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Cobra Kai – Season 4 (Netflix) – Análise

Há pouco tempo atrás, tivemos o anúncio que 5ª Temporada de Cobra Kai foi antecipada já para este mês de setembro (mais precisamente para o dia 9 de setembro) e há poucos dias foi divulgado um novo trailer da mesma. Assim sendo, partilhamos hoje convosco o seguimento da estória de Cobra Kai, e após análise da 3ª temporada (podem consultar aqui as nossas análises anteriores: Cobra Kai Season 1, Cobra Season 2 e Cobra Season 3), trazemos hoje para vocês a nossa análise da 4ª temporada de Cobra Kai e o desenlace desta estória do dojo de karaté mais badass de All-valley.

Atenção, sendo uma análise da quarta temporada existem pontos que serão abordados e que poderão ser um Spoiler para quem não viu a primeira e/ou segunda temporada.

Para quem ainda não sabe, Cobra Kai é uma série de drama e ação com base em artes marciais, desenvolvida por Josh Heald, Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg, que segue a estória 30 anos após da trilogia original The Karate Kid. Esta 4ª temporada, à semelhança da temporada anterior, foi produzida pelo canal de streaming Netflix, é constituída por 10 episódios com cerca de 30 minutos cada, e o elenco desta mantém-se praticamente o mesmo do que o da anterior: William Zabka, Ralph Macchio, Xolo Maridueña, Tanner Buchanan, Mary Mouser, Peyton Roi List, Gianni Decenzo, Martin Kove, entre outros. Destaca-se ainda o regresso de à franquia de Thomas Ian Griffith (ator, produtor e diretor norte-americano, faixa preta em Kenpo Karate e Tae Kwon Do, sendo mais conhecido pela sua participação no terceiro filme da franquia de The Karate Kid, como Terry Silver).

Fim da Rivalidade ???

A quarta temporada inicia exatamente no mesmo ponto onde a terceira tinha terminado. Em que All-Valley está a passar por momentos críticos onde jovens se confrontam e lutam todos os dias, uns para se proteger e outros pela procura da dominância. Todos estes confrontos levam a escola a tomar a decisão de voltar a reabrir o torneio de All-Valley (de forma a que os alunos tenham um local com regras para combaterem e assim talvez tentarem reduzir o vandalismo e agressividade na escola), assim sendo, a temporada anterior terminou com a união dos dojos Miyagi-Do e Eagle Fang, que juntaram forças numa tentativa para derrotar Cobra Kai, no torneiro de Karate no All Valley.

Perante isto, John Kreese (Martin Kove) vê-se obrigado a procurar o seu velho amigo de guerra que Kreese lhe salvou a vida. Chegando agora o momento de lhe cobrar a velha dívida ele procura Terry Silver (Thomas Ian Griffith), com o objetivo deste o ajudar na preparação do Cobra Kai para o torneio, mas Silver é um homem novo, com uma vida mais estável, “limpo” das drogas que o assombraram no passado e um empresário de sucesso, que não se quer voltar a relacionar com Kreese.

Contudo, Kreese tem uma carta na mão que acredita que fará com que Silver se junte de novo aos Cobra Kai e que com a sua técnica mais dominante e agressiva, consiga elevar o nível dos seus estudantes. Enquanto isso, Miyagi-Do e Eagle Fang treinam no mesmo recinto, de forma que aprendam um pouco com todos, o próprio Daniel LaRusso (Ralph Macchio) tenta aprender com o estilo do punho de Johnny Lawrence (William Zabka), e o mesmo (de uma forma contrariada) tenta aprender um pouco do estilo de karaté relaxado de LaRusso.

