Creed III é um drama americano de 2023, da franquia de Creed/Rocky, dirigido e estrelado por Michael B. Jordan (ator, diretor e produtor americano, mais conhecido pelos seus papéis em Fruitvale Station, na franquia Creed, em Black Panther, etc.), com argumento de Keenan Coogler (argumentista americano, que contribuiu para os filmes Space Jam: A New Legacy l, Black Panther e Fruitvale Station) e Zach Baylin (argumentista americano, conhecido como o escritor de King Richard e co-roteirista de Gran Turismo). Este é o terceiro filme da série de filmes Creed e o primeiro filme da franquia sem Sylvester Stallone (renomado ator e cineasta americano mais conhecido pela sua participação em franquias de ação, tais como Rambo, Rocky/Creed e The Expendables), sendo que nos dois anteriores tivemos como produtor, mas também participando nestas longas-metragens como Rocky Balboa, contudo, apenas se apresenta neste mais recente filme como produtor. Curiosamente, a CaixaNerd teve um acesso antecipado a este filme, e tivemos o privilégio de assistir à sua antestreia.
Creed III também é estrelado por Tessa Thompson (atriz americana, que participou na franquia Creed e da MCU, Men in Black: International, Selma, entre outros.), Jonathan Majors (ator americano que ingressou recentemente na franquia da MCU e começou a ganhar reconhecimento após a sua participação em The Last Black Man in San Francisco, Jungleland, Devotion, etc.), Wood Harris (ator americano que participou na franquia de Creed, em Space Jam: A New Legacy, Blade Runner 2049, Ant-Man, Not Easily Broken, entre outros), Florian Munteanu (ator e boxeador romeno nascido na Alemanha, que participou na franquia Creed e no filme Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings) e Phylicia Rashad (atriz, cantora e diretora americana, que também é reitora da Faculdade de Belas Artes da Howard University, que possui uma longa carreira no Mundo da televisão e cinema, tendo participado na franquia Creed e nos filmes Tick, Tick… Boom!, Soul, Black Box, A Fall from Grace, Once Upon a Time…When We Were Colored, entre outros), entre outros.
A Juventude…
O filme inicia com uma sequência flashback, sendo a primeira cena em 2002, algum tempo após Adonis Creed (Alex Henderson) ser resgatado do reformatório por Mary Anne Creed (Phylicia Rashād) e já viver com esta na mansão Creed. Mas “Doonie”, tal como já havíamos visto no primeiro filme é um rebelde e como tal sai às escondidas de casa para se encontrar com um seu amigo de reformatório Damian “Dame” Anderson (Spence Moore II), seguindo os dois por uma noite memorável, em que Damian leva Donnie a um clube noturno, mas que na verdade é a entrar para o grande torneio de boxe denominado Golden Gloves.
Ao chegarem lá, Damian mostra os cantos do clube ao amigo, mostrando por fim o ringue de boxe, indicando ao mesmo que naquela noite vai ganhar ao adversário no primeiro round por knock out. Contudo, Doonie segue um caminho obscuro, metendo-se em apostas ilegais, levando-o a uma noite de sucesso, no entanto não está longe da vista de Duke (Wood Harris). Deste flashback, passamos para 2018, onde Creed (Michael B. Jordan) se apresenta naquele que é o seu último combate antes da reforma, lutando pelo título mundial de boxe.

Atualmente o nosso protagonista, já retirado dos grandes palcos do boxe, dedica-se à sua família e principalmente à sua filha Amara Creed (Mila Davis-Kent), que é uma criança especial, não pela condição que detém mas por ser um elemento muito genuíno e puro na “brutalidade” do Mundo boxe. Creed, vê a sua vida a prosperar a todos níveis, quer na sua vida profissional quer relativamente à sua vida familiar. Apesar de estar “reformado”, porém continua no Mundo do boxe, pois tem uma academia onde treina a nova geração de campeões, sendo a sua última aposta o jovem Felix Chavez (Jose Benavidez), que é super impulsivo e forte, gostando de deixar KO todos aqueles que treinam com ele, sendo cada vez mais difícil encontrar alguém que o queira fazer.
