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Psychonauts 2 (PC) – Análise

Admito que este ano, apesar da inexistência de um grande AAA, estou bastante agradado com os jogos de plataformas que foram lançados em 2021. Mas, mantinha a expectativa, para uma sequela de um dos títulos mais subvalorizados pela comunidade, Psychonauts. Contudo, com o passar dos anos, este ganhou alguma relevância e por isso o IP conseguiu sobreviver até aos dias de hoje. Além disso, o crowdfunding, de há uns anos atrás, e a compra da Microsoft também contribuíram para uma maior visibilidade.  Mas, a revelação de uma sequela para este jogo, foi sem dúvida um deleite para mim.  

Ter a oportunidade de apreciar e analisar este título, criado pela Double Fine em colaboração com a Xbox Game Studios, antes do seu lançamento oficial, é algo que agradeço. Sendo assim, o meu sincero muito obrigado, pelo fornecimento da chave do Psychonauts 2, à Microsoft e Xbox Portugal. 

Antes de iniciarem o jogo, é de salientar, que existe um aviso sobre os cuidados a ter para jogadores que possam sofrer de algum distúrbio a nível de saúde mental, tais como: compulsões, ataques de pânico, stress pós-traumático, alucinações, odontofobia, ansiedade, entre outros. Contudo, no caso de reações adversas, é indicado um site para dar apoio aos jogadores. 

Vários anos depois Psychonauts volta a invadir a nossa mente

Contextualizando, um rapaz de seu nome Rasputin ou Raz, é admitido num acampamento de Verão, para jovens com características especiais. 

No entanto, tudo isto advém do seu fascínio pelo mundo do oculto e posteriormente por ter recebido um panfleto, de uma figura misteriosa, que o convence a escapar do circo, onde vive com os seus familiares.  

Depois de todas as aventuras e desaventuras lá vividas, torna-se num Psychonaut e supera o medo de contar ao pai que tinha tais poderes. Numa reviravolta, o pai informa que também os tem.

Tendo em conta este seu novo estatuto ele é recrutado para mais uma missão, uma missão de resgate.

Psychonauts 2 inicia imediatamente após os eventos de um título anterior que foi exclusivo em VR, conhecido como Rhombus of Ruin, que terminou com o salvamento do chefe dos agentes da Psychounauts e pai da suposta namorada de Raz.  

Após estes incidentes provocados por Dr. Loboto a mando de alguém que o contratara, o protagonista parte na aventura com a missão de desvendar os segredos que ficaram por resolver desde o primeiro jogo.  

Contudo, Psychounauts 2, está também associado à maldição lançada à sua família, por uma entidade, que os destinou a terem um final trágico por afogamento. 

No final desta primeira missão, acaba-se por não chegar a uma conclusão em concreto, tudo devido a atos obscuros de determinadas personagens, que permitem a um misterioso ser, também conhecido como Maligula, estar sempre um passo à frente do nosso herói. 

Este é um jogo de plataforma com uma mecânica peculiar, visto que podemos entrar na cabeça de vários personagens, e assim, descobrir informações preciosas para a missão de Raz e assim curá-los.  Porém, existem várias identidades que nos impedirão de tal tarefa. Só com a ajuda dos antigos e novos PSI-Powers, é permitido enfrentá-los e auxiliar quem se encontra psicologicamente instável.  

Psychonauts 2 exibe ainda diferentes mundos, como é o caso de Hub World (preparado para executar missões secundárias) e Mental Worlds (um mundo onde a investigação se foca na exploração da mente das personagens), e em ambos pode se encontrar todo um conjunto de colecionáveis para recolher (com o propósito de evoluir o rank da nossa personagem e assim desbloquear novas habilidades e cosméticos).  

Uma sequela de rebentar cabeças 

A continuação da narrativa deste título é fenomenal, a sua execução é bem pensada e planeada, sem querer apressar a sua evolução. Tudo tem um ritmo equilibrado e no final surpreende com o seu desfecho, que acaba amarrar as pontas soltas.  

