Análises, Cinema

Resident Evil: Welcome to Raccoon City – Análise

O diretor Johannes Roberts (diretor mais conhecido pelos seus trabalhos dos filmes do gênero de terror, tais como a franquia 47 Meters Down, Hellbreeder, Darkhunters, Forest of the Damned, The Other Side of the Door, entre outros) traz-nos as origens da popular saga Resident Evil, apresentando esta estória, que ganhou fama através dos videojogos, a uma nova geração de fãs com o seu novo filme Resident Evil: Welcome to Raccoon City.

O elenco do desta longa-metragem, possui algumas caras conhecidas do Mundo do cinema, tais como: <strong (atriz inglesa que ficou conhecida por interpretar Teresa na franquia Maze Runner. Também teve contracenou nos filmes Moon, Clash of the Titans, Tiger House, Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales, Crawl, The King’s Daughter, etc.), Robbie Amell (ator canadiano que iniciou a sua carreira cinematográfica com o filme Cheaper by the Dozen 2. Também participou nos filmes American Pie Presents: Beta House, Struck by Lightning, The DUFF, The Babysitter, When We First Met, The Babysitter: Killer Queen, etc.), Hannah John-Kamen (atriz inglesa que participou nos filmes Star Wars: The Force Awakens, Tomb Raider, Ready Player One, Ant-Man and the Wasp, entre outros), Tom Hopper (actor inglês que ficou mais conhecido pelas suas interpretações na TV, como Sir Percival em Merlin, Billy Bones em Black Sails, Dickon Tarly em The Game of Thrones e Luther Hargreeves em The Umbrella Academy. A nível de filmes, as suas participações mais conhecidas pelo público foram em I Feel Pretty, Terminator: Dark Fate, Hitman’s Wife’s Bodyguard, etc.), Avan Jogia (ator canadiano conhecido pelas suas interpretações em Zombieland: Double Tap, Shaft, A Midsummer Night’s Dream, I Am Michael, Ten Thousand Saints, entre outros), Donal Logue (ator canadiano mais conhecido pelos seus papéis em The Cloverfield Paradox, Silent Night, Kill for Me, Shark Night 3D, Zodiac, Ghost Rider, The Patriot, etc.), Neal McDonough (ator e produtor americano, conhecido por ser um católico devoto, que recusa-se a beijar ou fazer cenas mais “quentes” nos seus papéis. Das suas participações em filmes destaca-se Apex, Sonic the Hedgehog, Buddy Games, Proud Mary, Captain America: The First Avenger, Street Fighter: The Legend of Chun-Li, Minority Report, Star Trek: First Contact, entre outros), etc.</strong

Bem vindos a Raccoon City…

O filme inicia com os irmãos Claire e Chris Redfield (os jovens: Lily Gail Reid e Daxton Grey Gujral), que em crianças viviam num orfanato de Raccoon City. Durante a sua estadia neste lugar, Claire é assombrada por uma jovem desfigurada, que tudo indica que esta estará a ser testada pelo Dr. William Birkin (Neal McDonough), o diretor do orfanato. Dr. Birkin, ao aperceber que Claire está a interagir com umas das suas experiências, decide agir de imediato, querendo separar Claire do restante grupo.

Passado uns anos, Claire (Kaya Scodelario) decide voltar a Raccoon City para visitar o seu irmão. Contudo, o seu regresso apresenta-se um pouco atribulado, já que o camionista que lhe forneceu boleia distrai-se e acaba por atropelar uma mulher, que por estranho que apareça, assim que estes saem do camião, apenas resta uma poça de sangue. O camionista entra em pânico e decide deixar ali Claire e continua a sua viagem.

No mesmo final de tarde, início de noite, o jovem polícia Leon S. Kennedy (Avan Jogia), vai se estrear como patrulha da cidade, porém, devido aos seus festejos na noite passada, acaba por “acampar” num restaurante e adormecer. É neste momento que conhecemos a restante equipa patrulha do Departamento de Polícia deste local (RPD), Jill Valentine (Hannah John-Kamen) e Albert Wesker (Tom Hopper), que decidem brincar com o novato da equipa, já que têm um estatuto superior, sendo conhecidos pela equipa STARS (Special Tactics And Rescue Service).

Assim que Claire regressa a casa, reencontra o seu irmão Chris (Robbie Amell), onde os dois não se dão propriamente bem, tudo devido à sua fuga de Claire do orfanato na infância, tendo abandonado assim o seu irmão. Apesar de tudo, Claire quer alertar Chris que algo se passa na cidade, pois conta-lhe o seu evento com o camionista, e também de lhe diz que a Raccoon City está diferente, e que tudo está relacionado com a água, pois tem o depoimento de um jornalista, Ben Bertolucci (Josh Cruddas), que afirma ter provas que incriminam a Umbrella Corporation, mas é neste momento que é dado um sinal sonoro e Chris sai a correr para o departamento da polícia.

Após ser deixada sozinha na casa do seu irmão, Claire tem uma visita inesperada, de uma criança, que ao fugir da sua mãe, invade a casa de Chris dizendo a Claire que a mãe é perigosa, nesse instante a jovem repara que ambos têm perda de cabelo severa e têm comportamentos erráticos e sangrentos, tentando de imediato atacá-la com toda força. Perante isto, Claire consegue escapar e dirige-se para a esquadra de forma a confrontar mais uma vez Chris.