Após um dia típico de Creed, ele reencontra o seu amigo de infância e ex-prodígio do boxe, Damian “Dame” Anderson (Jonathan Majors) à sua espera, após ter vivido durante os últimos 18 anos uma vida difícil e limitada pela sua condição, algo que o fez desistir do boxe e passar de prodígio a um “zé-ninguém” que ninguém conhece. Após alguns momentos de desabafos e de colocarem a conversa de dia, Damian partilha que sempre seguiu a vida do seu amigo de longe através da TV, sentindo que este poderia estar a viver a vida dele. Contudo, Damian sente-se um pouco triste e desiludido, pois durante todos estes anos tentou entrar em contacto com Donnie, mas este nunca lhe escreveu de volta às cartas que Damian lhe enviou. Adonis tenta se desculpar, alegando que nunca viu as cartas e que provavelmente foi a mãe dele, Mary Anne Creed, que as reteu.

Após esta conversa, Damian conta que o seu verdadeiro sonho e o porquê de aparecer na vida de Creed após estes anos de afastamento, pois este sente que apesar de ser velho ainda tem o “sangue vivo nas guelras” e toda a energia de um jovem, que poderia ser campeão, admitindo que gostaria de ter uma oportunidade de treinar e regressar aos palcos do boxe.
Creed sentindo-se responsável pela situação atual do seu amigo, dá-lhe a oportunidade de treinar na sua academia e quem sabe ajudar a preparar Felix (que não tem adversários na academia que o queiram enfrentar) para o seu grande combate na defesa pelo título mundial contra o majestoso Drago. Damian sente-se um pouco frustrado com a posição que Creed o colocou, dizendo que não quer ser “saco de pancada” de toda a gente, indicando que ainda mantém o mesmo sonho, de um dia ser campeão Mundial de boxe e pede ao seu amigo, para que este o ajude a realizar esse sonho, nem que seja dando-lhe uma oportunidade de provar o que vale, fazendo referência a Apollo Creed, quando este deu a oportunidade ao “underdog” Rocky Balboa.
Adonis insiste que com a idade de Damian e falta de experiência profissional isso será muito difícil, contudo, estes recuos do nosso protagonista em relação ao seu amigo aumentam a tensão entre os dois, e levam Damian a querer tomar medidas desesperadas e mostrar a todo o custo o que vale, estando ansioso para provar que merece a sua oportunidade no ringue a qualquer preço, nem que seja num treino.
Toda esta situação faz com que o confronto entre os “amigos” seja muito mais do que apenas uma luta “para acertar as contas”, pois Donnie vê-se obrigado a colocar o seu futuro em risco para “lutar” contra Dame, um lutador que não tem nada a perder e que está habituado a “jogar sujo” para conseguir o que quer.

O Reencontro…
A franquia de Creed, pegou nos mitos dos filmes de Rocky e criou algo que parecia confortavelmente familiar, refrescante e novo, desde de Creed I que a estória envolve o filho do ex-campeão Mundial Apollo Creed, mostrando um outro lado que ainda não tinha sido explorado na franquia anterior, Rocky, em que o jovem sente a necessidade de provar que merece o nome que tem. Já em Creed II, regressam alguns fantasmas do passado de Rocky Balboa, que levam o mestre e o aprendiz a seguirem um caminho bastante perigoso.
Em Creed III é possível observar-se diversas homenagens às longa-metragens anteriores, existindo alguns pormenores que nos remetem aos filmes Rocky V e Rocky Balboa. Neste recente título Adonis vive um momento de pós-atividade do boxe, estando neste momento aposentado dos grandes ringues, apesar de existir esta semelhança com os filmes de Rocky já mencionados, o mesmo tenta seguir um caminho um pouco diferente e tenta inovar em alguns dos temas abordados. No entanto, para os grandes fãs de Rocky, estes podem sentir uma pequena estranheza, pois o icónico campeão não está no filme e pouco é mencionado ou referido. Em Creed III vemos Adonis no típico papel de Rocky, um campeão que passa por diversas adversidades mesmo após ter atingido o seu auge profissional.
