Análises, Cinema

Morbius – Análise

Morbius é um filme dirigido por Daniel Espinosa (cineasta, argumentista e produtor de cinema sueco, de ascendência chilena, conhecido pelos seus filmes Snabba cash, Life, Child 44, Safe House, entre outros), baseado no personagem homónimo da Marvel Comics e introduzido nas bandas desenhadas de Spider-Man, produzido pela Columbia Pictures em associação com a Marvel Entertainment e distribuído pela Sony Pictures.

É a terceira longa-metragem deste Universo da Sony com vilões e anti-heróis de Spider-Man, estrelado por Jared Leto (um ator, diretor, cantor e compositor norte-americano galardoado com um Óscar pela sua interpretação no filme em Dallas Buyers Club. É conhecido pela sua versatilidade nos diferentes papéis no cinema, exemplo disso são alguns dos seus trabalhos tais como The Last of the High Kings, Prefontaine, The Thin Red Line, Black and White, Girl, Interrupted, Fight Club, American Psycho, Lord of War, House of Gucci, etc.), Matt Smith (ator britânico conhecido pelas suas interpretações nos filmes The Forgiven, Last Night in Soho, Patient Zero, Pride and Prejudice and Zombies, Terminator Genisys, mas sendo mundialmente conhecido por interpretar o 11º Doctor em Doctor Who, entre outros), Adria Arjona (atriz norte-americana mais conhecida pelos seus papéis nas séries True Detective e Emerald City. No cinema participou nas longas-metragens Little Galicia, The Belko Experiment, etc.), Jared Harris (ator e diretor britânico que teve papéis nos filmes Mr. Deeds, The Curious Case of Benjamin Button, Sherlock Holmes: A Game of Shadows, Lincoln, Allied, entre outros), Al Madrigal (escritor, ator e produtor americano, que participou nos filmes Night School, The Map of Tiny Perfect Things, Violet, Happily, etc.), Tyrese Gibson (cantor e ator americano mais conhecido pelas suas participações nas cinematografias de Fast & Furious e Transformers. Participou também nas longas-metragens Dangerous, Rogue Hostage, The Christmas Chronicles 2, Black and Blue, Eldorado, etc.), entre outros.

O Génio…

Michael Morbius, é um brilhante hematologista (médico especializado no estudo do sangue), que se torna num vilão e anti-herói, dentro do Universo de Spider-Man nas bandas desenhadas. Esta mais recente longa-metragem da Sony Pictures e Columbia Pictures, Morbius, conta-nos a estória de origem deste anti-herói.

Michael (Charlie Shotwell) é uma criança de 10 anos que está internado num hospital na Grécia, devido a um problema de saúde raro que possui, uma doença sanguínea degenerativa, que limita severamente o corpo até à sua morte. Ao olhar pela janela vê um novo companheiro a chegar ao hospital, Lucien (Joseph Esson), que tem a mesma condição de Michael. Ao o conhecer, o jovem Michael trata o seu novo vizinho por Milo, um nome carinhoso que sempre deu aos companheiros, que por não resistirem muito tempo à doença, não tendo tempo suficiente para criar uma ligação (dando-nos a entender que habita este hospital desde muito jovem).

Desde de criança, que Michael sempre demonstrou possuir uma genialidade enorme, conseguindo, por exemplo, com 10 anos reparar equipamentos criados e desenhados por cientistas altamente qualificados. Assim sendo, o seu médico pessoal e tutor, Dr. Emil Nicholas (Jared Harris), decide que Michael deveria seguir os estudos num lugar em que pudesse aproveitar os dotes científicos.

Cerca de 25 anos após estes eventos, o Dr. Michael Morbius (Jared Leto), é já reconhecido mundialmente pelo seu doutoramento e especialização na criação de sangue artificial que salvou inúmeras vidas. Ele, juntamente com uma equipa especializada, vai a uma floresta na Costa Rica em busca dos famosos morcegos-vampiros, pois estes pequenos seres vivos podem ser a solução para a sua investigação mais preciosa, a cura da sua condição.

Após vários dias de investigação com estes morcegos (em busca da quase impossível cura para a sua doença), Michael consegue milagrosamente, com a ajuda da sua amiga Dr. Martine Bancroft (Adria Arjona), superar a primeira fase do processo, que são os testes em cobaias de laboratório. Porém ainda falta o derradeiro desafio, os testes em humanos.

Assim, Michael, vê apenas uma solução, falar com o seu “irmão” na doença, para que este faça um pequeno esforço e invista mais uma vez nas suas capacidades para que ele possa criar a Cura que ambos desejam. Convencido pela genialidade de Morbius, Lucien/Milo (Matt Smith), não pensa duas vezes, e se oferece para tudo o que Michael necessite, para que os dois possam “voar livremente, libertando-se assim das correntes que os mantêm presos ao chão”.

