O diretor Gints Zilbadolis, mais conhecido pela autoria de algumas curtas-metragens (tais como, Aqua – 2012, Priorities – 2014, Followers – 2014, Inaudible – 2015 e Oasis – 2017), decide desta vez nos presentear com uma nova animação, de nome Away (vencedor de alguns premios na indústria cinematográfica). Apesar de se tratar de uma longa-metragem, Gints Zilbadolis, enverga pelo mesmo método utilizado nos filmes anteriores, isto é, “one show man” no toca a parte técnica, em que se apresenta como diretor, escritor da história, cinematógrafo, editor, produtor de arte e ainda compositor da sonografia, tendo apenas a produtora letã Bilibaba.

A Jornada…

Esta animação, é narrada em quatro capítulos que ajudam a desenvolver a estória da personagem principal, que conta a jornada de um jovem rapaz que faz de tudo para voltar para casa. Apesar de nos envolver num ambiente repleto de sons, durantes todos os 75 minutos de filme, este não apresenta qualquer diálogo.
Esta aventura inicia com o jovem preso a uma árvore pelo seu paraquedas e sem perceber onde está. Quando se tenta soltar, aparece uma criatura estranha à sua frente, que o deixa apavorado e sem saber o que fazer, o protagonista foge até encontrar uma gruta (pela qual a criatura não passa).

Devido ao medo que a criatura impõe no jovem, este decide viver durante algum tempo na sua “nova casa” e onde acaba por fazer um novo amigo. Nesta caverna, existem árvores de fruta e água, que lhe permite se alimentar e assim sobreviver, no entanto, ele quer sair de lá, mas a criatura mantém-se à espreita impossibilitando-lhe a saída. Até que um dia, a nossa personagem encontra algo que o motiva e o encoraja sair dali a todo o custo. A partir do mapa que encontra, ele visualiza o percurso que terá fazer até chegar ao seu destino, com a ajuda de uma mota consegue escapar e iniciar a jornada com o seu amigo.
Ambos passam por algumas aventuras, enquanto fogem da criatura, que continua a persegui-los, como se de um presságio (ou de forma metafórica: um sentimento) se tratasse. Durante a viagem os dois amigos tentam eliminar a criatura, contudo tal revela-se uma tarefa árdua.

No decorrer desta aventura, somos acompanhados por uma sonografia magnífica e cenários fantásticos. Durante a mesma, conhecemos novas personagens, que dão força, motivação, encorajamento, alegria e esperança ao protagonista para chegar ao seu destino. Simultaneamente, estas juntamente com as passagens e com os marcos da jornada, dão-nos a sensação que personificam o estado de espírito do jovem.

A Viagem…

Esta longa-metragem, apresenta-nos uma estória com uma premissa simples, mas bastante interessante. Ao longo dos 75 minutos do filme, o que mais se destaca é a banda sonora (que nos acompanha), que torna toda a aventura envolvente única. É também de realçar, os cenários e capacidade artística dos mesmos, criados apenas pelo diretor Gints Zilbadolis.
No entanto, apesar de se tratar de uma narrativa simples, o tempo de filme é desadequado, podendo ser facilmente convertido numa curta-metragem (que poderia, potencialmente, garantir uma melhor experiência). Devido ao tempo de filme, o ritmo do enredo é muito desajustado, sendo muito lento na maioria dos capítulos (apenas adequado num único capítulo), tornado o desenvolvimento por vezes confuso.
O desenlace da estória, é deixada à imaginação e interpretação de cada expectador, sendo que cada um poderá experienciar o filme de forma diferente e obter analogias das personagens, passagens e marcos da jornada distintos. No entanto, existem elementos que são demasiado ambíguos, o que torna difícil a sua compreensão (como por exemplo, a motivação/objetivo da criatura).
Em alguns momentos, devido à iluminação, e tipo de animação, pode ser confuso e de difícil percepção, o que está a acontecer no horizonte.
De forma geral, principalmente devido, a algumas incertezas no desenvolvimento das personagens e avanço descompassado da estória, acabam por tirar um pouco da magia e envolvência do expectador nesta aventura animada.

Partilhamos, convosco uma pequena amostra desta viagem…

6.0
Score

Pros

  • Banda Sonora (sonografia), elemento fulcral no desenlace da estória
  • Cenários, direção artística (principalmente quando representam a noite)
  • Simplicidade da premissa

Cons

  • Duração do filme (poderia ser contado numa curta-metragem)
  • Ritmo do desenvolvimento da estória
  • Personagem principal com pouco desenvolvimento
  • Criatura demasiado ambígua

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