Apesar destes esforços, em que nenhum dos dois senseis se esforça realmente, a discórdia surge constantemente, pois tudo é alvo de críticas, já que Daniel e Johnny têm metodologias de treino muito distintas. Samantha (Mary Mouser) e Miguel (Xolo Maridueña) tentam fazer de tudo para manter a aliança dos dojos, tentando mostrar as vantagens e como esta combinação faz com que os seus alunos melhorem. Enquanto as hostilidades continuam a aumentar entre os antigos rivais, Kreese aproveita e tenta manipular o “jogo”, entrando na cabeça dos seus oponentes, criando mais desentendimentos. Miguel, aproximando-se cada vez mais de Daniel, mas sendo o aluno favorito de Johnny, os ciúmes entre os senseis aumentam, criando mais desafios e rivalidades para todos envolvidos.

Para piorar toda a situação, e de forma a tornar todo este torneio mais interessante, é colocada a proposta de quem perder o torneio terá de “pendurar o kimono”, isto é, não voltar a ensinar qualquer tipo de karaté em All-Valley, aumentando assim, toda a rivalidade entre Cobra Kai, Miyagi-Do e Eagle Fang. Kresse, além de estar a tentar a ter o apoio de Silver, ainda tenta manipular Robby (Tanner Buchanan), tornando este no seu melhor aluno de Cobra Kai. E assim, na sua ideia, ele juntamente com Silver a liderarem o dojo, e com os seus alunos prediletos como Robby e Tory (Peyton Roi List) formam uma equipa implacável e letal.

Aproximando-nos do grande torneio de All-Valley, uma nova personagem entra em cena, Kenny Payne (interpretado por Dallas Dupree Young), um jovem super bem-disposto e com uma dinâmica e carisma únicos. Contudo, nem tudo é fácil para este jovem, pois é mais um miúdo que sofre de bullying dia após dia, e por aqueles que menos se espera.

Assim sendo, Kenny devido a uma conversa que teve com o seu irmão mais velho, vê em Cobra Kai uma oportunidade única na qual pode aprender a defender-se contra os agressores, tornando-se assim um protegido de Robby.

Com os seus dojos completos, eis que chega o dia que todos aguardam, o torneio de All-Valley. Mas, tudo vai ser mais difícil do que se espera, pois os dojos Miyagi-Do e Eagle Fang estão com o espírito quebrado devido a acontecimentos passados, principalmente por causa de alguns dos seus alunos, como por exemplo Miguel (que está cheio de receio devido ao incidente na segunda temporada que o deixou agarrado a uma cadeira de rodas), Hawk (que sente que já não sabe quem é), entre outros. Porém, os jovens Dimitri (Gianni Decenzo), Samantha do lado dos dojos Miyagi-Do e Eagle Fang, assim como os seus rivais Robby e Tory do lado de Cobra Kai estão mais confiantes do que nunca.

Será que tudo o que estes jovens aprenderam é suficiente para este embate? A jogada que Kreese tem na manga é suficiente para sagrar-se campeão? LaRusso e Lawrence irão enterrar de vez o “machado de guerra” de décadas com sucesso para derrotar Kreese?

A Próxima Geração…

Após três anos após a sua criação, e agora em plena produção na Netflix, a 4ª temporada de Cobra Kai consegue fugir da nostalgia, mergulhando em traumas e problemas de adolescentes, mas sem perder o foco dos senseis rivais e dos diferentes dojos.

A 4ª temporada de Cobra Kai retoma a estória de Johnny Lawrence e Daniel LaRusso, que após os eventos da época anterior decidiram acabar com sua inimizade por um tempo, combinando suas técnicas de karaté para terminar uma vez por todas todos com a tirania de um inimigo comum, John Kreese. Ao modificar um pouco a fórmula tradicional desta rivalidade de várias décadas, faz com que esta temporada se diferencie das restantes e se despoje do fator nostálgico vincado (de que já não necessita), entrando plenamente nas relações atuais da dupla principal e dos seus respetivos alunos. Não é por isso que os seus arcos não tenham tanto impacto, visto que cada uma das decisões que os senseis tomam tem consequências diretas na nova geração.

