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Cobra Kai – Season 2 (Netflix) – Análise

Seguindo a estória de Cobra Kai, e após análise da primeira temporada (que podem consultar aqui), trazemos para vocês o desenlace da segunda temporada do dojo de karaté mais badass de All-valley. Atenção, sendo uma análise da segunda temporada existem pontos que serão abordados e que poderão ser um Spoiler para quem não viu a primeira temporada.

Para quem ainda não sabe, Cobra Kai é uma série de drama e ação com base em artes marciais, desenvolvida por Josh Heald, Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg, que segue a estória 30 anos após da trilogia original The Karate Kid. Esta 2ª temporada ainda foi produzida pelo YouTube Premium, mas já numa altura em que havia conversações entre YouTube e o canal de streaming Netflix, para que este último se tornasse também detentor da produção da série. É constituída por 10 episódios de cerca de 30 minutos cada, e o elenco desta mantém-se praticamente o mesmo do que o da anterior: William Zabka, Ralph Macchio, Xolo Maridueña, Tanner Buchanan, Mary Mouser, entre outros. Destaca-se ainda o regresso de Martin Kove à franquia de The Karate Kid.

Na primeira temporada o “inimigo” da juventude de Daniel, Johnny Lawrence tornou-se numa figura similar de Miyagi, ao abrir o seu dojo de forma a motivar os jovens que sofrem bullying a defenderem-se, invertendo assim habilmente a “velha fórmula” dos filmes para a série. A primeira temporada da série continuou a misturar e a combinar a ideologia de 2 rivais com os seus respetivos discípulos.

As Luzes da Ribalta…

Após o sucesso que o dojo Cobra Kai fez no torneio de All-Valley, é natural que mais jovens queiram ser admitidos neste dojo de sucesso, contudo, não são apenas os jovens, pois este sucesso despertou interesse noutras pessoas.

Esta segunda temporada inicia no ponto imediato do término da anterior (quase como se do episódio 11 da primeira temporada se tratasse), em que o sucesso de Johnny (William Zabka) e do Cobra Kai no torneio de All-Valley, fez surgir uma velha Cobra que esteve durante muitos anos em “brumação”.

Este velho fantasma de Johnny, não é nada mais que o seu antigo sensei John Kreese (Martin Kove), que afinal ainda está vivo, e aparece no dojo, apenas para felicitar o jovem sensei pelo o que conseguiu, reerguer o nome Cobra Kai novamente em All-Valley. Kreese refere ainda que “voltou dos mortos” pelo seu melhor discípulo, que sempre acreditou nele e que talvez seja o momento para que os Cobra Kai voltem a dominar o karate mundial..

Ainda cético com este aparecimento inesperado de Kreese, Lawrence coloca em primeiro plano os seus alunos, no entanto, o sentimento de pena sobre o seu antigo mestre instalou-se, fazendo com que Johnny desse um pequeno voto de confiança a Kreese, deixando este assistir às suas aulas.

Porém Kreese aproveita esta oportunidade para dar apoio às aulas. Mas depressa as suas metodologias são postas em causa, sendo mais extremas e violentas, fazendo com que apenas os fortes queiram se manter “à tona” no dojo, o que leva a alguns alunos a desistirem do karaté. No entanto, nem tudo é mau, pois com a saída de uns, surgem novos alunos, mais agressivos e “matreiros” na forma de combater, tais como Tory Nichols (Peyton List), que torna-se numa das alunas preferidas de Kreese.

Por outro lado, Daniel (Ralph Macchio) decide apostar no seu próprio dojo, reabrindo assim as portas do Miyagi-Do Karate para ajudar aqueles que precisam para se defenderem contra os Cobra Kai e para que estes não voltem a dominar All-Valley como nos anos 80. Sem alunos, ou melhor dizendo, apenas com Robby Keene (Tanner Buchanan) que se manteve ao lado de Daniel após o torneio, decide tentar uma nova abordagem para tentar recrutar novos elementos para o seu dojo.

Contudo, os métodos usados não são os mais eficazes, pois tenta difamar o nome de Cobra Kai, além de oferecer aulas gratuitas, ou até tentar convencer os pais dos jovens que o Miyagi-Do Karate é o melhor para All-Valley.

Mas, para sua alegria, o seu verdadeiro discípulo estava dentro da sua casa, a sua filha Samantha (Mary Mouser). Esta se junta ao dojo, enfrentando os Cobra Kai e quer “salvar” a sua amiga Aisha Robinson (Nichole Brown) tentando convencê-la a juntar-se ao Miyagi-Do.

Esta temporada de verão promete, por um lado temos os Cobra Kai a treinarem sem descanso para continuarem a ter progressos nas suas habilidades de karaté, para o próximo ano que se avizinha, e por outro os membros do Miyagi-Do tentam aumentar o seu número de alunos e assim conseguirem fazer frente aos seus “inimigos”.

Com o sucessivo aumento de confiança que o método do sensei Kreese dá aos alunos, estes começam a seguir os ensinamentos deste mestre cegamente e perante esta situação, Miguel começa a questionar e colocar em causa as metodologias deste antigo sensei. Contudo, Lawrence o mantém, pois acha que apesar de John Kreese ser rígido, ele é bom professor e que vai conseguir com que todos os Cobras sejam mais fortes.