Psychonauts 2 é possível ser jogado, mesmo que o jogador nunca tenha experienciado os títulos anteriores, pois deve-se ao facto de existir uma boa recapitulação das estórias anteriores, assim como os diálogos entre personagens. Mas, tudo se torna melhor e mais empolgante quando se consome o pacote completo (foi o que senti ao experienciar este título).  

Destaca-se que um dos elementos que prevalece durante todo o decorrer desta aventura, é a existência de um ar misterioso e intrigante, que nos coloca a refletir. 

Os novos personagens e os que regressam, são extremamente carismáticos e hilariantes, tal como nos recordamos, tendo aquele estilo de design fora do comum, o que os torna tão únicos. Obviamente que os atores que dão a voz, têm o mérito de enriquecer este grande trabalho.  

Devido a esta excelente execução, os diálogos e as interações entre personagens, são comparáveis às de um  point em click, algo que a Double Fine é reconhecida por fazer, com os seus títulos anteriores, como por exemplo Grim Fandango, Day of the Tentacle, entre muitos outros…  

Com a combinação de poderes, que não servem só para ultrapassar obstáculos, como também para a aniquilação de diversos inimigos. Sendo estas metáforas referentes aos sentimentos constituídos pelo ser humano, para nos atormentar. Graças às suas mecânicas, designs e propósitos, estes acabam por não se tornar “enjoativos” de derrotar, sendo que o jogo está consequentemente a apresentar novos inimigos (isto também se aplica aos bosses).  

Falando em diversidade, esse é um dos elementos que se mantém no jogo, o que o torna tão agradável de se jogar. Os designs dos níveis são únicos e cada um possui uma ideia diferente e criativa. A mistura entre um hospital e um casino, é dos conceitos mais geniais que já experienciei num videojogo, mas, isto é só a “ponta do iceberg”.  

A banda sonora, apresenta músicas diversificadas que se encaixam perfeitamente no tema demonstrado e algumas acabam por “nos ficar na cabeça”. Tirando a maravilhosa sequência musical, interpretada por um artista já revelado, as boas surpresas não se ficam apenas por aqui… 

Sendo este um jogo de plataformas, muitos dos colecionáveis vão ser deixados para trás, pois alguns apenas são acessíveis depois do final do jogo, dando a este mais umas horas de pura diversão. 

Nem sequer os bugs conseguem fazer um arranhão nesta “psicoventura” 

Nesta grande experiência, os pequenos equívocos que encontrei foram bugs visuais e de áudio ( bastante raros), que não interferiram na jogabilidade nestes mundos criativos. 

Um ponto que potencialmente poderá ser considerado como negativo aos olhos de alguns, é a falta de um sistema de orientação, que aponte diretamente para o objetivo. É percetível que a ideia seja que a exploração “desorientada” de forma, a dar uma maior ênfase à interação entre personagens, obtendo assim pistas para onde devemos dirigir (tal como mencionado anteriormente, assemelha-se a um jogo point and click). 

Uma obra prima da imaginação  

No final dos créditos, fiquei com um sentimento de extrema satisfação, com o resultado deste produto, podendo assim afirmar que espera por Psychonauts 2 valeu a pena. É evidente que este projecto foi pensado e produzido, por uma equipa talentosa e dedicada, que combinou com êxito “o coração e o cérebro”, na criação de algo tão único e especial. É com agrado, que concluo que este título indie se consegue bater de frente com bastantes jogos AAA. 

Para concluir, espero que este título não acabe esquecido, como o seu antecessor (só o tempo dirá…). Sendo que me arrisco a dizer, que até ao momento, Psychonauts 2 criado pela Double Fine, é o melhor jogo de 2021. 

9.0
Score

Pros

  • Narrativa bem amarrada
  • Personagens carismáticos e hilariantes
  • Trabalho de voz dos atores
  • Diálogos e interações entre os personagens
  • Jogabilidade divertida e diversificada
  • Banda Sonora
  • Pós fim do jogo

Cons

  • Raros bugs visuais e de áudio
  • Dificil orientação para alguns

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