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Pokémon Scarlet & Violet (Switch) – Análise

Pokémon Scarlet & Violet são os mais recentes jogos da franquia de Pokémon, que seguem a nova geração dos pequenos “monstrinhos” (mais precisamente a 9ª geração). Scarlet & Violet, tal como já tinha sido referido anteriormente (podem ler o artigo, assim como no seu vídeo: aqui) foram baseados na Península Ibérica, que deu origem à região de Paldea, uma região que ao longo da estória vai misturar passado, presente e futuro, pois cada um dos jogos, numa fase mais avançada, vai ter um certo destaque “numa linha temporal” diferente (Scarlet no passado e Violet no futuro).

Pokémon Scarlet & Violet é inteiramente desenvolvido pela Game Freak e publicado pela Nintendo em conjunto com The Pokémon Company, assim como o seu antecessor Pokémon Legends: Arceus, que serviu não só de grande inspiração, como de experimento para a construção da jogabilidade e do Mundo de Paldea. Scarlet & Violet, acabam por seguir um registo muito próximo à ideia implementada em Arceus, uma aposta num formato mais enquadrado num género de RPG – Open World (um pouco diferente daquele que todos os aficionados estão habituados), onde a nossa personagem, um estudante na escola de Naranja ou Uva, tem todo o Mundo de Paldea para explorar à “sua vontade”. Além desta novidade dentro do comum jogos de Pokémon, é ainda adicionado o método de Piquenique (solo ou modo online), um seguimento o tanto versátil dentro franquia, já que na verdade existem 3 estórias principais a decorrem em paralelo (o comum caminho dos campeões – lutar nos 8 ginásios e seguir para a Pokémon League; o caminho dos Titans – o encontro de determinados Pokémons misteriosos na região; e o caminho do “bem” – os combates contra uma equipa maligna que “domina” Paldea). Por fim, temos algo há muito já desejado pelos aficionados da franquia, que é um sistema de jogo multiplayer online, para podermos estar a jogar com os nossos amigos enquanto fazemos o nosso percurso no jogo (não sendo focado apenas em Raids Online).

O Mistério dos Dragões Lendários…

Pokémon Scarlet & Violet, iniciam-se de forma intrigante e misteriosa, pois seguimos a visão dum Pokémon misterioso enquanto este vagueia pelos céus de Paldea, acabando por nos apresentar toda a região, no entanto, algo de estranho acontece, pois este misterioso ser acaba por perder todas as suas energias e cair a alta velocidade dos céus embatendo com toda a força contra o chão, e ficando a “gemer” por ajuda.

Neste momento a nossa aventura começa (após selecionarmos a personagem e passar por um lote enorme de caracterização da mesma que vamos encarnar para iniciar a jornada), em que somos convocados pelo reitor da Academia Pokémon, onde teremos as nossas aulas (Academia Naranja para os jogadores de Pokémon Scarlet e Academia Uva para os jogadores de Pokémon Violet). Durante o nosso tempo na escola, é nos permitido aprender sobre todo o mundo Pokémon de Paldea, para isso basta assistirmos às diversas aulas que estão à nossa disposição, culminando todas num pequeno teste, em que ao passarmos recebemos algumas recompensas promissoras (é possível aprender um pouco sobre batalhas e status Pokémon, toda a parte criativa na criação da melhor sandwish, um pouco sobre a estória de Paldea, onde existe uma Grande Cratera com mais de 2 milhões de anos, e até aprender um pouco de outras línguas).

Após uma árdua decisão pelo starter que devemos selecionar (pois temos à escolha: Sprigatito, Fuecoco e Quaxly) já que estes ficam a seguir-nos até ao momento da sua escolha, seguimos para um “pequeno” segmento de tutorial do jogo, onde aprendemos a combater, e os principais destaques do modo de combate (que tal como o Pokémon Legends: Arceus, podemos visualizar tudo o que nos rodeia enquanto estamos em combate). Seguindo de imediato a nossa pequena viagem até à escola com a nossa amiga e rival Nemona.

Durante este caminho, percebemos o funcionamento da nova mecânica de enviar o nosso Pokémon para combate sem entrarmos no modo de combate convencional. Porém um rugido chama a nossa atenção, e é quando encontramos o Dragão misterioso que caiu dos céus no início da aventura. A nossa primeira reação é de ajudar este dragão debilitado, contudo, somos emboscados por tantos outros Pokémons que não conseguimos fazer mais do que simplesmente fugir, mas as nossas ações não ficaram indiferentes ao misterioso Pokémon que vem em nosso resgate.

