Os indies este ano estiveram fortes, tendo em conta os pouquíssimos jogos AAA que obtivemos este ano. Mas calma, como se costuma dizer, poucos mas bons. O que deu assim oportunidade das empresas independentes destacarem-se. E esse foi o caso de Neon White, que levou muita gente à loucura. Mas afinal, porque é que este jogo é tão chamativo?
Para ascender temos de matar demónios
Neon White foi desenvolvido pela Angel Matrix e publicado pela Annapurna Interactive, este que é um FPS com a implementação de uma mecânica de construir o próprio deck de cartas. Parece absurdo, eu sei, mas surpreendentemente funciona!
A narrativa do jogo começa com White, a subir ao inferno e para variar não se lembra de vários momentos da sua vida. No local é proposto a todos os defuntos que se encontravam por lá, que aquele que mata-se o maior numero de demónios teria a chance de poder ficar no céu, durante um ano. Estando a decorrer este desafio, titulado, Os 10 dias do julgamento, White irá encontrar varias caras conhecidas do seu passado da terra e terá de cooperar com os mesmos se quer sair vitorioso.

Adrenalina em plataformas
Este é um jogo que incorpora tiros, plataformas e cartas. Tem diversos níveis que nos dão pura adrenalina, já que os mesmos são baseados na rapidez de efetuar variadas ações. Tendo eles um contrarrelógio, este recompensa o jogador a ser rápido a concluir os níveis. O que me deu vontade de passar para o próximo nível apenas, após obter uma medalha do mais alto valor.
O jogo pode recompensar tendo em conta a performance do jogador através do mais alto trofeu, sendo eles: bronze, prata, ouro e Ás que é o mais valioso que se pode receber. Como o jogo tem uma tabela de classificação online, deu-me a possibilidade de competir contra amigos (neste caso só tinha um com o jogo). Isto fez com que em todos os níveis eu teria de ultrapassar este meu adversário.
É um jogo que mostra o quão surpreendentemente habilidoso se é, tendo em conta as sequencias que se apresentam, eu confesso, que nunca pensei que fosse tão bom nisto (cuidado, este jogo pode vos subir o ego). Ele apresenta as ferramentas e depois nós fazemos a nossa magia da maneira que quisermos, apenas temos de matar todos os inimigos no nível. Sendo esta a única coisa pedida.
Neon White, deu-me imensa liberdade, aliás, o jogo encoraja a isso mesmo. Após atingir uma certa classificação, é dado, um caminho mais curto, que por vezes nem pensamos nele quando se joga. Contudo, esta dica não mostra sempre que este é o caminho mais rápido disponível, é só um exemplo de concluir o nível mais rapidamente. Fazendo, o jogador pensar em varias possibilidades de o ultrapassar.
O que me surpreendeu neste titulo indie foi a maneira como ele apresenta um arsenal completo e como cada uma das armas dá uma nova habilidade, seja um salto extra, um impulso, entre outros. Tudo usado da maneira que se quiser, à medida que coletamos as cartas. No máximo podemos colecionar 3, mas se apanhar-mos varias iguais, elas apenas acumulam munição. Existe também a possibilidade de trocar a sua ordem, o que por vezes é vantajoso.
Um ponto a destacar é que a ordem que as cartas nos são dadas, não significa propriamente que esta seja a correta a utilizar para ter um melhor tempo ou em relação ao obstáculo a ultrapassar. Por vezes, temos de trocar a sua ordem ou até mesmo não utiliza-las de todo. Mas claro, fica na decisão de cada jogador.
Os níveis não se apresentam os mais detalhados em termos de ambiente, mas a construção dos níveis em si, é incrível. A maneira como estes foram criados para colocar o jogador numa espécie de parque de diversões, onde existem vários objetos para se passar por ou um sequencia linear de tiros. O jogo junta os dois e traz toda uma adrenalina para cada um dos níveis, onde nos encontramos em perigosas situações e é imperativo estar a atento ao arredor, para completa-los com sucesso.
Os criadores exploraram ao máximo todo o potencial das mecânicas do jogo. O que é tão gratificante de se ver aqui. O jogo apresenta novos elementos ao longo do tempo, o que torna esta experiencia, não tão enjoativa, existe sempre algo que vai mudar a maneira como jogamos sempre que alteramos de área.

