Análises, Cinema

Nightmare Alley – Análise

Nightmare Alley, é um filme de Guillermo del Toro (diretor detentor de um Óscar de melhor realizador pelo filme, The Shape of Water, mas também conhecido pelos seus trabalhos dos filmes do gênero de terror, tais como Pan’s Labyrinth ou Crimson Peak. Para além deste, também é reconhecido por trabalhos como: Blade II, Hellboy, Hellboy II: The Golden Army, Pacific Rim, entre outros), baseado no livro de 1946 de mesmo título de William Lindsay Gresham e que já contava com uma adaptação no cinema. Nightmare Alley de 2022 conta com co-produção de Searchlight Pictures, TSG Entertainment e Double Dare You Productions, com cinematografia de Dan Laustsen (cinematógrafo dinamarquês conhecido por trabalhos como: Silent Hill, Crimson Peak, John Wick: Chapter 2 e Chapter 3, The Shape of Water, entre outros) e composição musical de Nathan Johnson (compositor de temas musicais para filmes tais como: The Brothers Bloom, Looper, Knives Out, entre outros).

O elenco do desta longa-metragem, possui muitas caras conhecidas do Mundo do cinema, tais como: Bradley Cooper (ator, produtor e realizador americano, com várias nomeações aos Óscares pelas suas interpretações, com filmes como: Silver Linings Playbook, American Hustle, American Sniper e A Star Is Born, contudo foi a saga de filmes The Hangover que o lançou para a ribalta, mas para além deste, também conhecido por: Valentine’s Day, The A-Team, Guardians of the Galaxy, Serena, Burnt, entre outros), Cate Blanchett (atriz australiana, reconhecida pela Academia de Cinema por 2 vezes, pelas suas interpretações, nas longas-metragens: The Aviator e Blue Jasmine, e por mais nomeações aos prémios, sendo também conhecida por filmes como: Elizabeth, Babel, Elizabeth: The Golden Age, ou como Galadriel na saga de filmes de The Lord of the Rings), Willem Dafoe (ator americano indicado quatro vezes ao Óscar, três vezes na categoria de Melhor Ator Coadjuvante pela sua atuação em Platoon, >strong>Shadow of the Vampire e The Florida Project e uma na categoria de Melhor Ator por At Eternity’s Gate. Também participou nos filmes Speed 2: Cruise Control, Mr. Bean’s Holiday, The Life Aquatic with Steve Zissou, Finding Nemo, The Last Temptation of Christ, Mississippi Burning, e também em Spider-Man onde interpretou o papel de Norman Osborn – Green Goblin, nomeadamente no mais recente filme Spider-Man: No Way Home, etc.), Rooney Mara (atriz americana, que conta já com duas nomeações aos Óscares pelo seu trabalhos em: The Girl with the Dragon Tattoo e Carol, mas também conhecida pelas suas interpretações em: A Nightmare on Elm Street, The Social Network, Her, Lion, ou dando a sua voz em Kubo and the Two Strings), Toni Collette (atriz australiana, conhecida pelos seus papéis em filmes como: Emma, The Sixth Sense, Shaft, Krampus, Knives Out, etc.), entre outros.

A Feira das Aberrações…

Estamos em meados do século XX (mais propriamente em 1939), quando um recém-chegado à província, Stan Carlisle (Bradley Cooper), fugido de uma casa em chamas, segue Mosquito (Mark Povinelli), um anão que se dirige para uma feira popular. Curioso com esta “pequena” pessoa, o homem persegue-o até ao espetáculo de uma aberração nunca antes vista.

Clement (Willem Dafoe), incentiva todas as pessoas a pagarem um preço para que ele exiba o monstro. Após todos pagarem, Clement lança uma galinha para o recinto, para que o monstro cometa uma “atrocidade” com o pobre animal para impressionar a plateia.

Perante a monstruosidade exibida, o protagonista, tenta fugir sem pagar daquele lugar, mas é apanhado por Mosquito e o seu companheiro Bruno (Ron Perlman), que lhe pedem pelo pagamento, contudo Stan acaba por ser “salvo” por Clement, que lhe oferece uns serviços na feira em troca de um pagamento (em que o preço pelo espetáculo lhe é descontado).

Após estes eventos, Stan torna-se um ajudante da feira popular, conseguindo assim o seu “ganha pão”, sem ter de revelar o seu passado. Durante os primeiros dias neste local, Stan apenas tem olhos para Molly (Rooney Mara), uma jovem que faz um espetáculo de manipulação da eletricidade.

No entanto, conhece um “casal maravilha”, que possuem “poderes místicos”, Zeena (Toni Collette) que é uma vidente e Pete (David Strathairn) que têm uma capacidade incrível relativamente ao mentalismo. Stan vê neles a sua oportunidade de ser promovido a ajudante dos shows deste casal.

Com os conselhos dados por Zeena e por Pete, Stan começa a aprender algumas técnicas do mundo do ocultismo, mais precisamente do mentalismo. Pete estando cada vez mais afastado das suas habilidades, ensina Stan, mas alerta-o que por muito dotado que seja, nunca pode permitir que se perca na sua própria mente, pois quantos mais espetáculos fizer e mais pessoas acreditarem no que faz, o mentalista deve manter sempre os pés na terra (mantendo a ideia que tudo é apenas um truque), para que o próprio não caia no seu próprio truque, o que o pode levar à ruína.

