Análise, Anime

Cor, conhecimento e ação- Chainsaw Man Ep2 (Análise)

O episódio 2 de Chainsaw Man voltou a mostrar-nos a paleta colorida que nos apresentou no fim do episódio anterior. E não foi só cor que nos entregou. Organizou alguns conceitos e deu a conhecer algumas personagens importantes.

Makima e Denji, uma relação agridoce

É óbvio que o Denji estava em êxtase. Finalmente seria bem tratado, iria começar a vestir-se bem, a comer bem e a dormir bem.

É óbvio, também, que a pergunta mais fácil de ser lançada é: “No fundo, o que diferencia Makima da Yakusa?”. Pelo design e por ser uma personagem que encontramos na abertura, nós interiorizamos rapidamente que ela está no lado “certo” da história (pelo menos por enquanto), mas não deixa de ser uma relação de subserviência. Denji é obrigado a obedecer ordens que nem um cão na mesma, agora a vantagem é que ele tem boas condições.

Mas enfim, nem o próprio Denji pensa muito nisso, está mais preocupado em paquerar a nova chefe, enquanto a personalidade sedutoramente controladora da mulher vai trocando as voltas ao nosso herói.

Ficámos a saber também nas suas primeiras interações que o surgimento das motosserras no corpo do jovem cria realmente ferimentos e hemorragias e que Pochita está vivo dentro do corpo do personagem, as boas e as más notícias veem aos pares nesta série.

Makima

Denji, Power e Aki, a equipa 7 que deu certo!

A apresentação de Aki é bastante… digamos… dinâmica. Percebemos rapidamente que Aki caiu na mesma ladainha que o seu agora pupilo Denji, sendo extremamente devoto à chefe.

Essa adoração de Aki faz com que ele sinta a necessidade de peneirar os novos reforços e foi o que aconteceu com o nosso herói. Aki tenta, através de uma pequena luta, afastar o seu novo colega e levá-lo a desistir da profissão. Mas, como é óbvio, entre lutar com demónios e voltar para a pobreza extrema, com a agravante de que vai ser perseguido como demónio que é, Denji mostra-se determinado em perseguir a viagem.

Nesta cena, é fácil entender a discrepância de origens dos nossos protagonistas. Enquanto o Aki apresenta uma postura de combate convencional de defesa, Denji procura terminar a luta de forma rápida e eficaz, como se de sobrevivência se tratasse, mirando nos testículos do colega. Outra forma de ver essa diferença é no conceito de matar demónios por dinheiro. Aki, por não ter passado pelas dificuldades de Denji, o ato de matar demónios exclusivamente por bens materiais inútil e desrespeitoso. Já o meio-demónio, vê esse conceito como uma necessidade para viver estável como sempre sonhou. O que para a nossa bolha de privilégio parece vazio, para outros é uma obrigatoriedade.

A postura de ambos para com os demónios é também ela radicalmente oposta. Aki perdeu a sua família para um demónio, enquanto Denji teve a sua vida salva por um. Extremos bem oposto que lhes atribuem relações estupidamente diferentes para com essa bicharada.

Passando para Power, o último membro da triplice. Uma infernal, ou seja, um demónio que controla o corpo de um humano, contrasta o seu aspeto físico belo e feminino com a sua sede insaciável de sangue, seja ele demónio ou não. Nela ficamos a conhecer melhor a natureza impulsiva, egoísta e selvagem dos demónios. Sendo pouca ortodoxa para conseguir os seus objetivos, importando-se pouco com as suas relações com os outros.

Pelas suas diferenças gritantes, parecem ser uma tripla dinâmica e fácil de entreter o espectador, com os seus conflitos e carisma.

Aki

O contacto com a “vida normal” e o deslocamento de Denji

O meu último ponto de análise vai para as cenas do Denji a aproveitar a casa do Aki. O seu desprendimento da realidade quotidiana é bastante vincado aqui. Ele coloca todos os recheios possíveis no pão ao mesmo tempo, ele toma banho a cantarolar desalmadamente. Coisas que para nós nos podem dar vergonha ou parecer exageradas, por não darmos o valor que o Denji dá, para ele são essenciais para aproveitar as novas regalias que o mundo lhe apresentou.

Muitos criticam o caráter sexual excessivo do protagonista, mas temos de ver que a classe social cria realmente esses conflitos. Imaginem-se no papel do Denji, um adolescente sem educação que nunca pôde encostar numa rapariga por causa do seu mau cheiro e das suas condições de vida e trabalho a finalmente ter as suas necessidades básicas tratadas. Agora que ele não precisa de ocupar a cabeça com o pensamento “Como vou durar mais um dia com este pão seco”, resta-lhe o que ele conhece, as suas necessidades sexuais e a pouca relação com uma sociedade fora da Yakusa e a falta de educação provêm ao personagem a falta de filtro que ele apresenta. Não digo que não pareça excessivo às vezes, mas tem um significado maior do que parte do público observa.

Denji a aproveitar o banho

Esta semana há mais Chainsaw Man, e, com ele, mais uma pequena análise do que vimos no episódio. Até lá, Stay Nerdie.

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