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Resident Evil 4: Remake (PC) – Análise

Tal como já sido habitual nos últimos anos, a Capcom tem apostado nos Remakes de umas das franquias de renome mundial, estamos a falar de Resident Evil, que apesar de algumas controvérsias, porque não fazem o remake deste ou daquele título, a Capcom tem seguido a linha mais oficial, como é o caso de Resident Evil, Resident Evil 2, Resident Evil 3 e mais recentemente Resident Evil 4.

Sendo Resident Evil 4, um dos jogos mais icónicos da franquia, mas também, um dos jogos mais influentes da era moderna dos videojogos, todos estavam de olhos postos neste Remake, pois tal poderia não representar a qualidade e o peso do título e não fazer jus ao nome. Estando neste momento a comunidade do gaming a viver uma época de Remake e Remastered ou até de ports dos videojogos antigos, em que todos os anos saem inúmeros títulos remasterizados ou com uma nova versão remake. 2023 não é exceção e talvez o ano de ouro destas versões, pois desde o inicio do ano que são títulos de peso que estão para chegar, tivemos mesmo no final do ano de 2022 o Remake de The Last of Us Part I (e também foi disponibilizado este ano o port para PC), de seguida houve o lançamento de Dead Space Remake (mais um titulo de peso dentro da indústria), System Shock Remake e, claro o título que estamos a abordar, Resident Evil 4 Remake.

Mas será este um remake necessário? Será que foi um flop dentro dos remakes? O que trás de novo? Já iremos responder a tudo isto, mas, primeiramente há que referir que há pouco tempo atrás tivemos a análise de Resident Evil 4 para Nintendo Switch e como tal, apenas será abordado um pouco da estória deste título, para não entrar em muito mais pormenor.

O Regresso de Resident Evil…

Resident Evil 4 Remake, inicia de imediato num ponto ligeiramente diferente do original, em que vimos um culto a praticar uma espécie de sacrifício, tudo para dar ao jogador algum tipo de imersão e urgência nesta narrativa, pois ao que tudo indica, a filha do presidente dos USA fora raptada e estaria sequestrada em Espanha (mais propriamente Granada), local onde estavam a acontecer os tais cultos e sacrifícios que vimos inicialmente. O agente do governo destacado para esta missão é o jovem Leon S. Kennedy, um agente sobrevivente da destruição de Raccoon City, e enquanto chegamos à aldeia onde poderá estar Ashley (filha do presidente) temos um pequeno recap dos acontecimentos anteriores que envolveram Leon.

A partir deste momento embarcamos na aventura de Leon e da sua ajudante Ingrid Hunnigan na busca por Ashley, contudo, na aldeia onde Leon é deixado, já não é mais habitada por humanos comuns, pois esta está ao abrigo de um Lorde e dos seus “agentes” que usaram a aldeia para desenvolverem uma arma química, e as cobaias (pessoas da aldeia), que na verdade são os habitantes infectados por um parasita a que eles chamam, de “Las Plagas”.

Na aldeia Leon descobre várias pistas que demonstram a presença de Ashley no local, tendo de se aventurar sozinho seguindo o rasto destas pistas. Assim sendo, Leon encontra um possível local onde possa estar a jovem sequestrada, contudo, isto é uma falsa esperança, pois na verdade Leon encontra Luis Serra um ex-membro da Umbrella que estaria a trabalhar naquele local. Serra afirma já ter visto a jovem Ashley pelas redondezas, mas também afirma o pior, que se ela está ali a algum tempo certamente já terá sido infectada com as “Las Plagas”. Num ato desesperado Leon tenta sair daquele local e rapidamente encontrar Ashley numa hipótese de ainda a salvar, mas, neste momento quer Leon, quer Luis são capturados pelo Lorde, que tenta administrar um parasita em Leon, para que este se torne seu servo.