Depois de estarmos a salvo, conhecemos Arven um veterano da escola que iremos frequentar, que nos ajuda a conhecer alguns dos mistérios por detrás do Pokémon Dragão. Além disso, Arven é o líder de umas das estórias principais, o caminho dos Titans, pois este veterano é um excelente cozinheiro e está de viagem por Paldea à procura de um ingrediente secreto e poderoso, a famosa e rara Herba Mystica, que lhe permitirá alcançar umas sandwiches extraordinárias que poderão ser a solução para muitos dos problemas que os Pokémons possam ter.

Nesta pequena conversa, ficamos a conhecer que existem alguns Pokémons misteriosos, que Arven presente que são protetores da Herba Mystica e estão em diversos pontos da região, aconselhando-nos a pesquisá-los e descobrir os seus segredos, para o ajudarmos na sua busca.

Ficando inicialmente reticentes, seguimos a nossa viagem até à escola, onde vimos um estudante a ser maltratado por uns bullies, tendo aqui a nossa oportunidade de intervir e ser o herói do dia. Assim que enfrentamos estes bullies, “desbloqueamos” uma possível segunda estória principal, a Operação Star Street, que consiste em derrotar todos os líderes destes bullies ao longo da nossa viagem pela região de Paldea. Por fim, a nossa amiga e rival Nemona, ao nos ver em combate fica entusiasmada, despertando assim, a possibilidade da terceira estória principal, o comum caminho dos campeões, onde deveremos enfrentar todos os ginásios Pokémon de Paldea para podermos integrar na Pokémon League e nos consagrar como o novo Campeão de Paldea.

E assim, após conhecermos um pouco do que poderá estar por trás desta nova região, e conhecermos a nossa escola, estamos completamente preparados para a nossa jornada Pokémon e fazermos à estrada. Porém, um conflito persiste, que é estória que vamos seguir: O Caminho dos Campeões, a Operação Star Street ou o Caminho dos Titans? A resposta é simples, sendo este jogo “Open-World” somo livres para seguir, conhecer e nos aventurar pelos montes, vales e cidades de Paldea ao longo da jornada, não havendo uma ordem de como deveremos fazer o modo da estória, pois temos todo um Mundo Novo para explorar.

O que traz de novo Pokémon Scarlet & Violet ???

Pokémon Scarlet & Violet, segue o marco deixado por Pokémon Legends: Arceus, com um formato de Open-World dentro da franquia de Pokémon, além de nos apresentar uma nova forma de contar a sua estória, já que não existe uma caminho pré-definido a percorrer, além de existir em 3 estórias a decorrerem em simultâneo. Mas será que isto funciona mesmo assim? Pois bem, o que seria expectável ser um verdadeiro upgrade da estrutura, um Mundo e funcionalidades em relação ao “experimento” Legends: Arceus, na verdade quase parece um downgrade, tudo porque existe uma falsa sensação de liberdade de tudo aquilo que nos é apresentado.

Scarlet & Violet, entregam um Mundo “Open-World” para ser explorado, porém estamos limitados a determinadas zonas do mesmo enquanto não obtivermos determinados sistemas de progressão, isto é, em jogos anteriores da franquia, apesar de termos um caminho pré-definido, para avançar era necessário o uso de por exemplo HM’s (tais como: Surf, Fly, Cut, Rock Smash, entre outros), para avançarmos no Mundo e na estória, e neste mais recente título não é diferente, pois a região de Paldea, está recheada de lagos, montanhas, vales, grandes separações entre duas zonas, que só com determinados sistemas (como nadar, voar/planar, escalar, entre outros), é que poderemos alcançar o outro local. Assim sendo, a liberdade que inicialmente existe acaba por ser limitada com o nosso progresso, algo que em Arceus, dentro duma determinada zona que precisássemos de escalar para avançar, encontrávamos esse sistema na zona que estava limitada, o que nos fazia querer que a liberdade fosse constante. Além disto, e podendo o jogador seguir um determinado, toda a região poderia estar completamente aberta para ser explorado, e no caso de enfrentarmos por exemplo um ginásio avançado, poderíamos não ter nível no nosso set de 6 Pokémons para o derrotarmos, ou então, todo o jogo começava com um nível base, e assim que progredíssemos na estória havia um scale up do mundo.