Confiante nas suas capacidades, Michael Morbius coloca-se na posição de cobaia, afirmando que um cientista deverá estar sempre pronto para se submeter à sua própria investigação. Num primeiro impacto, Morbius tem a reação normal exibindo diversas convulsões, mas assim que estas param, Michael deixa de ser humano e torna-se num monstro sedento por sangue. Sem que ninguém esperasse, este dizima todo o laboratório, drenando o sangue de todos os habitantes do local.

Voltando a ganhar a consciência do seu próprio corpo, fica sem perceber exatamente o que aconteceu, recorrendo às filmagens do local, concluindo assim, que a investigação que originou a Cura da sua condição (além de lhe melhorar todos os aspectos físicos), também originou uma monstruosidade que o torna dependente de sangue para manter a condição estável, pois se não o fizer, volta a ser o mesmo humano doente e “fraco”. Tudo isto, gera em Michael Morbius um conflito interno, pois consegue alcançar a Cura tão desejada, mas não a pode divulgar, nem administrar a outros pacientes, pois tornar-se-ão predadores da noite, o que refuta toda a sua compaixão e luta de sobrevivência, assim Morbius sente que falhou com o seu melhor amigo, ficando na dúvida se deve ou não contar o sucedido e o seu fracasso a Lucien/Milo.

O Predador da Noite…

Morbius é um filme de origem, com uma narrativa e estória bastante simples e linear, porém o trabalho de direção de Daniel Espinosa é um pouco ambíguo, pois tanto é focado nesta origem, como ao mesmo tempo nota-se uma dependência para a introdução deste no Universo da Sony, algo que poderia ser melhor aproveitado, se fosse apenas concentrado na estória deste personagem e dos que o rodeiam, assim como os seus dilemas e todos os problemas associados à descoberta de Cura maligna e mortífera.

Devido a este problema da narrativa (em que em certos momentos não está focada onde deveria), leva a que determinadas personagens não se desenvolvam como deveriam, nem que tenham a presença e determinação para segurarem a estória, o que por vezes leva a conversas entre elas um pouco vazias e sem um propósito claro.

Em termos de interpretações, Jared Leto, encarna bastante bem (como já nos habituou) Michael Morbius, exibindo todas as suas fraquezas, determinações, motivações, conflitos, além de fisicamente ser muito semelhante ao personagem em questão, mesmo na fase “monstruosa”. Contudo é uma pena, por vezes a direção e produtores, desperdiçarem o talento deste magnífico. Já Matt Smith, devido à forma como desenvolvem a personagem, não tem tempo de tela suficiente para conseguir destacar-se neste papel, assim sendo não é uma má interpretação, porém, não tem o brilho nem eleva o seu potencial, pois a personagem não o permite. O restante elenco, de forma geral consegue manter um bom nível de interpretações.

As cenas de ação, são um pouco estranhas, pois todas elas têm demasiados elementos à mistura (algo que muitos de nós vão gostar e que outros tanto não), como a necessidade extrema da utilização de slow-motion, por um lado é positivo pois permite-nos observar com maior detalhe os movimentos das personagens quando se estão a mover a alta velocidade, mas por outro lado, são demasiado momentos. Além disto, sempre que Michael Morbius assume a monstro, este ao mover-se apresenta sempre um rasto de movimento, mais uma vez não fica mal usá-lo (“estranha-se e depois entranha-se”), mas quando é usado excessivamente, parece toda uma confusão que está acontecer no ecrã. Já o CGI, de forma geral é bem conseguido, apenas em alguns pormenores de transição de monstro para corpo humano é que pode ficar um pouco aquém do esperado.

Em suma, Morbius, é um filme razoável, que teria muito mais a ganhar se a direção e produção apostassem em algo mais concentrado das personagens e nos seus problemas, fazendo quase um paralelismo entre Morbius o Vampiro com Dr Jekyll e Mr Hyde, o que poderia levar a uma narrativa mais precisa com o desenvolvimento apresentado de Michael Morbius. Quanto às interpretações, Jared Leto tem uma boa interpretação, tentando “carregar” todo este filme sozinho. Quanto aos efeitos visuais, tal como referido estão bem enquadrados no filme apresentado, contudo são excessivos. Um dos pontos positivos, é que apesar de ser uma longa-metragem PG-13 consegue disfarçar bastante bem os momentos em que deveria haver mais sangue, talvez algo que os produtores “aprenderam” com erros passados.

Partilhamos, convosco o trailer desta estória da origem de Morbius

6.0
Score

Pros

  • Interpretação de Jared Leto
  • Permissa interessante
  • Construção de Morbius (enquanto Humano e Monstro)
  • Efeitos visuais bem enquadrados no filme

Cons

  • Narrativa
  • Desenvolvimento de personagens
  • Direção e Produção com decisões questionáveis
  • Efeitos Visuais excessivos
  • Ligação forçada com SonyVerse

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