E assim, Leon capturado e às mãos do verdadeiro Senhor que governa a aldeia, ainda perto de ser infectado, e com as informações criticas que Luis lhe forneceu sobre Ashley, ele vai ter de tentar de tudo, para fugir do local e salvar a filha do presidente, porém, a aventura não se fica por aqui, porque mais surpresas esperam o nosso herói nesta vila de parasitas ao comando de um culto misterioso.

O que esperar deste Remake ???

Apesar de Resident Evil 4 Remake se manter fiel à base original, os desenvolvedores decidiram adicionar detalhes e pormenores que vão tornar toda esta experiência ainda mais imersiva e num ambiente de sobrevivência. O primeiro grande ponto a nível de gameplay, é que a faca utilizada durante o jogo, que é considerada uma arma que temos de carregar na nossa mala (algo que não existia no original e que agora dificulta um pouco as coisas, em termos de espaços). Mas esta não é a única novidade deste tipo de arma, pois durante a nossa campanha vamos encontrar diversos tipos de facas, e todas elas sem exceção devem ser adicionadas à nossa mala de transporte, mas também tem uma certa durabilidade, isto é, conforme o uso que damos à faca, sendo no sistema de combate (ao atacar inimigos), no sistema de defesa (que neste Remake, foi introduzido o sistema de parry, em que usamos a faca para contrariarem os ataques inimigos) estas armas vão perdendo durabilidade até partirem, e quando partem não podem ser recuperadas, porém a faca principal pode ser reparada no merchant, mas, tudo tem um custo.

Além disto, Resident Evil 4 Remake está sob um ambiente muito mais pesado, escuro e horripilante em relação ao original, pois uma das grandes críticas em relação ao título é que este tinha deixado de ser um jogo de horror, passando a ser um jogo de ação com zumbis/infectados, assim sendo, Resident Evil 4 Remake foi pensado para trazer de novo um ambiente mais digno da franquia, acabando por ser mais imersivo. E até está, mais um trabalho fenomenal, que é o trabalho de sonoplastia, ou seja, edição e mistura de som, algo que eleva este mais recente título a outro nível, pois é importante um ambiente mais terror, mas tal não funcionaria se o trabalho de som fosse fraco, mas tal não acontece, pois é possível perceber o som dos passos, dos NPC’s que caminham nas florestas, os zumbidos dos animais e criaturas existentes, do disparo das armas, das chamadas de walkie-talkie (atenção, que para quem joga numa PlayStation 5, é algum absolutamente genial). Ou seja, é impossível ficar indiferente ao trabalho de som neste jogo, sem dúvida um dos melhores já conseguidos.

Em relação à narrativa, esta não sofreu grandes mudanças, isto é, a narrativa por assim dizer não sofreu mudanças, mas algumas cenas e mesmo sequências do jogo, essas sim, são ligeiramente diferentes. Um dos principais pontos é a inclusão de mais cenas cinemáticas e mais destaque a determinadas personagens, isto permite um maior envolvimento das personagens à volta de Leon, além de permitir que estas se desenvolvam e tenham mais profundidade do que no jogo original, e uma delas é Luis Serra, que se torna uma personagem incrível neste Remake, mostrando sempre um propósito de fazer as coisas, e não “caindo tanto do céu”, que servia apenas de uma justificação do plot. A Ashley é outra personagem que se torna menos “irritante” (em relação ao jogo original), e as conversas que tem com Leon passam a ser melhor pensadas e estruturadas. Os vilões, tal como, Ramón Salazar e o Major Jack Krauser apresentam-se bem desenvolvidos e com uma inclusão e imersão na narrativa superior ao original, fazendo deles excelentes personagens deste título.