A narrativa e o ritmo da estória desta vez está construída para dar espaço e tempo para todos, de forma a que tudo seja mais orgânico, dando ao espectador a capacidade de entender as diversas motivações dos vários personagens, que antes não tinham tanta profundidade e destaque.

Apesar da nostalgia ser introduzida a conta-gotas, a grande revelação desta temporada é o retorno de Terry Silver. Devido à inclusão deste vilão, percebemos os novos traumas e inseguranças dos líderes, assim como, os variados contratempos que afetaram os seus descendentes. Contudo, Silver tem um arranque bastante fraco, mesmo não sendo o “Silver” que todos estamos habituados, a personagem está à deriva de uma narrativa que não está bem estruturada para esta interpretação, ganhando ao longo do tempo a força que necessita, fornecendo material para que as alianças e as traições estejam na ordem do dia e, por enquanto, a série da Netflix continua combinando os dois elementos de forma mais do que aceitável. A banda sonora e a sonoridade da série continuam também nesta temporada a ser um dos pontos altos.

Em relação às personagens, umas ganharam um destaque soberbo, como é o caso de Tory e Hawk/Eli. Robby também finalmente tem um espaço onde pode brilhar e tudo devido à nova personagem que surge, o jovem Kenny (uma personagem excelentemente bem introduzida, e sendo carismática e mais próxima a Daniel LaRusso nos seus tempos de adolescente, que nos dá toda uma nostalgia diferente do que estamos acostumados). Contudo, Samantha, apesar de se notar uma evolução melhor do que nas temporadas passadas, ainda não teve o seu espaço, já o seu par romântico Miguel, perde o foco e a personagem acaba por ser perder na narrativa, ficando sem força (talvez o ator já não queira mais o papel, ou esteja focado em projetos de maior dimensão).

Destaca-se ainda também que os momentos de ação entre os jovens Eli, Tory, Miguel, Robby, Sam, entre outros, que possuem cada vez mais a sua própria dinâmica evolutiva, tornando as lutas mais borbulhantes e explosivas, com a combinação de diferentes estilos e estratégias de karaté. Porém, esta temporada não está isenta de falhas, sendo que alguns personagens e momentos criados parecem ser desperdiçados ou ineficazes.

Verifica-se que cada episódio termina com um gancho que faz o espectador querer assistir o próximo imediatamente até ao último. Existem também algumas grandes reviravoltas, além de que o final é de longe o melhor das temporadas (até ao momento), tendo sido uma maneira maravilhosa de encerrar esta quarta temporada e deixar as coisas bem apelativas para a quinta temporada que se avizinha.

Em suma, a 4ª temporada de Cobra Kai comprova que esta é uma série única, pois pode ser extremamente engraçada num momento, comovente e profunda no próximo e, em seguida, deixa-nos em pulgas com as cenas de ação e luta. Esta temporada estruturou perfeitamente o funcionamento com base nas rivalidades. Assim sendo, talvez possamos apontar esta como a melhor temporada a par da primeira.

Partilhamos, convosco o trailer da 4ª temporada de Cobra Kai da Netflix

Partilhamos, ainda convosco o trailer da 5ª temporada de Cobra Kai da Netflix, cuidado que pode conter spoilers para quem não viu as anteriores

8.0
Score

Pros

  • Apresenta uma nostalgia diferente ("sangue novo")
  • Tory e Hawk/Eli tem um destaque soberbo (brilhando em cada cena)
  • Kenny é uma personagem fantástica (um carisma fenomenal, fazendo um paralelismo com o adolescente Daniel LaRusso)
  • Robby destaca-se e ganha um espaço para brilhar
  • Banda Sonora continua soberba
  • Premissa continua interessante

Cons

  • Terry Silver com arranque bastante fraco
  • Miguel fica perdido na narrativa (praticamente esquecível)
  • Samantha ainda não encontrou o seu espaço

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