O filme mostra a vida de Adonis após a sua reforma, dedicado a gerir, encaminhar e até treinar a próxima geração de lutadores e possíveis campeões mundiais, sendo algo semelhante à premissa de Rocky V, porém Creed III é mais “silencioso” e reflexivo. É possível observar que Jordan, enquanto diretor, aposta mais num formato de apreciar as cenas de luta, pois elas permitem que ele seja criativo, tendo usado várias vezes a câmera lenta para destacar os golpes, algo que é inerente ao que o próprio quis passar, pois este filme está recheado das suas inspirações dentro do Mundo da luta, não só no Mundo real, mas também dentro da animação (como é o caso de algumas animações japonesas que o próprio admitiu que se inspirou para recriar estes momentos, e para tal usou detalhes de diversas lutas dos seus animes preferidos como é o caso de Dragon Ball, Hijame no Ippo ou até Naruto, entre outros). Estes jogos de câmara permitem a Jordan explorar com maestria estes detalhes que enaltecem muito as coreografias de combate. Outro exemplo de como o diretor fez um ótimo trabalho de câmara, é nas metáforas que usa no próprio combate, fazendo com que um enorme estádio cheio de pessoas desapareça e faz surgir no ringue várias personificações visuais. Estas são algumas das partes mais empolgantes e que “enchem os olhos” dos espectadores.
A nível de interpretação, Creed III é bastante consistente a nível geral, pois estas cumpriram de forma geral o seu objectivo com o material disponível, destacando-se principalmente a interpretação de Jonathan como antagonista, sendo que quando Jordan e Majors estão juntos em cena, sente-se uma tensão palpável. Contudo, a personagem de Creed necessita muito das personagens secundárias para ter um bom desenvolvimento, principalmente de Tess e Amara, que geram um pequeno conflito familiar algo semelhante ao que vimos em Rocky V, mas explorando umas vertentes um pouco diferentes. Já a personagem de Jonathan, o Damian, já depende mais de si e é uma personagem bastante sólida, contudo, o seu desenvolvimento decai um pouco na reta final, não por culpa da interpretação, mas do caminho dado pela narrativa.
Relativamente à narrativa, esta é bastante desequilibrada, apresentando 2 filmes independentes e um pouco de forma desorganizada em simultâneo, criando algumas omissões e incoerências ao longo da longa-metragem. As tomadas de decisão da narrativa é ponto mais problemático desta longa-metragem, porque se Creed I foi um sucesso principalmente pela narrativa apresentada, Creed III apresenta coreografias de combate, além de outros elementos técnicos sensacionais, mas no fundo, falta-lhe sumo para suportar tudo isto, pois toda a evolução da estória é previsível fica a saber a pouco, pois faz com que o espectador não se ligue tanto a ela, tornando-se menos impactante. No entanto, a banda sonora e a cinematografia são entusiasmantes, dando quase sempre “golpes certeiros”.
Em suma, Creed III tenta desligar-se dos filmes passados, porém faz algumas homenagens aos mesmos. A narrativa é um pouco caótica, não contribuindo para que o espectador se ligue à estória. A banda sonora e a cinematografia, especialmente nas cenas de luta, são soberbas. Quanto às interpretações foram adequadas relativamente ao material existente, porém destaca-se a atuação de Jonathan Majors. Este Creed III provavelmente é um dos menos impactantes desta nova franquia, porém tem alguns momentos que decerto ficarão na memória dos fãs, especialmente daqueles que gostam de anime.
Partilhamos, convosco o trailer do filme que tivemos oportunidade de ver em antestria Creed III…

6.0 Score
Pros
- Direção de Jordan nos combates
- Interpretação de Jonathan Majors
- Cinematografia
- Banda Sonora
- Sonoplastia
- Recheado de referências às inspirações de Jordan e excelentemente bem colocadas
Cons
- Narrativa desequilibrada
- Não consegue gerir bem a ligação entre as diferentes estórias
- Edição fica um pouco aquém do esperado
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