Além disto, e a nível mais de gameplay também houve mudanças, pois em Resident Evil 4 Remake, toda a aldeia está ligada e conectada, sendo que no jogo original era mais um formato straight foward, e neste momento, existem caminhos e passagens que ligam a aldeia, fazendo mais sentido, todo o mapa e level design do jogo, não parecendo tanto, que o jogador “cai” em segmentos diferentes e quase que nem percebe como lá chegou. Contudo, para tal ser realizado, algumas coisas também foram retiradas do jogo, a icónica estátua de Salazar sofreu algumas mudanças, uma secção em túneis, onde enfrentamos o famoso U-3 (um boss, criatura do jogo original) também sofreu alterações, tornando o jogo muito mais linear e objetivo, e apesar destas mudanças não retirada qualquer essência do jogo original, muitos dos jogadores mais nostálgicos podem sentir falta de algumas, mas na verdade isto nada afeta a experiência do jogo.

Outra das característica de Resident Evil 4 Remake, é que mantém quer o merchant quer os mini-jogos de carreira de tiro do merchant, contudo, o primeiro aparecimento do merchant não é tão icónico como no jogo original, e os mini-jogos também tem uma particularidade, pois neste Remake o jogador não recebe os troféus por completar os mini-jogos, mas sim umas fichas que permitem jogar numa máquina especial que nos dá items para acoplar à nossa mala (uma espécie de sistema de gatcha), que dão alguns upgrades ao Leon, como é o caso de velocidade de corrida, mais munição, maior capacidade de restauro de HP/vida, etc.

Em suma, Resident Evil 4 Remake, é um excelente jogo um remake a roçar a perfeição, sem dúvidas um dos melhores remake da franquia Resident Evil, mas, também vale por si só, pois para quem não conhecia Resident EVil 4, tem aqui uma excelente oportunidade pois o jogo respeita a origem, enaltece a mesma e adiciona novo conteúdo à narrativa. Contudo, em relação ao jogo original destaca-se a falta do capítulo Separate Ways (onde jogamos todo o jogo na perspetiva de Ada Wong, mostrando um pouco mais sobre esta personagens e alguns momentos icónicos da mesma, salvando por exemplo Leon), apesar de haver rumores que tal poderá sair num DLC, é um ponto negativo não estar disponível de imediato no conteúdo de Resident Evil 4 Remake. Tal como referido anteriormente, a nível de som e gráfico nada a apontar a este Remake, simplesmente eleva o nível apresentado pelo jogo original, assim como a gameplay que apesar de se manter praticamente a mesma, acrescenta algumas coisas como o sistema de bloqueio/parry, durabilidade das facas e possibilidade de criar munição. Além disto, Resident Evil 4 Remake, facilita um pouco com o sistema de treasures que apresenta, pois neste remake, o jogador consegue perceber facilmente que combinações de “pérolas” nos treasures lhe rendem mais “dinheiro”, o que ajuda e muito na gestão dos treasures assim como nas suas vendas para ser possível obter melhores armas e upgrades destas. A nível de narrativa, ter sido adicionado algumas cenas cinematográficas extra e um maior espaço para determinadas personagens, permitiu um maior envolvimento das personagens dentro da narrativa, assim como estas terem uma maior profundidade, como é o caso de Luis Serra, Rámon Salazar e o Major Jack Krauser.

Partilhamos, convosco o trailer deste Remake de um dos jogos mais icónicos da franquia de Resident Evil

9.0
Score

Pros

  • Extras adicionados à narrativa (apresentam um maior desenvolvimento das personagens)
  • Level design excelente
  • Introdução do ambiente de maior terror neste título
  • Audio design excelente
  • Gameplay otimizada (elementos de "parry" com a faca, contudo, a mesma gastasse)
  • Design de Rámon Salazar, Luis Serra e Major Jack Krauser
  • As recompensas dos mini-jogos do merchant
  • Para quem joga na PS5 existe uma imersão maior pela boa utilização do controller da PS5

Cons

  • Primeiro encontro com o Merchant (não é tão icónico quanto o original)
  • Alguns fãs vão sentir a falta de alguns momentos (por exemplo boss fights)
  • A falta do Separate Ways no conteúdo original deste Remake (é um erro crasso)

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