Todos gostam da sua jogabilidade, agora a narrativa é outra conversa
Talvez o ponto, que acabou por ser o mais polemico do jogo, é a sua narrativa ou melhor a sua escrita. Neon White, acaba por vezes de trazer algumas referencias, seja de anime, filmes, etc… O que não é mau de todo, contudo, aqui são utlizadas algumas palavras, utilizadas pelas atuais gerações como: “cringe”, “uwu”. O que pode afastar muita gente, mas isto é só a ponta do Iceberg.
Devido à evolução da maneira como comunicamos na internet, foram adaptadas certas ações que hoje em dia se veem muito. O jogo para além de demonstrar a sua narrativa como se fosse uma Visual Novel japonesa, também é muito influenciado pela cultura Weeb e isso nota-se em certas sequencias e pela a personalidade dos personagens. O White, acaba por ser o estereotipado lobo solitário, a Red, uma personagem feminina com atitude que tem o dom de “influenciar”. A Violet que acaba por ser a figura que mais afastará as pessoas do jogo, já que ela é a que mais exageradamente foi inspirada por um tipo de personagem que se vê bastante em animes/mangas, ou seja uma Tsundure. Que para quem não sabe, é a definição para alguém que muda constantemente a personalidade de agressiva para algo mais adorável. Alguém que está pronta para te dar um abraço, mas que depois espeta uma faca pelas costas. Para finalizar, existe o Yellow, que é só mesmo o típico personagem idiota.

Se houve algo que me surpreendeu foi o trabalho de voz dos atores, que é bastante bom. Este que está presente em todo o jogo, dá personalidade às personagens, o que é algo de pasmar sendo este um jogo indie. E destaco o protagonista, White, que acabou de ser das minhas favoritas interpretações.
Apesar de achar a narrativa competente, com todo o mistério que se passa naquele lugar e a obtenção de memórias perdidas do personagem principal. O que carrega para além da jogabilidade, é as personagens. Após várias sequências que puxam de nós como jogador, é tão agradável ver as interações entre os personagens. É um momento para relaxar após várias adversidades ultrapassadas.
Para além da narrativa principal, este tem alguns objetivos secundários onde não só se tem de obter um bom tempo, como coletar alguns itens para entregar aos personagens. Onde existe a possibilidade de se desbloquear memórias, níveis alternativos e alguns momentos de conversa com os mesmos.
Na questão dos desses níveis alternativos, eles apresentam limitações, contudo acho que são justificáveis. Os níveis da Red, apenas podemos utilizar uma habilidade pra ultrapassar obstáculos, a Purple dá-nos acesso a todo o equipamento, no entanto todo o caminho à frente é armadilhado e perigoso. E os níveis do Yellow, não permite que sejam utilizadas habilidades, apenas a arma em si. Considero que isto seja a forma como o White, veja cada um dos seus companheiros através do seu level design. O que acho genial.
Pessoalmente por querer fazer tudo em todos os níveis comecei a sentir fadiga. O problema acaba por não ser bater recordes, mas encontrar um item por cada nível. Já que por vezes eles estão demasiado bem escondidos. O que torna esta ideia, uma relação de ódio ou amor. Adoro a ideia que temos de procurar algo, contudo acabo por fazer o mapa, umas 10 vezes para descobrir onde estão, felizmente existe um efeito sonoro que indica que se está perto, mas isso por vezes é difícil de identificar.
E para além disso, após a finalização da história principal, o jogo dá acesso a um modo em que temos que completar os níveis e obter um recorde. Conteúdo neste jogo não falta.
A banda sonora acaba por ser focada em música eletrónica, que é bastante boa e ajuda a estabelecer todo um ritmo rápido pelos níveis. Uma excelente sensação, fazer um nível na perfeição a ouvir alguma das músicas presentes. Claro, que existem temas calmos que podemos encontrar no Hub, menus e nos momentos de conversa. O que é bastante agradável.
A apresentação do jogo, grita estilo. Desde o design do UI, ao design dos personagens que é tão chamativo. Dá toda uma sensação de que é algo “divino”.
Contudo, um problema, talvez por jogar na Switch e não, não é a frame rate. O jogo aguentasse muitíssimo bem, sem qualquer soluço. A questão imposta, é a decisão de tornar o UI tão pequeno, isto porque a jogar no modo portátil, tenho de me chegar para frente para poder conseguir ler. Já que apenas os menus de seleção são pequeníssimos. Isto é estranho, tendo em conta que Neon White foi pensado para a Switch sendo um exclusivo, (apesar de também se encontrar no PC).
Deus do Speedrun
Nion White, dá todo um leque de elementos para nos sentirmos um poderoso ser. É tão gratificante e satisfatório. Sendo o ponto mais chamativo do jogo, já que a apresentação da narrativa pode ser impedimento para quem não se relaciona com a atual cultura seja gaming ou otaku. Contudo, não deixa ser um dos melhores jogos deste ano.
8.0 Score
Pros
- A premissa da Gameplay
- Personagens carismaticos
- Level Design
- Recomendado para quem gosta de Speedruns
- Banda Sonora
- Trabalho de voz dos atores
- Apresentação do jogo
Cons
- A escrita pode afastar muita gente
- Narrativa nada de especial
- Pequeniníssimo texto nos menus na versão Switch
- Querer fazer tudo de uma só vez, pode ser desgastante
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