Análises, Cinema

Blackbird – Análise

Blackbird um filme dramático, apresentado no Toronto International Film Festival (TIFF) em 2019, que chega agora ao cinemas em Portugal. O diretor Roger Michell (reconhecido pelos trabalhos como: Notting Hill e My Cousin Rachel), aposta numa recriação do filme dinamarquês com o nome Silent Heart.
Com um elenco repleto de estrelas do cinema internacional, como é o caso de Susan Sarandon (uma reconhecida estrela, com um Óscar na categoria de melhor atriz, no filme Dead Man Walking), Kate Winslet (uma atriz com diversas nomeações pela academia, e com um Óscar no filme The Reader), Mia Wasikowska (conhecida pelo papel de Alice, nos mais recentes filmes de Tim Burton), Sam Neill (conceituado e conhecido pela sua interpretação do Dr. Alan Grant no Jurassic Park), entre outros.
Este drama, aborda temas bastantes sensíveis, sendo o principal foco a eutanásia (um tema atualmente muito falado). A estória inicia com Lily (Susan Sarandon), uma matriarca doente (em estado terminal), que convida a sua família (disfuncional) a passar o suposto último fim de semana juntos.
Lily tenta planear tudo (até ao último detalhe), de forma a ter os últimos momentos de alegria, junto dos que lhe são mais queridos, antes de terminar com a sua vida, por meio da eutanásia, com o auxílio do seu marido Paul (Sam Neill), que é médico. No entanto, diversos imprevistos ocorrem, revelando as diversas fragilidades existentes na família.

A reunião…

A primeira a chegar é a filha mais velha, Jennifer (Kate Winslet), com o seu marido Michael (Rainn Wilson) e o seu filho Johnathan (Anson Boon). Ela não sabe muito bem como reagir perante a situação da sua mãe, pois sente-se conformada, mas não é algo que queira. Isso percebe-se, pois oferece um presente a Lily para usar, que depois coloca em causa se o devia ter feito ou não, visto poder ser o último fim de semana da sua mãe.
Seguidamente, chega o seu pai que foi buscar a melhor amiga da protagonista, Liz (Lindsay Duncan). Contudo, Jennifer não se sente muito confortável com a presença de Liz, pois acha que este momento deveria ser apenas restrito à família. Além do mais, é quando começamos a ver o crescente sentimento de insegurança que tem, sentindo ciúmes da amiga da mãe, pois verifica que a Lily apreciou de facto as flores que Liz lhe ofereceu. Por fim chega Anna (Mia Wasikowska), a filha mais nova, uma jovem rebelde com a namorada Chris (Bex Taylor-Klaus).
Nos primeiros instantes do convívio familiar, verifica-se que Lily está a perder, dia para dia, a sua autonomia, e tenta brincar com essa situação. Visto se estar a aproximar cada mais os seus últimos momentos, ela decide recriar tudo de forma a poder ter tudo que existe num ano, em apenas um fim de semana. Então primeiro faz uma passagem pelo passado, num passeio com a família, apesar das dificuldades, os locais por onde passam trazem-lhe boas memórias. Pois, reconhece um dos locais onde Jennifer foi concebida, no entanto não se lembra bem como foi com Anna, o que faz com que a filha mais nova se sinta um pouco excluída pelos pais.

Após o passeio, Lily pede também à sua família para celebrarem o Natal antecipadamente, pois quer que esta seja a última noite em família. A protagonista dá presentes a todos, de forma geral, ofertas com significados simbólicos e com história (para mais tarde recordar), sendo o último entregue ao seu marido, que deixa todos em lágrimas.
Para todos relaxarem um pouco depois no fim do último jantar de família, Lily decide fumar droga e oferece a todos presentes, deixando alguns desconfortáveis com a situação, principalmente Jennifer a “filha certinha”, mas que acaba por aceitar a oferta da mãe. Contudo, a “filha rebelde” Anna, não aceita tal ato, pois no passado teve problemas com drogas, e quis de certa forma mostrar à mãe que tinha mudado, que já não era tão rebelde (começando a perceber também que não quer perder a mãe e que vai fazer de tudo para que tal não aconteça). Mas, após este jantar, as suas filhas começam a entrar em conflito com os restantes elementos presentes na casa, revelam que não concordam com a eutanásia da matriaca e tentam demove-la. Mas é neste momento, que percebemos o quão frágil é esta família (aparentemente perfeita, e com todos os problemas resolvidos), pois são revelados uma série de segredos familiares que demonstram as “imperfeições” da mesma.

A partida…

Blackbird apresenta um elenco repleto de estrelas. O filme depende muito da força dos seus atores para transmitir a carga emocional pretendida, principalmente com o tema abordado. No entanto, nem todos conseguem o fazer ou estar ao nível de Susan Sarandon ou Mia Wasikowska, apresentando-se como as melhores interpretações desta longa-metragem.
A narrativa e a sua evolução possuem alguns problemas, apresentando uma reflexão tardia (apenas nos últimos minutos da longa-metragem), sendo um indicativo da gestão incorreta do tempo. Pois alguns elementos, que ajudam no desenvolvimento de personagens e no desenrolar da estória, são introduzidos numa fase muito avançada, o que nada acrescenta à tensão vivida no momento. Para além disto, a estória é simples e nada original.
A banda sonora parece, em grande parte do filme, genérica e sem inspiração, apresentando em alguns momentos apenas a emoção necessária. No entanto, é fulcral na cena do jantar do Natal, pois juntamente com alguns planos/cenários, torna esse momento único, e o reflexo de todo o filme, e acaba por ser o resumo deste drama. A cinematografia desta longa-metragem, é excelente, principalmente os visuais e as paisagens apresentadas que são cristalinas e refletem, de forma simples, a beleza e a tragédia da vida e da morte.
Em suma, não é um filme original e certamente não é perfeito, no entanto possui uma estória que nos faz lembrar a importância da celebração da vida, do amor e da família, ao invés da tristeza da morte e do sentimento de perda. É um drama que nos remete a certas reflexões e que certamente vai deixar uma carga emocional no espectador.

Partilhamos, convosco o trailer deste drama, com um tema muito sensível…

6.0
Score

Pros

  • Interpretação de Susan Sarandon e Mia Wasikowska
  • Boa cinematografia
  • Tema interessante

Cons

  • Narrativa
  • Banda sonora (acrescenta algo ao filme apenas em uma cena)
  • Interpretação de alguns atores fica abaixo das expetativas

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