curiosos, permitam-se a explorar a casa, existindo diversas referências sobre os últimos 3 anos (o que aconteceu após os eventos em Lousiana). Podemos ver registos médicos da pequena, também ficamos a conhecer que a família Winters mudou-se recentemente para a Europa de forma a iniciar um nova vida e tudo com a ajuda do velho amigo Chris Redfield.

Mas este sossego, depressa acaba e toda a ação ressurge, ainda estávamos a nos ambientar ao jogo e a apreciar os detalhes, quando somos atirados para o meio de uma rusga noturna, onde toda a família de Ethan é-lhe completamente retirada, sem nenhuma explicação dada.

Mas para surpresa do protagonista, é quando este se apercebe que é uma cara bem conhecida que está por detrás de tudo, referindo que é o melhor para todos.

Para quem conhece Ethan do jogo anterior, sabe que ele não é uma pessoa de se deixar ficar, e que de tudo fará para reencontrar a sua família, nem que para isso tenha de dizimar todos aqueles que pensem em enfrentá-lo.

E a partir deste momento, submergimos num ambiente de iluminação e com uma sonoridade incrível, onde na escuridão da noite, percorremos um bosque ouvindo cada detalhe do que nos rodeia, até chegarmos a uma pequena aldeia e no fundo do horizonte observamos o tão aguardado castelo que reconhecemos de imediato dos trailers anteriormente apresentados.

É nesta aldeia que os detalhes começam a ser inúmeros e recheados de informação (do que estás prestes a acontecer) e de mitos, pois os mais atentos irão reparar nos corvos pendurados de cabeça para baixo, vários molhos de alho às portas das casas dos habitantes e cabeças de bodes pendurados, acabando por ser tudo referência ao folclore, onde alho está associado aos vampiros, corvos às bruxas e as cabeças de bode aos demónios. Mas não se admirem, pois Resident Evil: Village apresenta estes mitos e outros em abundância, que apenas os que têm curiosidade em os explorar irão os encontrar.

Ainda não sabemos muito bem o que se passa neste Mundo, e apesar de acharmos que estamos num momento mais relaxante, somos de imediato atacados por uma legião de monstros que vai deixar qualquer jogador arrepiado e numa tensão imensa porque não tem por onde escapar destas criaturas.

Após este pequeno evento, percebemos que os aldeões, escondem-se de tais monstros, e que apenas rezam a uma santa, que surgiu há uns anos atrás naquela aldeia, trazendo consigo abundância e felicidade para todos, e que apenas ela os pode salvar. Pois é ela que os consegue manter a salvo dos 4 Lords que habitam aquele local, pois eles possuem distúrbios mentais diferentes entre eles), sentindo-se de uma certa forma inferiorizados, mas a tal santa conseguiu com que estes se mantivessem afastados mantendo assim os aldeões a salvo.

Ethan começa aos poucos a ser introduzido e a se familiarizar com todos estes costumes, mitos e lendas e mantendo-se sempre em atenção dos locais que deve manter afastado. No entanto, o nosso protagonista, estando sempre focado na procura pela família, faz com que ele entre num lugar no qual não deveria ter ido.

E assim, de repente um dos Lords captura Ethan, levando-o a uma reunião com os Lords das 4 casas de Village. Aqui ficamos assim a conhecer um pouco cada um deles e as suas personalidades, havendo um maior destaque pela Lady Dimitrescu que se apresenta como mimada, presunçosa e “picuinhas” no que quer. Ainda nessa reunião, existe também alguma ênfase para o Lord Heisenberg, um ser mais determinado dos seus atos, patriarca e é um gênio da engenharia.

Ethan desperta em cada um destes Lords um interesse espontâneo, sendo várias vezes referido que ele é especial. Assim que tentamos escapar das mãos destes vilões, Ethan vê-se encurralado pela Lady Dimitrescu e das suas 3 filhas, que após um confronto com estas ficamos a conhecer o paradeiro de Rosemary, ficando assim Ethan sedento de vingança de cada um dos Lords.

The Village of Shadows…

Resident Evil: Village, sendo o sucessor direto de Resident Evil 7: Biohazard, seria expectável que mantivesse o mesmo registo, ou seja, um jogo claustrofóbico, sem recursos e em que a tensão fosse gradualmente aumentando por estarmos envolvidos e aprisionados a um local do qual não temos escapatória possível. Contudo, apesar de este ter sido o ponto de viragem da fórmula (ou nova fórmula de reinvenção) do género de Resident Evil, tal como o conhecemos, o mesmo não acontece neste mais recente título.

Em Village, aproveita bem a fórmula usada no anterior, mas insere mais uma pitada de ação, aproximando-o um pouco ao formato antigo (nos momentos de ação). Esta mistura destas duas fórmulas funcionou extremamente bem e talvez seja a receita para o futuro da franquia de Resident Evil. Não pensem que o jogo foi completamente mudado em relação ao anterior, existem secções que nos vão fazer relembrar os momentos na casa dos Baker, mas não é só disso que este título se assenta.

