Análises, Jogos

I Expect You To Die (Oculus Quest/Quest 2) – Análise

 A magia da realidade virtual é de que tem o poder de inserir o jogador dentro de qualquer mundo imaginável, quebrando a barreira do ecrã e entrando na própria pele do protagonista.

 Em I Expect You To Die, o jogador faz o papel de agente secreto num mundo um quanto cartoonístico, no qual participa infiltrado em missões secretas perigosíssimas para travar as terríveis ameaças do vilão Zoraxis, também um quanto cartoonístico nos seus planos, embora nunca seja visto em pessoa.

O que faz um agente secreto?

 Sendo um agente secreto, o jogador é enviado em missões perigosas, nas quais o objetivo tende a ser salvar o mundo, parando engenhos maquiavélicos de Zoraxis, ou em missões secretas para reunir informações acerca dos próximos planos do vilão.

 No entanto, este não é um agente secreto qualquer, já que possui implantes que lhe dão habilidades telecinéticas para mover e interagir com objetos longe do alcance do jogador, fazendo com que cada missão seja uma experiência estacionária confortável para jogadores com mais e menos experiência em realidade virtual. O jogador encontra-se sentado com todo um cenário à sua volta, podendo trazer e levar objetos de forma a resolver o puzzle de cada missão, sendo capaz também de prender objetos no ar para mais fácil acesso.

Desarmar bomba com três fios usando uma navalha dentro de um carro

Um agente que faz de tudo

 Para acabar com os planos de Zoraxis, o jogador passa por variados desafios, desde desarmar bombas, a resolver formulas químicas, passando por se infiltrar na base secreta do vilão, ou a simplesmente conduzir um carro, o que se revelou complicado para o João Duarte. É preciso ter um olhar astuto para encontrar toda a informação possível de forma a entender como concluir cada fase, e a aprender da pior maneira o que não se deve fazer.

Tal como o título do jogo avisa, o jogador vai falhar as missões várias vezes, o que é esperado, ao morrer para os vários perigos das missões, aprendendo por tentativa-erro o que fazer e não fazer para concluir o objetivo.

 É de louvar a criatividade por detrás de cada missão, começando por escapar de um avião de paraquedas, mas ao volante de um carro, passando infiltrado como limpa-janelas, submerso num submarino, entre outros.

 O escritório que serve de menu inicial dá-nos uma boa ideia do que esperar do jogo, começando pelo tutorial que nos apresenta todas as mecânicas, juntamente com as decorações que vão aparecendo à medida que se completam missões, com as quais se pode interagir.

Laboratório com tubos de ensaio e mecanismos.
Handler:"I don't really know how to make an anti-virus."

Missões incríveis e acessíveis

 Este jogo surpreendeu-me pela sua duração, contando no total com 7 missões, tendo ainda cada uma série de objetivos secundários, entre os quais concluir as missões num curto espaço de tempo, a chamada speedrun, fazendo assim a delícia dos complecionistas, e prolongando o tempo de jogo de quem gostou da vida de agente secreto.

 As várias bandas sonoras complementam na perfeição o tema do jogo, dando a sensação de um filme clássico de espionagem, tal como as vozes do narrador e dos variados elementos que vão constituindo as missões.

Por outro lado, quando se força algum objeto contra outro, o facto dessa limitação de movimento existir no lado virtual e não no físico onde o jogador só segura em dois comando, leva a que ocasionalmente os objetos se intercetem e fiquem presos uns nos outros, o que não é exclusivo da realidade virtual, e são bugs difíceis de controlar. Certos objetos também não reagem como o esperado com outros, pois ou seria uma confusão para o jogador se, por exemplo fosse tudo inflamável, ou seria um pesadelo para os programadores imaginar e introduzir todas as interações possíveis (e possivelmente os Oculus Quest não teriam capacidade para tal).

 Foi também adicionada recentemente uma opção que possibilita a seleção de legendas e localização para várias línguas (não em português infelizmente), que facilita o acesso a quem não entenda inglês (isto se souberem francês, italiano, alemão, espanhol, chinês simplificado ou tradicional, japonês ou coreano), ou para quem for como eu, que joga durante chamadas de voz com amigos, o que às vezes torna difícil ouvir certos detalhes do jogo.

Escritório com discos e projetor a projetar menú de missão secreta concluída, com três de seis objetivos concluídos.

Ideal para Realidade Virtual

 I Expect You To Die é assim um ótimo exemplo do potencial da realidade virtual, transportando o jogador para um novo mundo e fazendo-o sentir os perigos de cada missão, e oferecendo uma grande variedade destas, tornando-o assim uma das melhores experiências de realidade virtual que já tive, e muito acessível, já que se encontra em todas as plataformas atuais do género (PC, Oculus e Playstation).

 O jogo promete também uma sequela no final dos créditos, sequela esta que saiu o ano passado, e da qual poderão esperar brevemente uma outra análise aqui na Caixa Nerd.

8.0
Score

Pros

  • Variedade de cenários
  • Missões criativas
  • Ótima banda sonora e vozes para complementar a imersão
  • Visual cartoonístico e típico de espionagem bem conseguido

Cons

  • Algumas físicas que deixam objetos bugados
  • Alguns objetos que não interagem como o esperado

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