No meio deste pânico lançado pela sirene, a equipa da STARS Alpha reúne-se com o seu chefe, Brian Irons (Donal Logue), para discutir os recentes eventos. Irons explica que não sabe o que está acontecer, mas indica que primeiramente devem ir resgatar a equipa Bravo, que está incontactável, após terem saído para investigar uma morte que ocorreu na Mansão Spencer.

A equipa Alpha é então enviada para a mansão, para tentar descobrir o que ocorreu, deixando para trás o novato Leon e Irons a tomar conta da esquadra, e é neste preciso momento que a esquadra é atacada por uma estranha criatura (mais propriamente um infetado/zumbi/morto-vivo), após este evento Irons afirma que isto passa dos seus limites como polícia e que deixa a responsabilidade da esquadra ao jovem Leon.

A partir deste instante, temos a longa-metragem partida em dois eventos, uma dedicada à investigação da equipa STARS Alpha na mansão Spencer e a outra a luta pela sobrevivência numa cidade repleta de infetados pelos jovens Leon e Claire.

Fanservice, Bom ou Mau ???

Embora os jogos tenham uma quantidade enorme de fãs, em termos cinematográficos, Resident Evil não é uma franquia tão amada e celebrada. Johannes Roberts tenta reinventar Resident Evil para o cinema com Welcome to Raccoon City, sendo uma das adaptações do jogo mais fiéis, fazendo parecer impossível de estragar o conceito original. É notório ao longo da longa-metragem que Roberts pretendia agradar os fãs e fazer um filme de terror e de sobrevivência, usando aspetos familiares dos jogos, para além dos nomes das personagens, locais, ou até monstros. É extremamente evidente que Resident Evil: Welcome to Raccoon City é uma recriação muito fidedigna dos dois primeiros jogos da franquia, tentando juntá-los numa única narrativa. Porém, isto não é suficiente, pois esta aventura não conseguiu entregar os momentos de terror ou atmosfera desejada.

Roberts faz uma homenagem interessante à série, contudo, ela não funciona como um filme, pois a narrativa possui um ritmo muito célere, não havendo tempo para apreciar todo o Mundo de Resident Evil. Um dos principais pontos positivos do filme, é sua banda sonora, iluminação, ambiente e cenários, que nos enquadra perfeitamente nos anos 90. No entanto, e tinha de haver um “no entanto”, a execução dos cenários, assim como os efeitos visuais e o CGI, são muitas vezes estranhos (provavelmente devido ao baixo orçamento do filme, comparativamente aos anteriores), focando apenas em momentos marcantes (ou pelo menos que foram marcantes nos jogos) o que dificultam a envolvência na estória, principalmente durante as sequências principais, fazendo com que os vilões percam todo o impacto.

A estória se divide para seguir os vários personagens (onde a maioria dos quais não tem personalidade suficiente para carregar o filme) sendo apresentados trechos e diálogos muito curtos (que não funcionam em cinema, mas sim em jogos – dando quase a impressão que é a recriação literal do jogo). Provavelmente, esta aventura funcionaria melhor com uma abordagem onde menos é mais, isto é, em vez de apresentar cinco enredos concorrentes paralelos, ou em duas narrativas completamente divididas que não tem nenhum coesão e ligação entre si (com a excepção do background dos irmãos Redfield).

O elenco aparece quase para apenas dar nome às personagens do título de Resident Evil, pois estas não são bem desenvolvidas, fazendo com que este pareça por vezes estar confuso e decepcionado pelos diálogos curtos e frágeis. Os melhores filmes de terror são aqueles que nos assustam e colocam em risco as personagens que mais gostamos. Raccoon City nunca consegue fazer essa ligação sagrada entre os heróis e os espectadores. Para piorar a situação, a longa metragem possui um elenco sólido que apresentou ótimas atuações em outras aventuras, contudo, em Raccoon City, a nível de interpretação, quase não se vê nenhum destaque de relevo, talvez a personagem mais interessante no meio de todo este fanservice seja Claire Redfield e a atriz que lhe dá corpo, os restantes dos atores parecem que apenas querem que esta “tortura” acabe rapidamente.

Em suma, Resident Evil: Welcome to Raccoon City tinha um grande potencial, mas acabou por ser um trabalho decepcionante. Este filme é uma recriação quase clínica dos dois jogos originais, fazendo apenas fanservice (onde é mesmo isso, muito fanservice e pouca qualidade), ficando aquém do esperado e possui uma boa banda sonora, porém Roberts ao recriar os enredos, cenários e vibrações, não conseguiu capturar o espírito de Resident Evil, devido a uma narrativa célere, falta de desenvolvimento dos personagens e efeitos visuais de baixa de baixa qualidade.

Partilhamos, convosco o trailer do mais recente filme, da longa franquia de jogos Resident Evil

4.0
Score

Pros

  • Banda sonora apropriada
  • Elementos de iluminação, ambiente e cenários recriam bem os anos 90
  • Claire, é a única personagem com algum interesse
  • Fanservice que nos faz relembrar alguns momentos dos jogos originais

Cons

  • Narrativa demasiado célere
  • Não existe coesão e ligação entre as duas narrativas expostas
  • Personagens pouco desenvolvidos
  • Apenas existe Fanservice

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