Em termos de ambiente, e voltando a referir Legends: Arceus como base desta surpreendente fórmula, ele tinha os seus problemas de ambiente vazio e de muitos espaços sem “vida”, Scarlet & Violet, conseguem contornar um pouco este ponto, contudo, nem tudo é tão recheado como parece, pois é verdade que os Pokémons estão divididos pelos diferentes biomas do Mundo, de forma a ser mais lógico encontrarmos Pokémon de gelo nos altos das montanhas ou Pokémon de água, junto a praias ou mesmo em lagos, mas olhando atentamente ao ambiente, este é ainda um pouco vazio, pois a construção é idêntica de zona para zona, as árvores são reaproveitadas (existindo apenas 2 ou 3 espécies diferentes), os lagos são pequenos e limitados, e nas montanhas todos estes elementos vão desaparecendo, já o número de Pokémons no Mundo ser mais elevado, tudo continua um pouco vazio. No entanto, usando o sistema de montagem, viajamos muito mais rapidamente, e desta forma, a experiência torna-se bastante melhor, além de estes pormenores do ambiente vazio serem camuflados (o que acabou por ser uma boa estratégia).

No que diz respeito às texturas quer do Mundo quer das pequenas “criaturas”, Scarlet & Violet, estão longe de estarem bem conseguidas e executadas, pois temos animações e “cinemáticas” dentro do jogo que tudo funciona às “mil maravilhas”, mas assim que esta sequência animada termina e somos transportados para o modo jogabilidade, toda a beleza desaparece, as sombras tornam-se quase pixels a tentarem forma uma figura, o ambiente que tenta ser imersivo com alguns movimentos de ar/água, entre outros, estão mal renderizados e por vezes até parecem só uma imagem de fundo, algo que todos esperavam que estivesse melhor e que realmente houvesse um avanço significativo em relação ao que Legends: Arceus.

25 anos após o lançamento do primeiro jogo da franquia, e estando já na 9ª geração, existem melhorias consideráveis, a própria narrativa da estória tende a ser mais envolvente, mais imersa e com cinemáticas dentro do jogo, não se ficando apenas pelas pequenas conversas connosco e NPC’s. Contudo, estas evoluções requerem um acompanhamento de voz das personagens, mesmo não sendo a “leitura” ou interpretação de texto (voice acting), mas as personagens deveriam ter uma voz para que toda a narrativa fosse mais envolvente.

A nível narrativo, Scarlet & Violet, implementam um novo sistema e um pouco diferente do que vimos até agora dentro da franquia, pois tal como referido anteriormente, agora temos 3 estórias principais que podemos seguir à nossa vontade, sendo todas urgentes e não havendo uma prioridade de uma em relação a outra. A busca pelo confronto com os líderes dos bullies, acaba por ser algo semelhante aos vilões em jogos anteriores (como é o caso da Team Galactic, Team Rocket, etc.), o caminho da liga Pokémon é o mais comum dentro da franquia, sendo aquele caminho que todos anseiam, para se tornarem o verdadeiro mestre Pokémon, no entanto, a introdução de um teste/tarefa para sermos aceites para o desafio do líder do ginásio é algo bastante interessante e que nos traz um pouco mais de imersividade a este mais recente título da franquia. Por último, a busca pelos Titans, é algo interessante, sendo que toda a base e inspiração se deve a Pokémon Legends: Arceus mais uma vez, já que neste título também tínhamos “combates” com titãs da região de Hisui. A mecânica ou possibilidade de explorarmos o mapa à “vontade”, e sem que entremos em combates sempre que passamos perto de outro treinador é algo que nos dá toda esta “ilusão” de liberdade (pois só combatemos com quem quisermos durante as nossas viagens entre cidades), contudo, devido ao render do Mundo, muitas vezes estamos em viagem e surgem Pokémon do nada, e acabamos por estar em cima deles, o que nos faz entrar em combate com estes, algo que deveria ser mais suavizado.

Apesar de Pokémon Scarlet & Violet, ter todos os problemas, erros e parecer ser um jogo que foi lançado ainda em construção ou antes do tempo, apresenta ideias excelentes, tenta inovar na sua narrativa, tenta nos envolver no Mundo e nas diversas estórias que estão a decorrer em simultâneo. Mas, o principal destaque vai para o novo método de piquenique introduzido, assim como o modo co-op ou multiplayer dentro do jogo, algo que acaba por tornar este título divertido e até mesmo único.