Certa noite, a polícia local, faz uma rusga na feira, querendo a todo o custo fechá-la e que eles abandonem de imediato a vila, mas Stan, cada vez mais confiante nas suas habilidades, decide enfrentar o chefe da polícia com os seus dotes, fazendo que este se perca na “cantiga” de Stan e permitindo que a feira se mantenha aberta e a funcionar na vila.

Tudo isto, aumenta a confiança de Stan, que ganha coragem e declara-se a Molly, afirmando que foi por ela que ele entrou e se manteve nesta feira repleta de aberrações. Deste modo, convence-a a fugirem juntos à conquista do mundo, ela com a sua beleza (podendo ser a sua ajudante) e ele com os seus poderes místicos.

Os dois partem, fazendo furor por onde quer que passam, sendo reconhecidos em todo o estado. Nos casinos onde trabalham, o casal faz fortunas e cada vez mais há pessoas influentes e poderosas a procurá-los para observarem as suas habilidades de perto.

É num destes espetáculos que o casal conhece a Senhora Ritter (Cate Blanchett), uma mulher belíssima com uma forte presença, tendo como objetivo desmascarar Stan, mas este não cai na sua armadilha, e muito pelo contrário humilha Lilith Ritter em frente a todos. Numa conversa mais privada, Lilith confidencia a Stan que só montou tal “armadilha” para que este provasse o seu valor, pois juntos podiam ganhar uma fortuna maior do que aquela que Stan possa imaginar.

Todo o plano baseia-se em angariar personalidades de alta sociedade, como é o caso de Ezra Grindle (Richard Jenkins), um juiz para quem Lilith trabalha que anseia por falar com o seu filho que morreu numa missão militar. Confiante com a sua capacidade de lábia, ilusão e devido à sua personalidade destemida, Stan, sente que tem o poder de comunicar com o além, podendo assim enriquecer com o sofrimento daqueles que só precisam de um conforto.

Este plano parece infalível e a confiança de Stan parece ser inesgotável, pois as suas capacidades são cada vez limadas e perfeccionistas, mas tal como Pete lhe dissera, o mentalista não pode cair no seu próprio truque ou isso será a sua ruína, é este o caminho que estamos a ver Stan a percorrer, ou o nosso protagonista tem um talento nato capaz de manipular tudo o que o rodeia?

A Cidade…

Nightmare Alley, é uma longa-metragem que consegue prender o espectador à tela, devido ao ambiente noir, assim como a premissa que está por detrás de todo este thriller de Guillermo del Toro, e neste aspeto é um filme bem conseguido e estruturado, algo que o realizador já nos habituou.

Contudo, é de referir, que este não é de perto um dos melhores trabalhos do diretor, pois acaba por falhar em pontos relevantes para a construção da estória, como é o caso de algumas personagens terem um desenvolvimento um pouco aquém do desejado, e outras serem “vazias”. Além deste problema com as personagens, Guillermo del Toro acaba por se perder um pouco na narrativa que está a contar e a partir de certo ponto esta é confusa e pouco coesa.

Porém, e apesar destes problemas, as interpretações são de forma geral bem conseguidas, principalmente a de Cate Blanchett, que é soberba e consegue destacar-se sempre que está em cena, abafando qualquer ator com quem esteja a contracenar. Já Bradley Cooper, muito devido à construção da sua personagem, não consegue ter uma entrega tão sólida como a da sua parceira de tela, no entanto, estas duas personagens sofrem do mesmo mal, pois ao longo do filme não apresentam motivações e/ou objetivos, seguindo apenas um pouco à maré da narrativa. As restantes personagens têm um início bastante forte, mas com o avançar da estória tornam-se irrelevantes e até mesmo “descartáveis”.

Destaca-se ainda o nível técnico que Nightmare Alley, que é fantástico e brilhante, com uma cinematografia digna de filmes do género, com cenários bem estruturados, que nos transportam facilmente para meados do século XX. Além dos cenários é a customização do elenco que torna tudo isto possível com trabalho exímio no que diz respeito à caracterização das personagens e guarda-roupa.

Destaca-se ainda pela positiva a banda sonora, que nos acompanha que os faz vibrar nos momentos mais tensos de Nightmare Alley, sendo a chave do sucesso de filmes de terror, thrillers ou terrores psicológicos.

Em suma, Nightmare Alley no final do dia acaba por ser um bom filme, talvez fique um pouco aquém do muitos esperavam, principalmente devido ao elenco e/ou diretor, pois possuem um nível técnico brilhante e boas interpretações, mas isto não foi suficiente para compensar os problemas de narrativa, construção e desenvolvimento de personagens existentes, além do mais, por vezes o excesso de gore pode não funcionar, e em Nightmare Alley este fica no limite do aceitável.

Partilhamos, convosco o trailer do mais recente thriller de Guillermo del Toro

7.0
Score

Pros

  • Premissa bastante interessante
  • Cinematografia bem enquadrada
  • Customização excelente
  • Interpretação de Cate Blanchett
  • Banda Sonora

Cons

  • Construção/Desenvolvimento de algumas personagens
  • Stan e Lilith Ritter são personagens sem objetivos ou motivações
  • Personagens secundárias tornam-se descartáveis
  • Narrativa a partir de um certo ponto, perde-se um pouco

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