Pois com este novo formato, existe algum tempo para respirar, não estando o jogador em constante tensão sobre algo que lhe possa acontecer (mesmo utilizando os quartos seguros onde é possível gravar o jogo). No entanto, todo o ambiente que nos rodeia, juntamente com audio design, que está absolutamente fabuloso, mantém-nos sempre atentos aos ínfimos pormenores.

Apesar de cerca de 10 horas de jogo base (que vai depender um pouco da dificuldade que jogam ou nos desafios extras), este mantém com o tempo certo de tela e aproveita bem as personagens em volta de Village.

Além disso, mantém-se cativante até ao final, sendo a narrativa uns dos pontos chave deste jogo, já que é um elo forte de ligação ao seu antecessor. Resident Evil: Village, vive em torno da família, não só de Ethan Winters, mas também dos aldeões da localidade, como dos 4 Lords, que acabam por se tratar de “irmãos”.

Devido a todo este foco na narrativa, todas as personagens apresentam uma backstory, e são facilmente percetíveis as motivações de cada um, uns querem apenas uma família, outros vingança e outros apenas poder e (re)conhecimento. Em Village todas as personagens têm voz e/ou algo a dizer, sendo das melhores personagens construídas, os Lords Heisenber (sendo talvez das mais icónicas também, tudo devido à interpretação do ator) e Moreau. Contudo, existe uma que apesar de não ter um grande desenvolvimento é um suporte notável a Ethan, que é o Duke. O motion capture também é brilhante, sendo um bom aditivo à fórmula, assim como o design dos cenários que apresentam um paralelismo bem enquadrado no ambiente das personagens em questão. Ainda em relação aos vilões, realça-se que cada um tem os seus próprios servos, sendo que nós temos de nos adaptar a cada zona, pois a forma como uns se comportam e os derrotamos (o método que usamos), poderá não ser o mesmo.

Tal como referido anteriormente é bastante gratificante e recompensador explorar todo o Mundo, não só pelas armas e colecionáveis adquiridos, mas também para termos um maior conhecimento dos habitantes deste meio, principalmente para conhecermos melhor as motivações dos vilões (por vezes ficamos ligados a estas personagens). O regresso da mecânica do “mercador” (algo que conhecemos bem de Resident Evil 4), é algo sublime para esta experiência, apesar de facilitar em algumas coisas (como por exemplo, aumento de munição), visto que estamos constantemente em ação.

A nível gráfico, Village é estonteante, tudo possui um excelente detalhe, principalmente o que é importante para o jogador. A banda sonora que nos acompanha nesta aventura é magnífica, fazendo uma combinação perfeita com o ambiente, design do Mundo e iluminação. Quanto ao áudio, este título apresenta um dos melhores audio design dos últimos tempos em vídeojogos, seja com a mistura e/ou edição de som, pois se estiverem atentos, detetam cada pormenor que o jogo nos oferece. Esta edição é de tal forma bem conseguida, que nos momentos certos aumenta a tensão e torna-se bastante horripilante, e nos momentos de maior ação, a introdução banda sonora toma conta do jogo.

Porém, nem tudo está no seu máximo esplendor, pois seria expectável (pelo menos para mim) algo mais desafiante, mesmo numa dificuldade superior (ou máxima) os bosses não apresentam um desafio para o jogador, pois por vezes é extremamente mais desafiador o combate com um grupo de servos do que com os Lords, em momentos, o jogador vai de 80 (passar de um grupo de servos) para um 8 (boss da área). Para alguns, algumas mecânicas, ou mais propriamente soluções de alguns problemas, formas como foi dado a volta à situação (no desenrolar da estória), podem parecer demasiado estranhas, ou até mesmo que não fazem sentido nenhum, mas terão de aguardar, pois há alguma explicação, e a ligação ao outros títulos anteriores, pode ser uma delas.

Em suma, Resident Evil: Village, é e vai ser um título que marcará os próximos vídeojogos da franquia, não só pela sua forma própria que se destaca das sagas anteriores, mas também, por ser apenas a ponta do iceberg da família Winters. Tal como mencionado, esta aventura está soberba a nível gráfico, narrativa, audio design, motion capture e banda sonora. O desenvolvimento das personagens é muito bem conseguido para um jogo do género, por isso, para quem gosta deste tipo vídeojogos certamente que Resident Evil: Village não vai dececionar.

Deixamos-vos o trailer deste survival de terror…

9.0
Score

Pros

  • Permissa e a narrativa
  • Audio Design estonteante
  • Desenvolvimento de personagens
  • O grafismo
  • Banda sonora
  • Level/Cenário Design
  • Motion Capture
  • Exploração gratificante
  • Cada Lord tem uma tipologia distinta de servos
  • Reintrodução do extra - Mercenários

Cons

  • Os bosses poderiam ser mais desafiantes
  • Para alguns existem pormenores que no desenrolar da estória poderão ser estranhos (no entanto, estes têm uma explicação)

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