Robby e Samantha começam a aproximar-se, devido a passarem cada vez mais tempo juntos por causa do dojo, mas o mesmo acontece com Miguel e Tory, toda esta situação acaba por criar um “losango” amoroso, que tem tudo para correr mal. Para ainda aumentar a tensão entre os dois dojos, existem alguns conflitos e mal entendidos, pois alguns alunos, devido à rigidez de Kreese, decidem trocar Cobra Kai pelo Miyagi-Do.

Estas saídas de alunos de um dojo para o outro, os contínuos mal entendidos, as crises de ciúmes, entre outros atritos, aumentam a tensão e as rivalidades entre os diferentes personagens. Tal como Kreese refere, isto já não é uma brincadeira de karaté, mas passou a ser uma guerra, da qual os “Miyagi” não se vão salvar, mostrando que esta nunca terá fim. Mas, qual será o impacto das mesmas na vida destes jovens (que apenas se queriam defender do bullying) e dos eternos rivais Johnny e Daniel (um que estava a solucionar a sua vida e outro que é um empresário de sucesso)?

Tornar o Karaté Grandioso outra vez ???

A segunda temporada de Cobra Kai, mantém-se como uma série extremamente divertida e rápida de se ver, pois são apenas 10 episódios, com cerca de 20 minutos cada um. Consegue manter o interesse no desenrolar da estória e continua recheada de homenagem um dos melhores clássicos do culto dos anos 80.

Cobra Kai, “ressuscita” o sensei John Kreese, que se torna num elemento muito bem enquadrado, especialmente no “momento” que estes miúdos estão a viver e aumenta o interesse em toda a série. Além de Kreese, a chegada de Tory também acrescenta uma nova vida, quer ao dojo Cobra Kai, quer à própria série, fazendo com que personagens como Samantha se tornem um pouco mais relevantes.

Em termos de narrativa, apesar da série e esta temporada continuarem a apelar à nostalgia da Geração X, as estórias dos personagens mais jovens (Miguel e Robby) assumem agora um peso quase igual às do “passado”, assim como a rivalidade crescente entre Hawk e Demitri, inicialmente amigos nerds e agora rivais (tornando-se quase no agressor e agredido). Contudo, o desenvolvimento de Miguel, Sam e Robby é previsível e limitado, visto ser sempre privilegiado os aspetos relativos aos mal entendidos e ciúmes.

Este foco nos mal entendidos, não só entre os jovens, mas também com os adultos, tornando a narrativa desta temporada repetitiva e revelando ainda mais os problemas da dependência deste tipo de conflitos para o desenrolar da narrativa, tornando-a neste aspeto pior do que a anterior (sendo que seria esperado, um outro tipo de desenvolvimento, os conflitos podiam estar lá, mas não serem ponto principal para dar o trigger para a sequência seguinte).

No entanto, Hawk, o ex-nerd tatuado e com uma crista de moicano, acaba por escapar um pouco a este problema, mantendo-se como o elemento mais interessante e com o melhor arco nesta temporada. Este acredita profundamente nos ensinamentos de Johnny e Kreese, tornando-o quase num “vilão”. Já Aisha, devido ao foco dado entre casais e conflitos entre senseis dos dois dojos, vai perdendo presença ao longo da série, passando de cobra natural (nome dado na primeira temporada) a uma personagem irrelevante.

A coreografia das lutas é um dos pontos altos desta temporada e está bem realizada, existindo momentos do treino de Robby e Samantha que tornam toda a mística do karate muito mais presente e bela, mas ao mesmo tempo é nos apresentado a brutalidade dos treinos de Cobra Kai, como é o caso de Coyote Creek, a forma como o trabalho de câmara é feito, ajuda a imergir nas cenas de ação, além de permitir a utilização de duplos em sequência de gravação quase one-shot. A banda sonora continua extremamente bem alinhada com a nostalgia dos anos 80.

Em suma, Cobra Kai continua num bom caminho como uma sequência do The Karate Kid, com uma grande dose de nostalgia dos anos 80, mantendo a comédia seca e afiada, com temas muito relevantes e atuais de hoje em dia. Apresenta excelentes coreografias de luta, principalmente na reta final, sendo um dos pontos altos, juntamente com o constante desenvolvimento da personagem de Hawk (Eli), e não podemos deixar de lado a excelente banda sonora. Contudo, as constantes dependências de conflitos, principalmente entre Daniel e Lawrence, com a pitada de Kreese, no desenrolar da narrativa, tornam-na repetitiva e por vezes está no limite de se tornar sem sentido (tendo os adultos com comportamentos de crianças).

Partilhamos, convosco o trailer da 2ª temporada de Cobra Kai da Netflix

7.0
Score

Pros

  • Coreografias de luta são o ponto alto da temporada
  • Bons momentos de homenagem aos anos 80
  • Nostalgia referentes ao filme original
  • Fácil e rápida de ver
  • Excelente desenvolvimento de Hawk (Eli)
  • Banda Sonora
  • Tory traz uma nova vida ao Cobra Kai
  • Johnny Lawrence mantém um bom desenvolvimento (mas lento)
  • Premissa continua interessante

Cons

  • Narrativa continua muito dependente dos conflitos, tornando-se repetitiva
  • Inconsistências na construção e desenvolvimento de algumas personagens
  • Aisha vai perdendo presença
  • Desenvolvimento do "losango" amoroso é demasiado cliché

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