Em relação ao novo sistema piquenique, este permite-nos “brincar” de diversas formas na criação da sandwich perfeita, para que possamos encontrar mais rapidamente determinados Pokémons, melhorar os drops deixados em raids, aumentar a chance na captura de Pokémons, mas principalmente, para aqueles que são os “caçadores” de shinys, permite aumentar as hipóteses de encontros com Pokémons shinys.

Mas, apesar deste sistema por si só ser surpreendentemente divertido e interessante, é com o modo Online que este sistema atinge o seu esplendor, pois com a opção de jogador Scarlet & Violet no modo multiplayer, em que 4 jogadores/amigos possam estar a partilhar a experiência em conjunto, não se focando apenas nas raids (que sofreram uma melhoria considerável em relação ao jogo anterior, Pokémon Sword & Shield). Porém, a possibilidade de os 4 amigos estarem a fazer o jogo, a sua aventura e as suas estórias em conjunto com os seus amigos dentro do mesmo Mundo (mesmo sendo versões diferentes), tendo ainda a possibilidade de partilhar os exclusivos no Mundo, ou seja, se uma pessoa estiver a jogar o Pokémon Violet, e decidir jogar no modo Online multiplayer com um amigo que esteja a jogar a versão Scarlet, na zona que surge um Pokémon exclusivo de uma das versões, o outro jogador pode também encontrá-la no seu jogo. Além disso, o modo de criação da sandwich em grupo é algo extremamente divertida de se fazer e que vai permitir ao grupo de amigos terem muitas razões para estarem a jogar este mais recente título da franquia de Pokémon.

Em suma, Pokémon Scarlet & Violet, apresenta-se como um dos jogos com maior potencial da franquia, recheado de excelentes ideias e formatos que funcionaram bem no Legends: Arceus, tendo também uma levada de ar fresco para a franquia de Pokémon, contudo, fica-se apenas por isto, uma geração com um enorme potencial que não foi aproveitada. Talvez se Scarlet & Violet, tivessem ficado no “forno” mais meio ano ou um ano, teria certamente sido um dos melhores jogos da franquia, pois tem a fórmula correta para isso acontecer, mas tem de ser aproveitado o trabalho realizado com carinho e não apenas para cumprir calendário, pois Scarlet & Violet, parece mesmo isso, que este jogos saíram apenas para cumprir calendário.

Apesar de ser algo que apresenta alguns problemas já apontados, como é o caso da falta de um voice acting, assim como o nível gráfico estar um pouco aquém do esperado ou até mesmo de possuir uma falsa sensação de “Open-World” e estar um pouco vazio, apresenta-se com uma ideia inovadora dentro da franquia que é o sistema de multiplayer, que permite elevar a fasquia no que diz respeito a diversão entre família e amigos. Contudo, os pontos positivos não são suficientes para “apagar” ou ignorar aquilo que Scarlet & Violet não conseguem apresentar ou executar, ainda para mais vindo de uma das maiores empresas dentro da indústria de videojogos, sendo também uma das maiores do Mundo, seria espectável mais e melhor da franquia com já 9 gerações de título de Pokémon e com 25 anos de carreira e existência.

Além de tudo isto de menos positivo (e com muita pena minha, pois que tenho um carinho especial com a franquia), Scarlet & Violet, quando jogado nos padrões corretos (e talvez com alguns patchs e updates) pode se tornar um jogo divertidíssimo de se jogar e experienciar, com diversos Pokémons para capturar (existindo 400 até ao momento dentro do jogo), alguns com novas formas, designs ou tipos. Destaca-se ainda, que o novo mecanismo, Terastallizing, que é uma ideia extremamente bem conseguia, pensada e até estrutura, que levará certamente ao repensar e ao inovar de muitos sets de Pokémon base que todos nós usamos, além de ter a possibilidade de reaver ou reviver determinados tipos ou até mesmo Pokémons que já muitos de nós ignorávamos.

Partilhamos, convosco o trailer do novo jogo da franquia de Pokémon

6.0
Score

Pros

  • Jogo com um potencial enorme
  • Modo multiplayer
  • Possibilidade de "Open-World"
  • Nova mecânica: Terastallizing
  • Pokédex bastante completa

Cons

  • Potencial totalmente desperdiçado
  • Texturas e grafismo parece um "downgrade" em relação a títulos anteriores
  • Parece que não existe uma evolução em relação ao experimento Legends: Arceus
  • "Open-World" é na verdade uma falsa ilusão
  • Neste tipo de RPG, um voice acting era um acréscimo excelente
  • Para um franquia com 25 anos fica aquém do esperado

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